Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XV CONGRESSO ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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O PARKOUR COMO CONTEÚDO DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I
Marciel Barcelos Lano, Daniel Melo Kinupes, Elaine Mara Peterli, Gabriel Dominicini Zorzal, Edgard Junio Merscher, Karoliny Vitória Moreira da Silva

Última alteração: 2018-09-12

Resumo


Nos últimos anos temos visto diferentes conteúdos serem inseridos no cotidiano das aulas de educação física nas diferentes etapas da educação básica. A título de exemplo, citamos o Circo (RETZ, 2015; DUPRAT, 2004), Slackline (PEREIRA, 2013) e a Escalada (SOUZA; SILVA, 2013). Essas pesquisas apresentam possibilidades de inserção dessas práticas corporais no cotidiano escolar.
A partir dessa questão e das leituras que realizamos dos estudos de Corsaro (2011) que nos ensina sobre as produções culturas entre as crianças em suas brincadeiras entre pares, e os estudos de Santos et al. (2014) que sinalizam a necessidade de conferir protagonismo para as crianças em seu processo de formação é que realizamos uma incursão sobre aquilo que poderia ser ensinado nas aulas de educação física que pudessem ser apropriado (CERTEAU, 1994) e usados nos espaços de socialização infantil para além da escola (praças, parques, igreja, rua e etc.).
Desse modo, nosso objetivo foi compreender a potencialidade do Le Parkour como conteúdo de ensino da educação física no ensino fundamental I. A objetividade em tematizar essa prática foi estabelecer uma conexão com as necessidades das crianças, bem como o ensino de uma prática que assume o corpo como brinquedo possibilitando sua ressignificação em diferentes contextos.
Assumimos como método de pesquisa a etnografia educacional (OLIVEIRA, 2013), que possibilita uma forma compreender os acontecimentos cotidianos da escola a partir daquilo que se passa no dia a dia do fazer dos professores. Os sujeitos da pesquisa foram as crianças do 3º ano matutino do Ensino Fundamental I da UMEF “Prof. Emília do Espírito Santo Carneiro” situada no bairro Vale Encantado – Vila Velha/ES. A turma era composta por 23 crianças (13 meninos e 10 meninas) com idade entre 8 e 9 anos. As aulas com o conteúdo Le Parkour ocorreram entre os meses de Maio e Junho contabilizando 10 intervenções.
Utilizamos como instrumentos de coleta de dados: o diário de campo, as narrativas das crianças e professor, registros imagéticos (fotos, filmagens) e registros iconográficos (desenhos e pinturas). Para análise dos dados nós apoiamos nos estudos do cotidiano (CERTEAU, 1994) e na temporalidade narrativa de Ricouer (1994) para compreendermos os sentidos contidos nas narrativas e nas práticas do professor e das crianças.
Após a categorização dos dados foi possível perceber dois pontos de análise, um centrado no professor (desafios metodológicos para a construção da prática) e o outro focalizando na criança (sentidos produzidos sobre o aprendizado no le Parkour). Na primeira categoria destacamos as dificuldades do professor em organizar a aula, pois os desafios encontrados era de promover o aprendizado do conteúdo sem desfocar da segurança das crianças, uma vez que o professor assumia a organização por filas como fator despontencializante do processo de ensino-aprendizagem.
Na segunda categoria, destacamos a importância que as crianças deram ao ensino de um conteúdo que eles não haviam aprendido no ano anterior. Desse modo, as narrativas e desenhos evidenciaram a apropriação de um conteúdo que poderia ser utilizado em diferentes espaços de socialização infantil, além de possibilitar a elas uma compreensão de que esse conteúdo estabelece uma lógica diferente daqueles que já haviam sido aprendidos.
Destacamos que ao trabalhar com o Parkour o professor ampliou o capital cultural das crianças para além das práticas historicamente vivenciadas na escola. Nesse sentido, a potência está em perceber os usos que as crianças realizaram com aquilo que aprenderam na escola nos espaços de socialização infantil.

Palavras-chave


Educação física; Ensino fundamental I; Parkour

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