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ABORDAGENS RENOVADORAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ENTRE O “REALIZADO” E O “IDEALIZADO” SOB A ÓTICA DOS DOCENTES.
Janaina Lubiana Altoé, Camilla Maria Mello Toledo

Última alteração: 2018-09-09

Resumo


Desde a década de 1980, a Educação Física vem passando por transformações associadas ao chamado “movimento renovador”, o qual defende que as aulas deste componente curricular tratem pedagogicamente os conhecimentos relacionados a Cultura Corporal de Movimento, compreendendo os significados e sentidos do movimento corporal enquanto linguagem. Apesar de acreditarmos que muitas mudanças se concretizaram, ainda não se sabe, ao certo, se os objetivos foram alcançados. Diante disso, este estudo buscou analisar de que maneira as abordagens renovadoras estão orientando a construção da prática pedagógica dos professores de Educação Física, na perspectiva de alcançar as transformações pretendidas a partir do movimento renovador. Para isso, realizamos a aplicação de um questionário abordando questões sobre as práticas do cotidiano pedagógico de seis professores de Educação Física que trabalham em instituições escolares de cinco municípios capixabas: Anchieta, Atílio Vivácqua, Castelo, Cachoeiro de Itapemirim e Guarapari. A partir da análise das respostas pudemos chegar a algumas considerações. O que mais nos chamou a atenção foi o desconhecimento total ou o conhecimento reduzido do movimento renovador por alguns professores. Acreditamos que o não reconhecimento pode ser explicado por dois motivos: as mudanças ficaram muito mais no discurso acadêmico e pouco alcançaram as práticas pedagógicas realizadas nas escolas e/ou os professores conhecem o movimento por outros termos como: "Cultura Corporal de Movimento", ou "Educação Física histórico crítica", ou ainda "não esportivista", mas não associam ao Movimento renovador. Em relação ao reconhecimento da escola pelo trabalho exercido pelos professores, observamos sentimentos positivos de valorização profissional. Percebemos relação direta de tais sentimentos com aqueles conquistados através de diversos enfrentamentos que vivenciamos no cotidiano escolar, e que resultaram em: participação dos professores de Educação Física em conselhos de classe assim como nas reuniões escolares, protagonismo em projetos pedagógicos, além dos elogios recebidos pelos discentes e seus responsáveis. Pesar da maioria dos relatos terem sido positivos, observamos um que aponta para a visão minimizadora da área, que foi descrita como uma disciplina "quebra galho". Tal fato, evidencia uma situação paradoxal, ou seja, apesar dos avanços conquistados e citados pelos demais docentes, ainda vivemos uma situação de desvalorização em relação à Educação Física escolar numa clara marginalidade perante aos demais componentes do currículo escolar. Dentre as problemáticas enfrentadas no contexto atual do ensino da Educação Física e mencionadas pelos professores estão: a falta de espaço físico adequado para o desenvolvimento das aulas práticas; o afastamento dos alunos, marcado pelo desinteresse em participar das atividades práticas; o desprestígio da Educação Física quando comparada aos demais componentes curriculares; a inexistência de material didático ou a reduzida quantidade e variedade. Os professores entrevistados, quando questionados sobre como as abordagens renovadoras tem orientado o enfrentamento das problemáticas citadas, relataram que a abordagem dos conteúdos trabalhados ultrapassa a dimensão prática. Nas propostas renovadoras o “saber fazer” (conteúdos procedimentais) deve ser articulado com o “saber sobre o fazer” (conteúdos conceituais). Neste entendimento, o professor tem a possibilidade de utilizar espaços e materiais diversificados em suas aulas. Sobre a Base Nacional Comum Curricular, de maneira geral, observa-se que os professores entrevistados estão em processo de familiarização, principalmente por meio das formações continuadas. A partir do questionário, pudemos verificar, em síntese, que os professores entrevistados entendem a Educação Física enquanto linguagem. Entre as ações pedagógicas apresentadas pelos entrevistados, destacamos: interação com as demais disciplinas que compõem a área; uso da expressão corporal como forma de comunicação e demonstração da subjetividade; trabalho das práticas corporais articulando-se teoria e prática; entendimento do corpo em movimento como linguagem, enfatizando os movimentos sistematizados da Educação Física. Este estudo está longe de esgotar o assunto, mas fornece pistas interessantes para a continuidade da pesquisa.

Palavras-chave


Prática Docente; Abordagens Renovadoras; Linguagem Corporal.

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