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A LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO SOCIAL: UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DO HIP HOP PARA JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E AUTISMO
Ingrid Rosa Carvalho

Última alteração: 2018-09-11

Resumo


A condição de juventude e/ou fase adulta das pessoas com deficiência intelectual e autismo, em geral, é uma etapa da vida social quase sempre é negada para esse público. Recorrentemente identificamos ações discriminatórias e infantilizadas direcionadas a esse público, mesmo quando essas pessoas já atingiram a fase juvenil e/ou adulta, uma sociedade descrente das reais potencialidades e possibilidades deles. Esse cenário gera barreiras para que esses indivíduos possam ter acesso às criações culturais, ocasionando dificuldades para se tornarem protagonistas de suas vidas cotidianas (SAWAIA, 2001). Um dos grandes fatores desencadeadores dessa situação se encontra na forma peculiar com que esses indivíduos se utilizam da linguagem para interagir socialmente, visto que muitos não se expressam por meio da oralidade socialmente instituída. Outro aspecto a se ressaltar é que a não compreensão social das formas peculiares com que esses indivíduos se comunicam (seja ela oral ou verbal), caracteriza um dos fatores que dificultam seu processo de inclusão, visto que muitos não se expressam por meio da oralidade socialmente instituída. Segundo Bakhtin (1999) e Vygotsky (2007), é por meio da linguagem que os indivíduos têm acesso à cultura, elemento determinante para o desenvolvimento humano. Assim, buscamos neste estudo compreender e analisar as diversas manifestações de linguagem produzidas ao longo de uma experiência de ensino do hip hop e seus desdobramentos para o reconhecimento juvenil de jovens e adultos com deficiência intelectual e autismo, participantes de um projeto de extensão “Prática Pedagógica de Educação Física, esporte e lazer para as pessoas com deficiência”, realizado pelo Laboratório de Educação Física Adaptada do Centro de Educação. A pesquisa em tela emergiu a partir da demanda advinda com esse público, momento em que constatamos que, para além da necessidade de reconhecimento social sobre a sua condição juvenil e/ou adulta, havia um desafio maior, no sentido da superação das dificuldades existentes na comunicação entre os envolvidos. Para tanto, organizou-se uma pesquisa fundamentada nos princípios teórico-metodológicos da pesquisa-ação existencial de René Barbier (2002), no período de março a dezembro de 2017, com 20 jovens e adultos com deficiência intelectual e autismo de idades que variam entre quinze e cinquenta anos de ambos os sexos. Para a coleta de dados foram utilizados registros audiovisuais (filmagens e fotografias das aulas) e de diário de campo. Os dados foram organizados e categorizados a partir da análise de conteúdos (BARDIN, 1977). Através da leitura dos dados percebemos que o hip hop, como ferramenta de mediação, fomentou a compreensão sobre as diversas formas e possibilidades de linguagem produzidas no/com o grupo de modo crítico e criativo, considerando as potencialidades, o protagonismo e o reconhecimento da condição juvenil e/ou adulta dos participantes do projeto. Isso se evidenciou na ampliação tanto nas formas de compreensão, quanto de manifestação da linguagem desses sujeitos, apontando-nos a importância de reconhecê-los como jovens e adultos que expõem suas escolhas e atitudes. O hip hop permitiu ocuparem papéis diversos dentro dessa manifestação, apresentando suas capacidades de criar e buscando a autonomia corporal e social (DAYRELL, 2003), proporcionou momentos de reconhecimento social e de produção de linguagem, contribuindo com a redução no hiato na interlocução com demais sujeitos sociais.

Palavras-chave


Educação Física. Linguagens. Hip hop. Juventude. Inclusão

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