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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E O USO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES IDOSAS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA COMUNITÁRIO DE ATIVIDADE FÍSICA
Última alteração: 2018-09-02
Resumo
O envelhecimento é um processo fisiológico gradual que leva ao declínio funcional progressivo no qual ocorrem mudanças fisiológicas, morfológicas e psicológicas que podem causar impactos na capacidade funcional e aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) (MALTA et al., 2017). É frequente que pessoas idosas tenham DCNTs, sejam tratadas por médicos de diferentes especialidades e utilizem múltiplas medicações concomitantemente, o que é denominado de polifarmácia (MORTAZAVI et al., 2016). Este quadro faz dos idosos susceptíveis aos efeitos adversos das drogas e interações medicamentosas. Neste sentido, é desejável que a população idosa alie terapias não farmacológicas para o aprimoramento da sua qualidade de vida como, por exemplo, a prática de atividade física regular o que pode diminuir o consumo de medicamentos. O objetivo do presente trabalho foi descrever o perfil de prática da atividade física e a utilização de medicamentos entre mulheres idosas frequentadoras do Programa de Orientação ao Exercício Físico (PROEF) da unidade de Jacaraípe, Serra-ES (Brasil). Nossa amostra foi composta por 54 mulheres com idade média de 68,3±6,1 anos as quais responderam a um questionário composto por perguntas fechadas (informações pessoais e sobre o consumo de medicamentos e a atividade física habitual ocupacional, esportiva e de lazer). Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFES (protocolo - 2.182.182). Nossos resultados demonstraram que a maioria das idosas praticavam apenas uma modalidade de atividade física sendo a ginástica a modalidade mais praticada (79,1%, n=43). Aproximadamente, 20% das idosas 20,3% (n=11) relatou ter pelo menos duas doenças. Quanto ao Índice de Massa Corporal a média da amostra foi de 26,2±3,1 kg/m2 (mínimo - 20,3 e máximo - 33,3). Apesar de fisicamente ativas, 53,7% das idosas (n=29) estava com sobrepeso/obesidade e fazia uso de medicamentos de forma contínua (79,6%, n=43), sendo que quanto maior idade, maior o consumo, a quantidade e a frequência de uso medicamentos. Os medicamentos mais prevalentes foram para a hipertensão arterial sistêmica - hidroclorotiazida (8,6%, n=10), atenolol (8,6%, n=10) e losartana (5,2%, n=6); e hipercolesterolemia (7,8%, n=9, sinvastatina). A prevalência de automedicação foi baixa (20%, n=10) e a maioria dos medicamentos era prescrita por médicos 78,2% (n=43). Dentre os médicos que mais prescreviam os medicamentos foram citados os cardiologistas 17% (n=9) e clínico geral 9,4% (n=5). O processo de envelhecimento aumenta a morbidade das pessoas. Nesse contexto, as DCNTs são doenças multifatoriais geralmente associadas à alimentação inadequada, a inatividade física e também a fatores de risco como a obesidade, a hipertensão arterial sistêmica, os altos níveis de glicemia, as dislipidemias, o consumo de álcool e o tabagismo. Evidências mostram que a prática de atividade física regular é uma ferramenta não farmacológica importante para a prevenção e tratamento de DCNTs. Já foi demonstrado que a prática de atividade física regular diminui o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, melhora as funções físicas e pode auxiliar na redução do uso de medicamentos. Assim, ressaltamos a importância de políticas públicas de promoção da saúde para a pessoa idosa que considerem a prática de atividade física. Nesse sentido, nossos resultados preliminares podem servir como ponto de partida para orientar a criação de programas de promoção e educação em saúde que tenham como objetivo o aumento dos níveis de atividade física e consequentemente a redução do uso de medicamentos durante o processo de envelhecimento.
Palavras-chave
Envelhecimento; Atividade Física; Medicamentos; Polifarmácia.
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