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O Fisiculturismo nas academias de musculação forma de lazer
Última alteração: 2018-04-13
Resumo
A presente pesquisa, tem como objetivo, analisar o fisiculturismo nas academias de musculação como forma de lazer e enfrentamento do estigma do corpo excessivamente hipertrofiado. Os fisiculturistas buscam, dentro das academias, acolhimento e integração social através da cultura corporal de movimento como forma de lazer. Os estudos socioantropológicos sobre o estigma evidenciam que a sociedade estabelece meios de categorizar e configurar atributos considerados como naturais e comuns, ao que o homem deva ser, do ponto de vista intelectual, moral e físico. Assim, se uma pessoa tiver um traço diferente dos demais, poderá ser estigmatizada nas relações sociais e isolamento nas interações sociais. Portanto, os fisiculturistas com grande volume de massa muscular ultrapassam os limites da fisiologia humana com o uso exacerbado de suplementos alimentares e esteroides anabolizantes andrógenos, para alcançar a estética da modalidade, sendo considerados pela sociedade não saudáveis, sobretudo, por serem outsiders da estética hegemônica. O método utilizado nesse estudo consiste em um estudo de campo, de cunho qualitativo, que utiliza como instrumento de pesquisa a observação participante que se constitui numa técnica privilegiada para a coleta de dados, promovendo uma significativa interação com os sujeitos observados, possibilitando uma variedade de fenômenos e situações para registros para análise. A amostra é constituída por 20 atletas de ambos os sexos escolhidos pelo critério de oportunidade e conveniência. O estudo de campo é realizado em academias de musculação da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Os praticantes de fisicultura se aproximam nas academias e procuram criar laços que minimizam o isolamento social na cultura de padronização dos corpos. Assim, a prática da fisicultura, mais do que uma ascese intramundana, torna-se uma prática de lazer, compondo o conjunto de ocupações às quais os indivíduos entregam-se de livre vontade para a diversão, potencializando a expressividade humana, superando os interesses capazes de competir pelo estereótipo de beleza. A prática que sustenta a relação entre o corpo que produz também brinca. Concretizando nas práticas corporais um espirito crítico na compreensão da cultura corporal, desenvolvimento pessoal e descanso das atividades laborais cotidianas. Portanto, as academias, lugar de treinamento para alto rendimento na modalidade da fisicultura, tornam-se um cenário paradoxal: na construção do corpo dentro da estética da modalidade, através do trabalho ascético em um cenário de muita dor e suor, e que ao mesmo tempo, consiste no alívio da prática livre, hedonista e não submissa ao discurso hegemônico de promoção da saúde e de estilo de vida saudável. Portanto, é preciso compreender que o cultivo desses valores e as atribuições dos sentidos e significados às práticas exercidas pelos praticantes de fisicultura, dentro das academias estão relacionadas com o que procuram na sociedade, buscando bem-estar social e qualidade de vida.
Palavras-chave
Hipertrofia; Academias; Lazer