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FÉ FITNESS: AS IGREJAS EVANGÉLICAS E A OFERTA DE ATIVIDADES FÍSICAS ESPECIALIZADAS
Ana Carolina Capellini Rigoni, Victória Bastos Marotta Valente

Última alteração: 2018-09-07

Resumo


Em 2011 a equipe jornalística da BBC noticiava a expansão crescente do mercado evangélico no Brasil e no mundo e alertava para a falta de estudos sobre este mercado bilionário. Segundo a notícia , os cálculos de um professor de Ciências do Consumo apontavam para uma movimentação de 12 bilhões por ano em produtos e serviços cristãos, sendo que a maior parte deste valor era destinada principalmente aos evangélicos, que crescem em número e em importância econômica no país.
Dentre os elementos e segmentos que compõem este mercado, há, hoje, a oferta de atividades físicas especificamente voltadas ao público evangélico. Refiro-me às diversas academias de ginástica que têm cada vez mais aproveitado este novo nicho de mercado e ofertado diversas atividades sob a denominação de “gospel”. Que representam o que alguns autores, como Almeida (2010), por exemplo, chamam de “modernização” desta vertente religiosa, para crentes que desejam cuidar do corpo sem “ofender” à Deus.
O termo “fé fitness” utilizado para anunciar este projeto é o título de uma matéria que saiu no jornal “Gospel Prime: o cristão bem informado” . A matéria anuncia o empreendimento de mega igrejas norte-americanas, que estão construindo academias de ginástica de alto nível “para atrair novos membros do rebanho”.
Como afirmam Santos e Mandarino (2005), as igrejas parecem perceber a importância de orientar e organizar o tempo livre e as atividades dos fiéis para além de sua presença nos cultos. Nesta organização do tempo e das atividades, eles percebem que precisam introduzir a Igreja ao cotidiano dos jovens fora de casa, nos encontros coletivos, espaços sociais e, mais recentemente, na gestão de seus corpos em relação a saúde e a atividade física.
Dada a tensão entre a instituição religiosa e o “mercado do corpo” que disputam, conhecimentos e “verdades” entre si, para não arriscar perder fiéis para o mercado, as igrejas têm, cada vez mais, transformado as práticas antes proibidas em práticas aconselháveis, desde que “filtradas” pela própria igreja (atribuindo sentidos menos mundanos).
Estes debates sobre o tema aparecem em discussões promovidas na e pela internet. Muitos são os sites, blogs e páginas na rede que servem de espaço para estas disputas. As perguntas que mais aparecem são: “o cristão pode fazer musculação? Os evangélicos podem ir para a academia? Em meio a estas questões principais, outras são levantadas para aquecer o debate. Elas envolvem temas como vaidade, idolatria corporal, o corpo como sede do Espírito Santo, Deus e os cuidados com a saúde, entre outros. Partindo deste cenário, o que interessa neste projeto, é a compreensão sobre os modos como estes debates e disputas estão sendo produzidos na internet.
Nosso objetivo é analisar as concepções e posicionamentos dos evangélicos que defendem e daqueles que atacam as ofertas de atividade física para os fiéis, bem como os significados por eles produzidos em seus discursos. Em outras palavras, o que interessa é justamente o debate produzido pelos evangélicos no campo. O material empírico que será utilizado como base para as análises será coletado na internet. A técnica metodológica utilizada corresponde, ao que Flick (2009) denomina de “análise de documentos online”.

Palavras-chave


Atividade física. Evangélicos. Internet.

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