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CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E AUTISMO
Última alteração: 2018-08-31
Resumo
Trata-se de uma pesquisa teórica que se configura como base da produção de uma dissertação de Mestrado em Educação Física em andamento com objetivo de analisar as contribuições da abordagem Histórico cultural na perspectiva de Vygotsky para o processo de inclusão social de pessoas com deficiência intelectual e autismo. O estudo fundamenta-se essencialmente nas abordagens de Bakhtin e Vygotsky sobre a interação social e a linguagem no processo de desenvolvimento humano. A abordagem histórico cultural nos fornece subsídios para compreender a relevância das relações entre os sujeitos e o mundo, pois privilegia as interações sociais para o desenvolvimento do indivíduo. Lev Semenovich Vygotsky foi o grande idealizador desta abordagem, partindo do pressuposto de que o conhecimento é construído nas interações que o sujeito estabelece como seu meio sociocultural e analisando os processos que permitem que o ser humano se aproprie de sua cultura ao mesmo tempo em que a produz. Nessa direção, não são apenas os aspectos biológicos responsáveis pelo desenvolvimento dos seres humanos. Essa compreensão nos permite enxergar potencial de desenvolvimento em indivíduos cuja estrutura biológica não atende aos padrões normativos da sociedade. Nessa lógica, a deficiência não se apresenta como um fator limitador do desenvolvimento, mas a privação de experiências sociais e culturais, sim. E partindo da premissa de que o desenvolvimento humano só é possível através das relações sociais com o outro e com o mundo, e que essas somente acontecem com a mediação da linguagem, também buscamos compreender de que forma a multidimensionalidade da linguagem, sob a ótica de Vygotsky e Bakhtin, poderia oferecer subsídios para o desenvolvimento humano e inclusão social desses sujeitos. O princípio da origem social das funções psíquicas (VYGOTSKY, 1991; LEONTIEV, 1978), pressuposto básico da corrente Histórico-Cultural, contrapõe-se às diferentes versões do biologismo. Ela defende a natureza social-cultural do homem, de forma que seu desenvolvimento depende da apropriação (Leontiev)/internalização (Vygotsky) das características e da produção cultural humana. Consequentemente, o ser humano é uma produção social. “Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem primeiro no nível social, entre pessoas (interpsicológica), e depois no plano individual, no interior do sujeito (intrapsicológica)” (VYGOTSKY, 1991, p. 64). Essa teoria defende a existência de um processo de (re)constituição, no nível individual, de funções advindas do nível social. Isso é o que chamamos de internalização (VIGOTSKI, 2001). Essa capacidade de internalizar nos humaniza, permite que o sujeito saia de sua condição primitiva para se apropriar de conceitos concretos e abstratos especialmente humanos. É necessário então pensar métodos de assimilação dos conceitos que valorizem as especificidades de cada aluno, incluindo as dos alunos com deficiência. Nessa direção, Bakhtin (1999) aponta que o que as pessoas são ou virão a ser depende de uma continuidade de rupturas, apropriações e transformações que ocorrem no desenvolvimento e interação com os outros que produzem discursos também fazem parte de nossa linguagem, nosso pensamento, comportamentos e ações, evidenciando a linguagem como um indicador do desenvolvimento. Somos, portanto, frutos do que internalizamos do outro, do que recebemos, refletimos, aceitamos ou rejeitamos. Assim, o desenvolvimento da pessoa com deficiência, não está somente ligado a mecanismos biológicos, ou seja, com estímulos culturais adequados e adquiridos no coletivo, é possível compensar a “falha” orgânica (VYGOTSKY, 1997). Conviver em grupo com sujeitos de diversos níveis intelectuais constitui, um processo essencial para o desenvolvimento de pessoas com deficiência intelectual, principalmente no campo da interação. Portanto, é preciso superar as doutrinas formalistas de linguagem, oferecendo a possibilidade de interpretação e expressão através de maneiras distintas de linguagem. Que considerem as produções de linguagem já desenvolvidas por esses sujeitos, e amplie suas possibilidades de expressão.
Palavras-chave
linguagem; inclusão; deficiência intelectual; autismo
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