Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XV CONGRESSO ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Tamanho da fonte: 
RELAÇÃO PROFESSORA-ALUNA EM UMA ACADEMIA PARA MULHERES: AS INFLUÊNCIAS DA PERSONALIZAÇÃO
Camila Rissari Correia, Ivan Marcelo Gomes

Última alteração: 2018-09-04

Resumo


O estudo resulta de uma pesquisa de Mestrado que teve como principal objetivo compreender o corpo a partir das frequentadoras de uma academia exclusiva para mulheres do município de Vitória/ES. Neste trabalho nos concentramos em analisar a relação professora-aluna vinculada a uma dinâmica cotidiana e metodologia específica que caracterizam este espaço. A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada na academia para mulheres Contours. Utilizou o estudo de caso, considerado representativo de um conjunto de casos comparáveis (SEVERINO, 2007). O instrumento para a produção dos dados foi realizado através da entrevista semi-estruturada focalizada. A escolha das entrevistadas se fundou com o critério de permanência mínima de seis meses, além da disponibilidade para a entrevista. Onze alunas foram entrevistadas. Além das entrevistas, foram realizadas observações e o registro em diário de campo, por um período de seis meses. Para a análise dos dados coletados nas entrevistas, adotamos elementos da análise de conteúdos de Bardin (2009). Identificamos que a relação entre as professoras e alunas se assemelha a uma relação de consumo de “produto personalizado” e o consumo de “conselheiros”. Sobre a primeira, constatamos que a presença de equipamentos e treinamentos específicos para mulheres, além de um atendimento personalizado oferecido pela equipe da academia, intervém na relação das alunas com as professoras. Isto é, as alunas veem as professoras como mais um produto que elas podem consumir e ter apoio para o alcance dos seus objetivos e anseios. Esses atrativos “personalizados” oferecidos pela academia buscam ampliar a satisfação de suas alunas, planejando aulas e contratando profissionais que correspondam ao gosto e preferência das mesmas. Nessa perspectiva, para que aconteça a satisfação das exigências do público em questão, há a diversificação cada vez mais vasta de bens e serviços. Nessa direção, Lipovetsky (1983) argumenta que a personalização dos espaços, prolifera a sedução dos consumidores e essa sedução opera em função das motivações individuais, de uma vida flexível cheia de opções. No que se refere ao consumo de “conselheiros”, identificamos a necessidade de uma escuta atenta por parte das professoras em relação aos dilemas e “problemas femininos”, como a Tensão Pré-Menstrual, por exemplo. Essa escuta indica um desempenho das professoras que vai além da prescrição de exercícios. É atribuído a essas profissionais o importante papel de “psicólogas”, ou seja, quando as alunas possuem algum obstáculo, algum tipo de dificuldade ligado, principalmente, ao plano emocional, as professoras as recepcionam de uma forma mais positiva e “sensível”. Pereira (2009) considera, atualmente, os denominados personal trainers como profissionais que também desenvolvem processos de exame pessoal e de confissão contemporâneos, na relação estabelecida com seu aluno/cliente. Os indivíduos que desejam um treino individualizado, aconselhamento técnico ou apoio emocional para os seus programas de exercícios podem contratar treinadores pessoais, da mesma forma como podem contratar advogados, entre outros. Nessa perspectiva, pode-se aproximar o papel de “conselheiros” do personal trainer com a “sensibilidade” em recepcionar as falas (queixas, dúvidas, etc) das mulheres pelas professoras da Contours. Desta forma, uma das qualidades apontadas para as professoras é a capacidade de ser um “bom ouvinte”, não só para ouvir as necessidades das alunas face aos cuidados do corpo, mas até mesmo para ouvir confidências que revelem as suas fraquezas frente a esses mesmos cuidados.

Palavras-chave


Mulher; Consumo; Academias de Ginástica

Texto completo: PDF