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O brincar faz parte do universo infantil tanto quanto as historinhas e contos. Ao unir esses dois elementos da cultura infantil em uma atividade direcionada ao trabalho didático pedagógico na Educação Física Infantil propomo-nos a construir uma sequência didático-pedagógica construída sob uma perspectiva interdisciplinar. Ao articularmos as práticas desenvolvidas pela professora com formação em Pedagogia com a atuação docente do professor de Educação Física tomamos como referência os estudos de Nunes e Santos (2006), Melo e Santos (2014) e Pires (2016), que destacam a importância e a necessidade de uma atuação integrada entre os professores na educação infantil, no intuito de melhor significar para as crianças o que é desenvolvido nos espaços das creches e das pré escolas, evitando a fragmentação do ensino. Norteamos nosso fazer pedagógico pelo brincar, com o objetivo de facilitar os processos de aprendizagem das crianças, contribuindo para a construção de sua identidade e de sua autonomia. Nesse caso, pautamo-nos nas orientações das DCNEI sobre a importância de “práticas pedagógicas que [...] devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira[...]” (BRASIL, 2010, p. 25). Por meio da pesquisa-ação fizemos uso do simbolismo presente no imaginário infantil para (re)significar as histórias contadas às crianças. Fundamentamo-nos em Oliveira et al (2002, p.55), para assumir as brincadeiras simbólicas como práticas que levam as crianças a construírem “[...] um mundo ilusório, de situações imaginárias onde objetos são usados como substitutos de outros, conforme a criança os emprega com gestos e falas adequadas”. As aulas ocorreram no Centro de Educação Infantil Municipal Sementinha, em São Mateus / ES, sendo escolhidos os contos João e Maria, João e o Pé de Feijão, e Chapeuzinho Vermelho para a realização da sequência didática com as turmas de creche-nível 2, Creche-nível 3, Pré-nível 1 e Pré-nível 2. A organização das aulas se deu da seguinte maneira: primeiro era realizado o conto infantil (cada conto ocupou o espaço de uma aula), sendo que para o primeiro conto infantil, o professor contou a historinha, para o segundo, houve a apresentação de um desenho animado e no terceiro, as próprias crianças contaram a historinha. Após ouvir, assistir ou contar a historinha infantil, foram realizadas brincadeiras tematizadas de acordo com cada conto: para João e Maria propomos um circuito, que simulava a floresta, em que no final há uma casa de doces, construída com bambolês e cheia de balas e pirulitos pendurados. Foi colocada uma boneca para representar a bruxa, devendo as crianças realizarem os movimentos com cuidado para não acordá-la. No conto João e o Pé de Feijão, realizamos uma brincadeira em que as crianças passavam por obstáculos diversos, subiam em cadeiras e mesas (simbolizando o pé de feijão) e, guardavam caroços de feijão em recipientes. Assim, além do lúdico presente no simbolismo da brincadeira, a motricidade fina foi estimulada na atividade. Por fim, para a historinha da Chapeuzinho Vermelho foi desenvolvido um pega-pega, no qual haviam o lobo mau, várias chapeuzinhos e o caçador. O lobo mau tentava pegar as chapeuzinhos e levá-las para o caldeirão.
A prática pedagógica realizada permitiu desenvolver o brincar na educação infantil, compreendendo que o mesmo faz parte do universo da criança. Ao brincar, a criança interage com os outros, sejam estes adultos ou crianças, se expressam naturalmente, criam e reconstroem símbolos e significados. Nas aulas, ao inserir o simbolismo nos jogos e brincadeiras, é permitido à criança imaginar-se em outro mundo, no caso deste trabalho, o mundo dos contos infantis. Ao brincarem com os contos, as crianças (re)significaram as historinhas para si, apropriando-se de acontecimentos e de personagens, construindo sua própria forma de entendimento do conto e produzindo cultura corporal.

Brincadeiras Historiadas; Educação Física Infantil; Integração Curricular.