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CONCEPÇÕES ACERCA DO CORPO E A FÉ: reflexões iniciais sobre essa relação na sociedade do capital
Daiana Rodrigues de Lima Braga

Última alteração: 2017-01-24

Resumo


RESUMO: O presente artigo busca fazer uma reflexão sobre os elementos relacionados ao par dialético “corpo/fé” dentro de um percurso histórico. Esta pesquisa será de cunho materialista histórico dialético, em que por meio de uma revisão bibliográfica serão pensadas construções iniciais acerca desse campo ainda pouco explorado, dialogando o corpo, inserido na sociedade do capital e a manifestação de sua fé. Nessa perspectiva, foi possível recorrer a Santo Agostinho, Descartes, Marx e outros teóricos para compreender de forma crítica como essa relação pode se estabelecer, concebendo a ideia da existência de Deus. Dessa forma, o artigo vai construir um ambiente fértil para se refletir sobre as possibilidades de manifestação da fé dentro da sociedade do capital. Serão lançados pilares iniciais para compreender as motivações que levam um indivíduo a manifestar a sua fé por meio de ações corporais considerando esse corpo trabalhador sugado pelo modo de produção capitalista. Por meio de uma revisão bibliográfica, vão sendo constituídas as relações entre corpo e fé dentro de contextos históricos remetentes a cada período da história. Dessa forma, foi realizado um recorte pensando da idade média aos dias atuais, momentos estes em que estamos imersos no modo de produção capitalista, que dita não apenas a dinâmica que se dá na esteira de produção, mas também todas as relações que se dão no mundo. A visão de um homem fragmentado, dicotomizado atravessa centenas de anos, sempre remetendo a alma como algo sagrado, ligada a Deus e ao corpo como a materialidade, e por isso associado ao profano. Na era do capital, o corpo nada mais é que força de trabalho dentro do capital, uma vez que a produção produz o homem para o trabalho, explorando o seu corpo e produz também o homem como ser mental e fisicamente desumanizado. Embriagados no processo produtivo, os homens perdem-se de si mesmos e se enterram em sua própria materialidade se afastando de Deus. Nesse sentido, percebe-se que os indivíduos procuram se santificar pelo corpo, por ações que envolvam sacrifícios corporais, como forma de estabelecer uma ligação com o próprio Deus, seja em um ato de santificação, de agradecimento ou de propósito. As ações sacrificiais podem ser consideradas portanto, ações de resistência a soberania a qual o corpo vem sido descaracterizado, como uma forma de romper com as condições sociais impostas aos sujeitos. Nesta perspectiva, seria uma forma de rompimento e de reconstrução desse corpo reificado e fragmentando pelo modo de produção que o faz de forma alienante a arbitrária. No entanto, mesmo o pertencimento a uma religião pode ser concebido enquanto forma de dominação do homem, uma vez que sugere-se o pertencimento a uma religião para a manutenção do modo de produção em que a principal maquina deve se manter, reificada, coisificada, alienada e fetichizada para que haja possibilidades reais para a reprodução do modo de produção.