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Ao visitar o campo de produções acadêmicas da Educação Física (EFI), percebemos que há um volume significativo de esforços que abordam a saúde como tema, onde é possível notarmos no campo uma polissemia do termo (BAGRICHEVSKY, 2006). A forma de compreensão ou perspectiva de saúde em uma visão menos direcionada entende a saúde a partir de um olhar mais ampliado, tendo como foco o meio em que o sujeito está inserido, como se dão suas relações, questões de equidade e também se preocupam com os aspectos biológicos, mas não os consideram únicos muito menos mais importantes que os outros aspectos a serem observados e Castiel & Diaz (2007) apresentam críticas às formas de perseguir e materializar a saúde, onde os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são muitas vezes ignorados (BAGRICHEVSKY, 2006; BUSS, 2003; BUSS & PELLEGRINI FILHO, 2007; CARVALHO & CECIM, 2007). Carvalho & Bilbio (2007) mostram que a grande área da saúde carece desse olhar ampliado, e relacionam essa carência a fragilidades curriculares e uma formação generalista (LUZ, 2007; ROCHA & CENTURIÃO, 2007). Pensando na formação em EFI, Figueiredo (2004) aponta tendências à valorização do conhecimento biológico por parte dos alunos na tentativa de atender ao mercado cada vez mais generalista, criando uma estrutura curricular que fragmenta o conhecimento. Figueiredo (2004) e Oliveira (2017) apontam para os professores como “interlocutores”, como uma possibilidade de mudanças significativas nesse cenário, atuando no processo de ensino/aprendizagem dos acadêmicos. Percebeu-se então a necessidade de compreender como o tema saúde tem sido entendido por esses docentes (BAGRICHEVSKY, 2006; FIGUEIREDO, 2004, OLIVEIRA 2017). O presente estudo visa refletir sobre os sentidos e significados que são atribuídos ao tema saúde pelos docentes do curso de Educação Física de uma Instituição Privada do Espírito Santo (IPES). Essa pesquisa possuiu natureza metodológica qualitativa de caráter exploratório, utilizando da pesquisa de campo como procedimento técnico, visto que o presente estudo buscou refletir sobre as percepções nas falas, trabalhamos na forma de entrevista semi-estruturada (Minayo, 2002). A análise de dados foi organizada em forma de análise temática. A pesquisa consistiu em entrevistar 9 (nove) professores de uma IPES. Onde agrupamos as falas em dois grupos. O primeiro agrupamento foi formado por professores que direcionaram suas falas a aspectos da promoção de saúde, prevenção de doenças e culpabilização dos indivíduos por não adotarem ações ou atitudes “saudáveis”. Foi possível observar nas falas, noção dos aspectos sociais envolvidos na saúde, entretanto, aparecem muito mais vezes apontamentos a uma visão direcionada para os aspectos fisiológicos, aproximando mais a saúde dos aspectos biomédicos, da formação (CASTIEL & DIAZ, 2007; ROCHA & CENTURIÃO, 2017). O segundo agrupamento formado por professores que demonstraram em suas falas terem noção da saúde a partir de um olhar ampliado, não se restringia ao falar de saúde apenas a aspectos biomédicos. Os aspectos sociais, preocupação com as condições de vida das pessoas, a equidade, ampliação do campo de ação entre outras apontam também para uma visão que se mostra integral ao fenômeno saúde (BUSS & PELLEGRINI FILHO, 2007; CASTIEL & DIAZ, 2007). Percebemos que existem mais indícios para uma perspectiva ampliada do fenômeno saúde relacionada à formação em EFI do que o contrário. E o fato de a maioria dos professores apresentarem indícios de entenderem o campo de ação da EFI, pode colaborando para essa compreensão ampliada da saúde. O fato da pesquisa ter usado as falas dos professores, constituiu em um fator limitante que não nos permite afirmar que elas se materializam da mesma forma, a partir disso seria interessante observar as aulas desses professores para sabermos como eles as materializam em suas aulas.