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Para a construção do trabalho, nos fundamentamos na concepção pós-estruturalista de Foucault, reconhecendo gênero como categoria analítica para abordar o currículo e formação inicial de professores em Educação Física. O estudo emerge do desejo de investigar como o currículo do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo contribuiu ou não para a formação de seus alunos e alunas. Analisando se sua prática pedagógica leva em consideração as questões de gênero que estão presentes no cotidiano das escolas, bem como a composição de um dos currículos mais recentes do curso. Partindo da afirmativa de Silva (1999, p. 16), que entende que o currículo é também uma questão de poder e que as teorias do currículo estão ativamente envolvidas na atividade de garantir o consenso, de obter hegemonia, queremos descobrir quais os interesses que formularam a construção dos atuais currículos, bem como os conhecimentos que foram selecionados em detrimento de outros e também, pensar que esse documento pretende formar a pratica pedagógica dos alunos/as durante o curso de graduação e conformando uma futura inserção profissional. Consideraremos as contribuições das teorias tradicionais, críticas e pós-críticas para ilustrar suas preocupações e as ideias de esses modelos curriculares perspectivam, contudo essa pesquisa dialogará com mais assiduidade com as teorias pós-críticas, visto que “as teorizações pós-estruturalistas e pós-modernas dominam as análises, desestruturando uma série de certezas e valores aceitos e difundidos pelos pesquisadores críticos” (SILVA, et al., 1994, p. 9). Além do mais, a teorização pós-critica de currículo se preocupa com categorias que perpassam e constituem o atual trabalho, são elas: [...] cultura, identidade, subjetividade, raça, gênero, sexualidade, discurso, linguagem (MOREIRA et al., 2011, p. 8). Além disso, gênero, assim como entendido aqui, está presente nos documentos que regem a nossa prática como, por exemplo, nos Parâmetros Curriculares da Educação Física (BRASIL, 1997), onde aparece como critério para avaliação da Educação Física no primeiro ciclo, perspectivando que a criança deva interagir com seus colegas sem estigmatizar ou discriminar por razões físicas, sociais, culturais ou de gênero (BRASIL, 1997, p. 49). O trabalho de conclusão de curso tem por objetivo mapear onde e como gênero está incluso no currículo de licenciatura em Educação Física do CEFD-UFES, analisando a compreensão dos/das discentes e professores e professoras do curso sobre a temática. A pesquisa (em andamento) tem como estratégias metodológicas revisões de literatura, questionário semiestruturado aos discentes e entrevistas semiestruturadas aos docentes que tenham ministrado a temática de gênero no curso ou aproximação com o tema. Por uma questão de método, delimitamos também quais alunos e alunas serão entrevistados e optamos por discentes matriculados no currículo de 2014, que é o documento investigado nessa pesquisa, e a turma escolhida foi a ingressa no segundo semestre do ano que este currículo entrou em vigor. Além disso, a turma já se encontra em fase de conclusão do curso e já fizeram as disciplinas de ATIF Experiências de Ensino Em Temáticas Transversais e Oficina de Docência em Temáticas Transversais. A pesquisa ganha relevância, por estar sendo feita por uma aluna que foi submetida em seu processo de formação a esse currículo e que teve a sensação que de era necessário que durante as aulas se dedicasse mais tempo para o estudo de um tema emergente na contemporaneidade, sobretudo com o avanço de políticas de retrocesso e de perda de direitos. Assim, buscamos apontar algumas deficiências no currículo, perspectivando influenciar problematizações a respeito do documento no sentido de potencializa-lo, oferecendo cada vez mais uma formação humana e crítica que nos dê condição de enfrentamento às adversidades e diminuição das desigualdades.

Educação Física; Gênero; Currículo; Formação Inicial; Licenciatura.