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EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO: O PROFESSOR COMO MEDIADOR NA EXPERIÊNCIA DE BRINCAR DA CRIANÇA COM AUTISMO
Última alteração: 2018-08-28
Resumo
A discussão em torno do tema do autismo é complexa e, quando pensamos a ação docente com esses alunos, a complexidade torna-se ainda mais intensa, pois envolve múltiplos saberes, dentre eles, na experiência da educação infantil, o brincar (CHICON et al., 2016; CHIOTE, 2011; OLIVEIRA; VICTOR; CHICON, 2016). Para Vigotski (1997), as características apresentadas pelos sujeitos com deficiência são causadas para além dos aspectos biológicos, também, por uma insuficiência no desenvolvimento cultural, reafirmando o componente social como determinante no processo de desenvolvimento de indivíduos com alguma deficiência, podendo favorecer ou empobrecer esse funcionamento, de acordo com as experiências que lhes são proporcionadas. Nesse contexto, duas questões nos incomodavam em relação ao trabalho didático-pedagógico envolvendo crianças com autismo nas situações de brincadeiras: como a ação mediadora do professor pode favorecer o desenvolvimento do brincar de crianças com autismo? Como a ação mediadora do professor pode promover a interação da criança com autismo com outras crianças na brincadeira? Diante dessas questões, este trabalho tem como objetivo analisar as possibilidades e formas de mediação pedagógica, desenvolvidas pelo professor nos processos de aproximação da criança com autismo com os seus pares na brincadeira. Trata-se de um estudo de caso (LUDKE; ANDRÉ, 2013) realizado em uma brinquedoteca universitária e em outros espaços lúdicos utilizados como extensão da mesma (CUNHA, 2004). No estudo participaram 17 crianças de ambos os sexos, com idades de três a seis anos — dez com desenvolvimento típico, seis com autismo e uma com síndrome de Down, acompanhados por 13 estagiários (professores/brinquedistas). Desse grupo, elegemos como sujeitos foco, uma professora/brinquedista e uma das crianças com diagnóstico de autismo - Maicon. Na análise, encontramos diferentes episódios de brincadeiras em que a professora/brinquedista buscava incentivar a criança para realizar alguma brincadeira, porém, Maicon não permanecia por mais de um minuto na brincadeira e logo se afastava para ficar correndo em círculos. As crianças não buscavam por ele e nem ele por elas. A falta de interesse de Maicon pelos brinquedos e brincadeiras fazia com que ele fosse objeto de muito cuidado, por receio, inclusive, de ele se machucar, limitando as possibilidades de ação dele no espaço. O esforço do professor estava em ampliar as experiências da criança com autismo nos tempos e espaços da brinquedoteca e fazer com que ele vivenciasse a coletividade. Na análise, enfocamos uma situação de brincadeira no gira-gira que revelou um momento favorável para que Maicon estabelecesse as primeiras aproximações com seus parceiros, de forma similar ao observado para as crianças com desenvolvimento típico. De acordo com Souza e Batista (2008), o contato mais próximo com os colegas pode contribuir para os processos de construção e transformação de significados no desenvolvimento das crianças com autismo. Tomando como base o pressuposto de que a relação com o outro constitui o sujeito e potencializa o seu desenvolvimento (VIGOTSKI, 1997, 2009), reconhecemos a importância das interações no processo de constituição da criança com autismo e ressaltamos que isso não deve ser ignorado em nenhum momento. Além de um ambiente inclusivo, faz-se necessária a participação de dois ou mais profissionais atuando em parceria com a turma, promovendo encontros entre a criança e os demais colegas.
Palavras-chave
Educação Física Inclusiva; Mediação; Autismo.
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