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INFÂNCIA DOS GÊNEROS: A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA SOCIAL NAS BRINCADEIRAS NOS PARQUE DE CURITIBA
Marina Toscano Aggio

Última alteração: 2019-10-01

Resumo


INFÂNCIA DOS GÊNEROS: A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA SOCIAL NAS BRINCADEIRAS NOS PARQUE DE CURITIBA


Eixo temático: Lazer, educação e cidadania
Classificação: Pôster

Introdução/Conceituação
A infância é um “período em que o ser humano está se constituindo culturalmente, a brincadeira assume importância fundamental como forma de participação social e como atividade que possibilita a apropriação, a ressignificação e a reelaboração da cultura pelas crianças” (BORBA 2007, p.12). Ainda segundo o autor (2006, p.39): “(...) a brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem”, representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas. O objetivo dessa pesquisa foi analisar quais brincadeiras são praticadas por meninos e meninas nos parques de Curitiba, pois estudos apontam diferenças nas preferências de brincadeiras, atitudes, comportamentos, percepções, inclusive no uso do espaço, tais como os meninos ocupando espaços maiores e públicos (Archer 1992; Beal 1994; Maccoby 1988, 1990), enquanto as meninas são mais intimistas nas interações, mais cooperativas, fazem mais trocas de confidências e são mais flexíveis.

Palavras-chave: Infância. Gênero. Brincadeiras. Curitiba.

Metodologia
O estudo consiste em uma pesquisa de abordagem qualitativa. O primeiro passo foi o levantamento bibliográfico sobre as questões de gênero e as influências culturais no que diz respeito as brincadeiras das crianças como sujeitos de direito. Posteriormente, realizamos o mapeamento e registros documentais a partir de observações e conversas informais em dois domingos com temperaturas elevadas na cidade, haja vista que Curitiba é uma das cidades mais frias do Brasil. Com isso foi possível sistematizar informações referentes as características dos espaços.

Resultados
Os resultados encontrados apontam que a maioria das brincadeiras observadas nos parques de Curitiba tem um predomínio de brincadeiras historicamente masculinas, como brincar com carrinhos, correr competitivamente, subir em arvores, chutar bola e brincar de lutas. Entre as meninas, podemos observar que elas mantêm as características e preferências historicamente consideradas femininas, tais com brincar de bonecas, brincadeiras de rodas e jogos de imaginação e fantasia. Observou-se também que existem uma interação entre meninos e meninas independentemente das diferentes classes sociais, com isso percebeu-se que há uma maior aderência das meninas ao dito “mundo masculino”, citando como exemplo as brincadeiras de corrida e jogos com bolas. Os meninos, por sua vez, também apresentam uma penetração nas brincadeiras mais ‘‘femininas’’ como exemplo as “brincadeiras de casinhas” e de rodas, porém em menor proporção.
Conclusão/Considerações Finais
A partir das observações realizadas, foi possível compreender a dinâmica do mundo infantil, considerando a criança como sujeito cultural e histórico, por meio das brincadeiras, manifestando de maneira simples a sua compreensão dos aspectos sociais e culturais que permeiam o mundo ao seu redor. Essas diferentes análises permitem compreender que as legitimações historicamente construídas entre os gêneros, em parte estão sendo desmistificadas quando meninos e meninas interagem em suas relações sem interferência dos conceitos construído culturalmente e socialmente. Entretanto, fica muito evidente que ainda restam brincadeiras que são carregadas de conceitos intimamente ligados às diferentes culturas que se edificaram ao longo dos anos para homens e mulheres, o que ficou demonstrado nas diferentes brincadeiras entre os gêneros.

Referências

ARCHER, J. (1992) Childhood gender roles: Social context and organization. In M. Mc Gurk (Ed.), Childhood social development. Contemporary perspectives (pp.31-61). Hillsdale. USA. Lawrence. Erlbaum.

BEAL, C.R. (1994) Boys and girls: The development of gender roles. USA: Mc Graw Hill.

BORBA, Ângela M. A brincadeira como experiência de cultura na educação infantil. In: BRASIL/MEC – Revista Criança do professor de educação infantil – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

MACCOBY, E. (1988). Gender as a social category. Developmental Psychology, 24, 755-765.
MACCOBY, E. (1990). Gender and relationships: A developmental account. American Psychologist, 45, 513-520.

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