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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
CLAUDIO ROBERTO DE JESUS PEREIRA, RAFAELA GOMES DOS SANTOS

Última alteração: 2018-09-04

Resumo


Os estereótipos de gêneros delimitam papéis na sociedade que cerceiam possibilidades e influenciam nas dinâmicas das competências. A sociedade cria expectativa sobre os gêneros, desde a mais tenra infância, o que pode limitar as aspirações futuras de homens e mulheres. A Educação Física é um local privilegiado de discussões acerca do tema gênero, uma vez que se utiliza das expressões corporais para viabilizar conhecimentos da cultura do movimento humano. O presente estudo tem como objetivo relatar a experiência de Estágio Supervisionado do curso de licenciatura em Educação Física desenvolvido sobre a temática “Relações de gênero na prática esportiva”. O presente estudo é do tipo qualitativo, caracterizado como relato de experiência de intervenção, realizada no decurso da regência do Estágio. As Estratégias do Plano de Ensino foram: discutir questões de gênero a partir do tema mulheres nos esportes, principalmente naqueles praticados comumente por apenas um dos sexos. Foi discutido a questão das mulheres sendo estigmatizadas nos esportes como “musas”. Assim, foi feita uma apresentação através de imagens sobre a participação esportiva de homens e mulheres. Apresentou-se um vídeo sobre a marcha atlética masculina e posteriormente houve uma discussão acerca daquela modalidade sendo praticada entre os alunos. Os rapazes se mostraram um pouco avessos, pois sua prática simularia um rebolado. Discutiu-se sobre como o esporte poderia interferir nas masculinidades/feminilidades, além da ideia de cerceamento de possibilidades. Apresentou-se fotografias com a prática esportiva de homens e mulheres, enfatizando os trajes utilizados pelos mesmos, ensejando discutir acerca dos trajes esportivos e o porquê dos trajes femininos serem diminutos se comparados aos masculinos. Os gêneros se inscrevem culturalmente em determinado contexto, recebendo marcas desta cultura, compostas por relações sociais. As identidades sociais buscam a integração e o pertencimento a determinado grupo social de referência (LOURO, 2007). A naturalização da cultura é um processo histórico sob o qual se tenta legitimar discriminações, determinações de papéis na sociedade, principalmente com intuito de se exercer a dominação, neste aspecto, sobrepujança de homens às mulheres (GOELLNER, 2008). O sexismo é evidenciado no âmbito escolar, o qual contribui para a aceitação como fato natural (DELAMONT, 1985). Entretanto, espera-se que as instituições escolares combatam preconceitos, o que se apresenta como um paradoxo, visto que, no que concerne ao gênero e a sexualidade, a escola é reprodutora de heteronormalidades. O contraponto está no fato que não há um determinismo nem no nível cultural, porque as relações de alteridade envolvidas nas construções identidades são contribuintes para as significações (AVILA; TONELI; ANDALÓ, 2011). A Educação Física escolar já apareceu com ideais deterministas, trazendo em sua metodologia de ensino o aprimoramento das capacidades físicas e suscitando que meninos e meninas detinham estas capacidades diferenciadas e, portanto, deveriam ser separados nas aulas (SOARES, 1994). A Educação Física, se por um lado é privilegiada por poder conter, por outro historicamente tipificou as atividades sob as quais meninos e meninas estavam submetidos, reforçando não somente a fragilização do feminino, mas também exacerbando o estereótipo masculino de virilidade (PEREIRA et al., 2015). A escola encontra-se em posição privilegiada no processo de socialização, pois possui sistemas e métodos capazes de formar opiniões e contribuir na construção de identidades, portanto, entende-se que no Estágio Supervisionado foi fulcral tratar de um assunto relevante para a sociedade como um todo. Salienta-se a influência destas questões na criação de estereótipos que cerceiam direitos e deveres, principalmente às mulheres, para que se possibilitem o protagonismo de suas próprias vidas. É possível afirmar que o Estágio se mostrou como uma experiência ímpar, trazendo vários conhecimentos que não poderiam ser adquiridos apenas com a leitura da literatura acadêmica, sendo assim indispensável para a formação do futuro professor.

Palavras-chave


Gênero; Esporte; Educação Física.

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