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O presente texto propõe-se a relatar uma experiência acerca de um projeto desenvolvido no início do ano letivo de 2018 na E.E.E.F.M. Mestre Álvaro, localizada no município da Serra do Espírito Santo. A coordenação da instituição indicou como tema norteador das atividades pedagógicas o Bullying, tendo em vista a demanda de discussão pela recorrência dos casos na escola no ano anterior e as recomendações da Secretaria de Educação do estado. Foi orientado que os docentes incluíssem essa temática nas aulas que planejariam para o primeiro trimestre. Dessa forma, o projeto “Amigo da turma” foi pensando para os primeiros anos do ensino fundamental, como contribuição da educação física à discussão geral que estava sendo realizada na escola, acreditando que ao conhecer o corpo -em todas as dimensões, sua relação com os outros e com o espaço- e entender as particularidades de cada ser -seus limites e possibilidades-, as crianças aprendem a respeitar as diferenças. Além da emergência de discussão com toda a escola, o tema vai ao encontro de uma demanda dessa faixa etária, agora específica da educação física, de aprendizagem e exploração ampliada das possibilidades de movimento do corpo em sua totalidade. Ampliando o repertório motor do aluno nas fases iniciais da formação, o desenvolvimento psicomotor e a aprendizagem da cultura corporal de movimento estariam facilitadas. Então, iniciar o trabalho conhecendo o próprio corpo e o que cada parte dele é capaz de fazer, foi o nosso caminho de intervenção. A elaboração do projeto esteve fundamentada na Pedagogia de Projetos incorporando alguns elementos da teoria histórico-cultural da atividade - segundo preceitos formulados por autores como Leontiev, Davydov e Vygotsky - e do Trabalho como princípio educativo, por acreditar que dessa união é possível pensar e experimentar uma aprendizagem partindo da prática e, dessa forma, tornando o conhecimento algo que faça sentido na vida do aluno. Isto porque apresenta uma ressignificação do espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações. Além disso, por possibilitar uma maior integração entre as áreas de conhecimento, rumo à desfragmentação, e contribuir para a aprendizagem orgânica e em totalidade. A culminância do projeto foi um boneco “amigo da turma” cuja construção foi realizada em etapas e, para cada uma delas, um bloco de conteúdos foi necessário. Os alunos aprenderam sobre cada parte do corpo: como escreve o nome desta parte e suas funções, os cuidados com a higiene de cada uma dessas partes, e realizaram atividades de estímulo e desenvolvimento psicomotor. É importante enfatizar que os conteúdos não foram selecionados aleatoriamente. Utilizei como critério àqueles necessários à construção de cada etapa do produto final, para que os alunos vissem aplicabilidade e utilidade prática no conhecimento e na aprendizagem. É importante ressaltar que não tive a pretensão de solucionar o problema do qual este trabalho emergiu, dados os limites deste projeto e entendendo que a escola não é o único espaço de formação para a cidadania. Entretanto, os registros de casos de bullying junto à coordenação da escola reduziram cerca de 78% se comparado ao mesmo período no ano anterior, indicando que o objetivo pedagógico de todo corpo docente está sendo alcançado. Além da contribuição social deste projeto, considera-se relevante compartilhar esta experiência também pelos resultados positivos no âmbito pedagógico do projeto.

Educação física escolar; bullying na escola; projeto pedagógico de educação física.