Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, 30º ENAREL Encontro Nacional de Recreação e Lazer e IX Seminário de Estudos do Lazer

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ENVELHECER NA NATUREZA: AS MOTIVAÇÕES PARA O ENVOLVIMENTO EM ATIVIDADES DE AVENTURA
Isabelle Meireles Vieira, Adriana Aparecida da Fonseca Viscardi, Juliana de Paula Figueiredo, Alcyane Marinho

Última alteração: 2019-10-01

Resumo


O crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico atualmente vivenciados pela sociedade podem acarretar modificações positivas em diversos aspectos da vida urbana, como maior acesso às informações, às distintas atividades culturais e ao favorecimento da mobilidade (a exemplo das bicicletas e dos patinetes atrelados aos aplicativos de celular). Por outro lado, com o progresso tecnológico, cresce a preocupação entre a relação do ser humano com a natureza e sua qualidade de vida, tendo em vista que o estilo de vida da população vem sofrendo mudanças na era digital. A prática de atividade física tem sido incentivada como uma das formas de melhoria desse estilo de vida e, dentre as opções existentes, as atividades de aventura na natureza têm merecido destaque nas reflexões pertinentes à área e ao redimensionamento da relação ser humano-natureza (VISCARDI et al., 2018). As expectativas pessoais e as diferenças entre gênero, idade e condicionamento podem diferir as emoções e as sensações, o prazer e a diversão, bem como as próprias motivações geradas para o envolvimento e a aderência em atividades de aventura (TAHARA, 2004). Dessa forma, este estudo tem como objetivo investigar a motivação de pessoas com 60 anos de idade ou mais para o envolvimento em atividades de aventura na natureza. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritivo-exploratória, tendo utilizado como instrumento para coleta de dados uma entrevista semiestruturada. Participaram 22 pessoas com 60 anos de idade ou mais, sendo 16 homens e seis mulheres, residentes em Florianópolis (SC, Brasil) e região, praticantes de uma ou mais modalidades de atividades de aventura na natureza. Os dados foram analisados por meio de elementos da técnica de análise de conteúdo do tipo categorias temáticas (BARDIN, 2010). Diversos motivos estão atrelados ao envolvimento e à permanência dos participantes investigados às atividades de aventura na natureza, sendo eles: (14) sensações e emoções (prazer, vício, necessidade, alegria, gratidão, bem-estar, paixão, superação); (9) convívio e amizade; (8) saúde; (8) benefícios da atividade física; (7) contato com os elementos da natureza (vento, mar, água, grama, nuvem, árvores, pedra, animais); (6) prática de atividade física; (5) aprendizado; (4) boa condição física; (3) valorização da idade; (3) participação em competição; (3) estilo de vida; (2) conexão com os equipamentos utilizados para a prática (barco, canoa, etc); (2) troca de experiência; (2) conquista de objetivos; (2) oportunidade de conhecer novos lugares. A potencialidade das atividades de aventura na natureza está associada a fatores motivacionais, que tendem a sobrepor as barreiras que, muitas vezes, permeiam a prática da população com 60 anos de idade ou mais, nestes contextos. As sensações e as emoções percebidas, a integração com os colegas e com os elementos da natureza, assim como os benefícios físicos e psicossociais adquiridos com a prática, são os principais aspectos motivacionais na percepção dos interesses destes participantes por essas atividades realizadas em ambiente natural. Experiências deste tipo e o pertencimento do praticante com o ambiente podem favorecer a construção de valores, a melhora da qualidade de vida e motiva-os à (re)aproximação e conexão com a natureza.

Palavras-chave: Atividades de aventura na natureza, idosos, motivação.


Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Ed. rev. e atual. Lisboa: Edições70, 2010.

BETRÁN, J. O.; BETRÁN, A. O. Las atividades físicas de aventura em la naturaliza (AFAN): revisión de la taxonomia (1995-2015) y tablas de clasificación e identificación de las prácticas. Apunts Educación Física y Deportes, Barcelona, v. 2, n. 124, pp. 71-88, abr./jun. 2016. Disponível em: http://www.raco.cat/index.php/ApuntsEFD/article/view/310653/400683. Acesso: 28 fev. 2018.

TAHARA, Alexander Klein. A aderência às atividades físicas de aventura na natureza, no âmbito do lazer. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade) - Instituto de Biociências, Universidade de Rio Claro, São Paulo, 2004.

VISCARDI, A. A. F. et al. Participação de idosos em atividades de aventura na natureza: reflexões sobre aspectos socioambientais. Florianópolis/SC: Motrivivência, v. 30, n. 53., p. 35-51, maio/2018. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2018v30n53p35. Acesso em: 21 set. 2018.