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DANÇAS FOLCLÓRICAS NO CONTEXTO DA FESTA JUNINA: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Marina Zorzanelli Borges Barcelos

Última alteração: 2018-09-16

Resumo


O corpo é uma festa, sempre tivemos e ainda temos motivos para festejar, do contrário seríamos meros robôs. É possível identificar registros de festejos desde as mais antigas civilizações. E na escola não poderia ser diferente. Neste espaço se festeja as mais diversas datas comemorativas e uma delas é a Festa Junina. Não se trata apenas de um evento que prejudica o calendário letivo, ao contrário, é um momento oportuno para o estudo, aprendizado e vivência da cultura popular nacional e a prática da linguagem dança. Considerando a escola um terreno fértil para tais manifestações serem divulgadas e propagadas para os mais jovens, o enfoque deste estudo é a problematização das danças folclóricas como um dos conhecimentos a serem trabalhados pela educação física escolar. As danças folclóricas não são a única possibilidade de enfoque da dança na escola, mas se apresentam como uma possibilidade de resistência à massificação e ao privilégio das danças da cultura midiática no contexto escolar. Neste sentido, o presente estudo apresenta as danças folclóricas como um possível caminho para resgatar o sentido das festas juninas no contexto escolar. Caracteriza-se como um relato de experiência e, com objetivo levantar referências e orientar o estudo, foi feito um levantamento bibliográfico sobre o assunto. Este trabalho foi fruto de um projeto desenvolvido em uma Unidade Municipal de Educação Infantil da Prefeitura de Vila Velha. Foi realizado uma pesquisa diagnóstica com as turmas do infantil 5 e 4 para saber quem já conhecia o congo, o coco e o bumba-meu-boi. Praticamente nenhuma criança conhecia essas manifestações. Entendia-se essa falta de informação pela pouca idade das crianças e pela a prevalência quase que unânime da cultura midiática em seus repertórios. Além disso, observa-se que mesmo dentro do contexto escolar, em sala de aula são oferecidos poucos repertórios que contemplem as culturais tradicionais. Atrelado a esse movimento, existe uma tendência de as escolas mudarem o nome das festas juninas para festa cultural, em uma tentativa de aproximar as famílias “evangélicas”, que acreditam ser uma festa com fundo profano. Entretanto, a maioria das apresentações ainda permanece o caráter junino e, por muitas vezes, representando de maneira pejorativa o morador das zonas rurais, como o caipira sem dente, que veste roupa velha e rasgada. Antes de vivenciar a dança, foram mostradas as crianças o contexto histórico que abarca tais manifestações, o que sustenta os costumes e as tradições de cada grupo. A partir dessa vivência, as crianças puderem sentir e entender como algumas atividades (como a pesca, a plantação e a colheita, o gado) são importante para algumas comunidades e como isso pode influenciar na maneira de viver e de se socializar com diferentes linguagens culturais, neste caso a música e a dança. Houve alguns enfrentamentos como a resistência de algumas famílias evangélicas em permitir que seus filhos participassem de uma dança folclórica; o descaso em levar e/ou colaborar para que as crianças se apresentassem em uma festa da escola fora da sua rotina escolar, além do preconceito religioso de alguns professores em trabalhar com essa temática. Em contrapartida, a maior satisfação foi observar à alegria das crianças em dançar, tocar os instrumentos e brincar com as histórias folclóricas. Conclui que o papel educador é ampliar a visão e vivência das crianças na escola, contribuindo para inspirar outros projetos que valorizem a diversidade do nosso país.

Palavras-chave


dança na escola, danças folclóricas, educação física.

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