Tamanho da fonte: 

Este trabalho teve como objetivo apresentar e debater a experiência do estágio supervisionado na unidade do CAPSAD – Laranjeiras, onde foi possível observar o cotidiano do profissional de Educação Física e suas experiências, visando contribuir para a formação dos estudantes do Centro de Educação Física e Desportos – CEFD/UFES no campo da saúde mental, campo este que ainda é pouco explorado. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) representam a principal estratégia de reestruturação da saúde mental no Brasil, sendo este um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS), um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e humanizado. E para os usuários cujo principal problema é o consumo prejudicial de álcool e outras drogas, foram instituídos os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas - CAPSAD, no qual o foco do serviço visa não apenas o uso de drogas, mas o sujeito e seu sofrimento (BRASIL, 2004b). O CAPS através de sua estrutura, busca oferecer diversos recursos para o tratamento dos usuários, tendo como ferramenta a composição de suas equipes de trabalho com profissionais de diferentes áreas, além das tradicionais profissões da saúde (enfermeiros, médicos, psicólogos), sendo por exemplo: musicista, profissional de Educação Física, artista plástico, professor de dança e terapeuta ocupacional. Este estágio se justifica pela oportunidade de debater a relevância da inserção da área no campo da saúde na formação em Educação Física, considerando os limites e as possibilidades oferecidas por ela. A pesquisa foi qualitativa orientada pela Pesquisa Social (MINAYO, 2009), visto que a análise buscou compreender as necessidades do meio e as formas que o profissional de Educação Física aponta para contribuir neste espaço. Foram utilizados como recurso metodológico a composição de diários de campo e entrevistas informais. A partir das observações do campo e suas demandas, os diários de campo foram construídos focando sempre nas atividades exercidas pelo profissional de Educação Física e sua maneira de lidar com os usuários, suas práticas específicas e demais obrigações. Observou-se o desempenho de outras atividades realizadas pelo profissional de Educação Física que vão além de uma formação específica da profissão, como Atenção Diária, Matriciamento, Reuniões de Equipe e Reuniões Externar, dando assim o parecer de uma Educação Física ampliada. A superação de uma Educação Física restrita nos leva a concluir que a formação específica em nada atrapalha quanto a capacidade do profissional de exercer outras funções conforme a demanda do campo, desde que esse seja capaz de compreender as necessidades e objetivos propostos pelo modelo de atendimento, que é pautado não mais na doença do usuário, mas em sua história, sofrimento e em meios de como lidar com ele. Contudo, vale ressaltar ainda que, embora tenha sido possível reconhecer no profissional em questão o pleno entendimento e identificação sobre a área em destaque, pouco se discute sobre as possibilidades de atuação em campos de saúde mental por profissionais da Educação Física de um modo geral. A lacuna acadêmica na saúde mental no campo da Educação Física se torna cada vez mais ampla (MACHADO, GOMES, ROMERA, 2016; ABIB et al., 2010; ALVES; ARAÚJO, 2012; COLOVINI, 2010; MENEZES, 2010), à medida que a sua inserção no mercado de trabalho cresce e sua demanda se diversifica, evidenciando a necessidade de maior oportunidade de ofertas de disciplinas, congressos, oficinas e outras vivências, como esse estágio, que possam ampliar e diversificar o conhecimento sobre a área e fomentar discussões sobre o assunto.

Palavras-chave: Saúde Mental, Estágio Supervisionado, Educação Física.

Educação Física; Saúde Pública; Saúde Mental; Dependência Química; Estágio Supervisionado;