Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XV CONGRESSO ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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O FUNK NO ENSINO MÉDIO: ENTRE OS DESAFIOS E AS POSSIBILIDADES
Tainara Rola Fiorotti, Ronildo Stieg

Última alteração: 2018-08-28

Resumo


Considerando os diferentes conteúdos que compõe a Educação Física escolar, identificamos que cada um deles tem se tornado objeto de estudos no campo acadêmico da área. Em específico ao conteúdo dança, identificamos que há uma ampla discussão sobre do tema dentro das aulas de Educação Física, sobretudo quando ela cria possibilidades para desenvolver investigações a partir de problemas culturais e apresentar soluções para intervir com os sujeitos por meio das suas expressões com o corpo através do dançar. Por esse motivo, nos debruçamos sobre o ritmo cultural funk (MEDEIROS, 2006) em razão de alguns preconceitos que frequentemente são atrelados a ele. Assim, desenvolvemos essa pesquisa-ação com 18 adolescentes do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola Estadual, localizada no município de Cariacica - Espírito Santo. O objetivo foi investigar se o ensino do funk se fazia presente nesse contexto, o que os alunos pensam sobre essa manifestação cultural e propor uma sequência pedagógica sobre o ritmo, no sentindo de desmitificar alguns temas que o transversalizam, bem como seus limites e possibilidades na disciplina de Educação Física. De natureza qualitativa do tipo exploratória, assume a pesquisa-ação (BARBIER, 2002) como procedimento metodológico. Após observações de duas aulas, elaboramos um plano de ação tematizando o ensino do funk, constituído de sete intervenções: 1ª dinâmicas de perguntas para diagnosticar os interesses dos alunos; 2ª voltada para a história do funk, apresentação de um vídeo e produção de um relatório dos alunos; 3ª ensino do passinho; 4ª e 5ª debates de dois textos sobre a realidade de jovens mcs na relação com o trabalho infantil; 6ª eles apresentaram músicas de funk do seu cotidiano seguido de análise e discussão do conteúdo textual; 7ª apresentação final de tudo o que foi discutido e produzido no decorrer do plano de ação. Essas intervenções aconteceram duas vezes por semana nos meses de outubro e novembro de 2017. Para analisar o impacto das aulas e os sentidos que os alunos atribuíram ao tema proposto, aplicamos um questionário. Dentre os questionamentos constava se eles já haviam vivenciado o funk antes daquela experiência. Nesse quesito dez alunos responderam que sim e oito disseram que não. Reconhecemos que o contato com esse ritmo em ambiente não escolar era comum pois, observamos que eles sempre estavam escutando músicas desse gênero o que refletia também nas falas e no comportamento deles. Quando questionados se já haviam tido contato com a dança no ensino médio, dez relataram ter tido alguma experiência, quatro responderam ter tido pouco vivência, dois relataram um contato razoável e outros dois afirmaram não ter tido nenhum contato. Sobre essa experiência que eles já possuem com a dança, a maioria tinha frequentado aulas de forró, ou escolas de balé clássico e nunca necessariamente o funk em específico. Após a experiência com o funk, os alunos expressaram interesse em aprender outros ritmos, como: Balé, Dança Clássica, Forró, Hip hop, Pop, Rap e Samba.
Visto que pesquisas que também experiênciaram elementos da dança na Educação Física escolar e indicam a necessidade de ampliação e aprofundamento das discussões que indiquem um caminho para que a dança realmente se efetive no âmbito escolar (KLEINUBING; SARAIVA, 2009), compreendemos que os resultados evidenciados nesse estudo reforçam a importância da Educação Física e do papel da pesquisa na vida do professor, uma vez que mapeado o contexto de vida desses adolescentes juntamente com os conhecimentos advindos da formação inicial, conseguimos perceber a possibilidade de trabalhar o funk já presente no cotidiano deles e sistematiza-lo como conteúdo de ensino da Educação Física escolar.

Palavras-chave


Educação física escolar; Ensino do funk; Pesquisa-ação.

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