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O TEMA DA SAÚDE NA FORMAÇÃO INICIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA UFES: UMA ANÁLISE ENTRE AGÊNCIA E ESTRUTURA
Victor José Machado de Oliveira, Ivan Marcelo Gomes

Última alteração: 2018-08-28

Resumo


Educação Física (EF) e o tema da saúde possuem estreitas relações desde a gênese da área. Procurou-se investigar como esse tema se encontra presente e quais ênfases recebe nos currículos de formação no Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo (CEFD/UFES). Para tanto, lançou-se mão do método da cartografia (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2010), assim, seguindo pistas sobre as produções curriculares. O recorte do texto apresenta a pista que se refere à presença do professor como elemento influenciador da produção curricular. Nesse sentido, serão considerados entrevistas realizadas com os professores, os currículos Lattes e políticas de reformulação curricular. A lente teórica de análise é a teoria da estruturação de Giddens (2009). Aqui, será arregimentada o conceito de dualidade da estrutura, entendido como: “a estrutura como meio e o resultado da conduta que ela recursivamente organiza” (Idem, p. 441). Essa teoria nos corrobora no sentido de apresentar uma síntese entre agência e estrutura, ou seja, não há um a priori constrangedor, mas uma relação em que as propriedades estruturais não podem existir fora da ação dos agentes. Nesse sentido, as entrevistas produzidas com os professores foram nos indicando uma centralidade na figura do professor como agente responsável pelas (re)produções curriculares quando é ressaltado que esses apresentam ações pontuais no engendramento curricular. Contudo, reconhecemos que esses agentes não estão “soltos” no tempo-espaço. Sendo assim, a formação desses professores, tanto quanto suas produções científicas se mostraram elementos que demonstram como a reflexividade institucional está presente na constituição de orientações político-epistemológicas (CUNHA, 2005). No CEFD/UFES, percebeu-se uma diferença entre os dois departamentos que compõe esse Centro. No Departamento de Desportos (DD) há uma formação e produção científica mais voltada para a área biomédica enquanto no Departamento de Ginástica (DG) uma formação voltada para a área da educação (e algumas vinculadas à Saúde Pública/Coletiva). É observado que o tema, nomeadamente, da saúde possui maior recorrência no DG quando comparado ao DD. Temos, então, um paradoxo, pois quando se observa os concursos para a área da saúde, nota-se que os mesmos são ofertados pelo DD e com orientação político-epistemológica vinculados as subáreas biomédicas/biofisiológicas. Nesse sentido, a análise da estrutura nos oferece algumas considerações sobre tal fenômeno. As políticas que influenciam a formação, como é o caso do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidade Federais (REUNI), apresenta uma influência a partir da aproximação entre a graduação e pós-graduação, como elemento para a construção curricular dessa primeira. Percebe-se que os concursos realizados no CEFD/UFES, via Resolução nº 38/2007 que trata da proposta REUNI/UFES, estiveram imbuídos no fortalecimento da área biofisiológica tanto para a graduação quanto para a pós-graduação (LEOPOLDO et al., 2014). Contudo, com Gaya (2017) compomos a crítica de que a influência da pós-graduação voltada unicamente para um modelo hegemônico de ciência (diga-se de passagem, biológica) se mostra como um obstáculo epistemológico frente as perspectivas e teorias pedagógicas, políticas e filosóficas. Ainda se concebe que a perspectiva biomédica traduz nos currículos uma orientação pedagógico-metodológica centrada na doença e na pedagogia da transmissão (CARVALHO; CECCIM, 2006). Frente aos constrangimentos da estrutura, vemos como a presença de professores com orientação (majoritária) político-epistemológica nas Ciências Naturais/Biológicas acaba por contribuir para a construção de currículos cada vez mais biologizados (inclusive, como é o caso do bacharelado). No entanto, por outro lado, vemos que a presença de professores com vínculo nas Ciências Sociais e Humanas pode se mostrar um caminho de subversão da lógica dominante nos currículos de formação. Logo, a presença dos professores se mostra como elemento fundamental para a compreensão das políticas curriculares praticadas no cotidiano da formação em EF.

Palavras-chave


Saúde. Currículo. Ensino Superior. Teoria da Estruturação.

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