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PEDAGOGIA ESPORTE E GÊNERO: UMA ANÁLISE SOBRE PRÁTICAS ESPORTIVAS EM REVISTAS INTERNACIONAIS
Bruna Saurin Silva, Mariana Zuaneti Martins

Última alteração: 2018-09-04

Resumo


Introdução: O tema central dessa pesquisa é o estudo do esporte como um fenômeno cultural plural, que carrega consigo diversas possibilidades de apropriações (STIGGER, 2002). Porém, no âmbito dessas diversas apropriações, alguns marcadores influenciam a aproximação e envolvimento com este fenômeno. Para Goellner (2010 p.81), “muitos elementos de ordem cultural, historicamente têm privilegiado determinados indivíduos e grupos em relação a outros, inclusive, no campo do acesso e da permanência nas atividades esportivas”. A autora se refere à influência do marcador de gênero para a apropriação do fenômeno esportivo, de modo que as vivências e as relações sociais de meninas e de meninos, dentro do cenário de ensino e prática esportiva, se dão de maneiras distintas, criando desiguais relações de gênero no campo esportivo (ALTMANN,1999). Objetivos: Assim, buscando ir além do conhecimento compartilhado em revistas de âmbito nacional, realizou-se uma revisão sistemática da produção bibliográfica internacional que abarcasse o ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes a partir da perspectiva de gênero, a fim de compreender estratégias didático-metodológicas que podem, de acordo com a literatura, contribuir para a mobilização das meninas com o saber fazer esportivo. Metodologia: Para tanto, buscou-se artigos em periódicos internacionais de divulgação científica da área. Como critério de inclusão definiu-se que os mesmos deveriam apresentar classificação A1, na área 21, e que tivessem produções voltadas à prática esportiva. Buscamos nestes periódicos as palavras “gender” “women” “girl” AND “Sport”. A partir da leitura dos resumos desses artigos, selecionamos aqueles que se referiam especificamente à práticas pedagógicas que enfatizassem a mobilização das meninas para a prática esportiva. Definimos como recorte temporal os anos de 2005 a 2018. O resultado desta pesquisa culminou em um total de 15 artigos. Resultados: A partir dos textos analisados, foi possível organizar os conteúdos dos artigos em categorias divididas entre: descrição do contexto, dificuldades para mobilização das meninas com esporte e experiências positivas no ensino aprendizagem do esporte. Considerando um contexto geral, o esporte enquanto socializador de meninas e meninos continua sendo visto a partir da narrativa da superioridade masculina e uma quase invisibilidade feminina. Os artigos revelam que as meninas ainda sentem a necessidade de lutar por um espaço frente a hegemonia masculina, que muitas vezes esbarram em discursos os quais as colocam como menos habilidosas, frágeis e motivo de zombaria, discurso esse que por vezes é interiorizado também por elas. Falas como essas também transitam entre os professores. As meninas também apontam a postura dos meninos como motivo da menor participação delas nessas práticas, relatando o excesso de competitividade e agressividade por parte dos mesmos. Por outro lado, as meninas que se destacam nos esporte relatam certa dificuldade em transitar entre a feminilidade esperada para elas e a “seriedade de um esportista”. Como forma de contraponto, surgem algumas atitudes positivas. O conceito de aula mista é considerada como o principal facilitador de experiências e interação entre meninas e meninos durante o processo de ensino aprendizado. A criação de novos jogos que atendam a demanda das meninas também é dado como proposta para uma maior participação de meninas. O trabalho de conscientização de meninas, sobre seus direitos dentro das práticas esportivas e a propagação e discussão desse pensamento, surge nesse contexto como importante fator de “empoderamento”, atingindo não somente as meninas, mas meninos e boa parte dos adultos responsáveis por estes espaços. Considerações Finais: A prática esportiva continua sendo espaço de disputa entre as concepções de gênero. Diferenças entre meninos e meninas não são vistas mais como naturais e biológicas, o que abre espaço para outras concepções sobre esporte, permitindo novas discussões. Porém ainda são escassas as pesquisas que discutam estratégias metodológicas para enfrentar essa diferença cultural.

Palavras-chave


Gênero; esporte; educação física.

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