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Este trabalho tem como objetivo apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa que desenvolve um programa de prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas a partir do Treinamento de Habilidades Sociais com adolescentes escolares. Atrelado a este programa, se tem como estratégia o trabalho com estudantes multiplicadores, pois esta abordagem possibilita alcançar resultados ainda mais expressivos a partir do protagonismo dos próprios estudantes no desenvolvimento de ações com seus pares (BOTVIN; KANTOR, 2000). O consumo de álcool e outras drogas tem sido tema de constantes discussões nos cenários nacional e mundial ao longo dos anos. A fase da adolescência se constitui como um momento suscetível para que ocorra a experimentação de drogas. Entretanto, apesar da importância deste tema e de sua abordagem no meio social, percebe-se que as discussões e ações de prevenção em âmbito escolar tem sido inferior às suas necessidades. A atuação docente no processo de mediação tende a gerar informações aos alunos de modo acrítico, com escassez de fundamentos científicos e equivocados, pois, muitas vezes, estão pouco preparados para lidar com a temática drogas (DALLO, 2014). Intervenções a partir de Habilidades Sociais, também conhecidas como Habilidades de Vida, tem sido uma das estratégias em programas de prevenção ao uso de drogas, enfatizado o desenvolvimento de habilidades emocionais, no conhecimento do próprio sujeito e sua relação com familiares, amigos e desconhecidos. As Habilidades Sociais são diferentes classes de comportamentos sociais que o indivíduo possui para lidar com as situações interpessoais, dentre as quais se destacam as habilidades de: comunicação, civilidade, fazer e manter amizade, empatia, assertividade, expressar solidariedade, manejar conflitos e resolver problemas interpessoais, expressar afeto e intimidade, coordenar grupo, e falar em público (CABALLO, 2003; DEL PRETTE, DEL PRETTE, 2017). A metodologia desta pesquisa se constitui como uma Pesquisa-Ação (THIOLLENT, 2005) e será desenvolvida em uma escola no interior do Estado do Espírito Santo com alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e 1ª a 3ª série do ensino médio. O consumo de drogas no município de realização da pesquisa é alto, sobretudo o álcool, compreendido como parte inerente a cultura de descendentes europeus que compõem a maioria da população. Os casos de suicídio e tentativas de suicídio no município também são comuns e podem estar associados a diversos fatores, inclusive o uso de drogas e depressão (FEHLBERG, 2011; CAPUCHO, JARDIM, 2013). Paiva e Rodrigues (2008) ressaltam que o desenvolvimento de programas com Habilidades Sociais tem sinalizado bons resultados na prevenção de álcool e outras drogas a partir de estudos pelo mundo. Sá e Del Prette (2014) defendem que algumas Habilidades Sociais podem favorecer a abstinência ao uso de drogas e menor envolvimento para os que estão em tratamento. Limberg et al. (2017) destacam que as habilidades de recusa de drogas foram as mais enfatizadas nos estudos analisados durante e após o tratamento entre usuários. Felicissimo, Casela e Ronzani (2013), demonstraram que as intervenções em Habilidades Sociais contribuíram com outros fatores para além da temática drogas, como a minimização e controle da depressão e ansiedade. Gorayeb (2002), corrobora enfatizando que estes programas devem ser baseados numa metodologia que enfatize a interação social e que promovam a participação do público adolescente de modo mais interessado, dinâmico e produtivo. Dentre as possiblidades desta abordagem no ambiente escolar, a disciplina de Educação Física é coerente com as características que envolvem as Habilidades Sociais, podendo ser agregada a partir de suas práticas corporais, jogos, brincadeiras dentre outros conteúdos. Além disso, esta disciplina contempla a área da saúde, o que fortalece ainda mais a necessidade de trabalhos neste âmbito.

habilidades sociais; prevenção; álcool e outras drogas; adolescência; escola.