Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, III CONGRESSO BRASILEIRO DE ESTUDOS DO LAZER | XVII Seminário Lazer em Debate

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O RECREIO NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL: OBA! VAMOS BRINCAR!
Olivia Cristina Ferreira Ribeiro, Ricardo Manoel de Oliveira Zambelli, Gabriel da Costa Spolaor, Elaine Prodócimo

Última alteração: 2018-03-26

Resumo


O último Plano Nacional de Educação (PNE) prevê que até o ano de 2024 ao menos 50% das escolas públicas brasileiras terão que oferecer jornada ampliada. Vários municípios brasileiros têm organizado suas redes de ensino de forma a atender a meta proposta criando as chamadas Escolas de Tempo Integral (ETI). Diante disso, parte do tempo livre e a vivência de diversas atividades culturais e lúdicas, como o brincar, que ocorreria em outros espaços, vem acontecendo no contexto escolar. Levamos em conta o aumento do tempo de permanência na escola, assim como, a necessidade de garantia do brincar como direito social e manifestação sociocultural fundamental para a criança. No contexto da escola atual o momento da rotina que normalmente não são realizadas atividades dirigidas pelo adulto, é o recreio. Levantamos então, os seguintes questionamentos: como se dá o brincar nesse momento da rotina? Quais são os espaços e materiais destinados para esta prática? Que tipo de mediação acontece? Assim, o objetivo do estudo foi investigar o brincar no recreio de uma ETI do município de Campinas, cidade do interior de São Paulo que iniciou o processo de implementação dessa política pública em 2013. Realizamos pesquisa qualitativa, por meio de observações de turmas de 4º e 5º anos. No contexto acompanhado os horários de recreio eram organizados por ciclos, em dois grupos distintos (1º ao 3º e 4º e 5º anos), com duração de 15 minutos, em dois períodos, manhã e tarde; sob supervisão de duas inspetoras para cerca de 150 crianças, sem a presença de professores. Durante esse tempo também era servido o lanche no refeitório. Observamos cinco horários de recreio. De acordo com os dados levantados, verificamos que o espaço utilizado compreendia um pátio externo, parte gramada e parte cimentada com desenhos no chão (caracol e amarelinha), com árvores, muretas, grades e pilastras. Não foram fornecidos pela escola brinquedos ou outros materiais para uso das crianças. As práticas desenvolvidas foram diversificadas e envolveram desde o futebol, até ações lúdicas, como subir em árvores, pular das muretas e carregar uns aos outros (cavalinho). Foram desenvolvidas brincadeiras como esconde-esconde, pega-pega, amarelinha e caracol. Sobre a questão de gênero, algumas atividades foram realizadas conjuntamente por meninos e meninas, contudo, observamos alguns contextos generificados, como o futebol que foi jogado somente por meninos e a brincadeira de bonecas somente por meninas. Havia alguns brinquedos levados de casa para a escola, porém, também observamos que houve criação a partir de materiais alternativos (futebol com caixa de suco vazia). Algumas crianças deixavam de se alimentar permanecendo mais tempo brincando. Com relação ao término do recreio, apesar do toque do sinal, as crianças só paravam de brincar quando os professores se aproximavam para organizar o retorno às aulas. Ao analisarmos os dados produzidos, reconhecemos que quando há espaços amplos e diversificados com a presença de elementos da natureza, há maiores possibilidades que diferentes práticas corporais sejam realizadas, devido à própria distribuição das crianças nos espaços e à possibilidade de exploração de formas de agir. Consideramos relevante o oferecimento de brinquedos e materiais alternativos que permitam que a manifestação do potencial criativo do brincar, dinamizando a Cultura Lúdica. De maneira geral, o recreio não é visto como um contexto pedagógico, haja vista a falta formação dos profissionais que atuam nesse momento em grande parte das escolas. Essa situação pode acarretar um empobrecimento nas mediações, no sentido de, por exemplo, problematizar as práticas generificadas, como observado. Concluímos também que quinze minutos é pouco tempo de recreio, muitas crianças deixam de comer para poder brincar mais. Ressaltamos assim, a importância de uma reformulação da rotina para garantir mais tempos que propiciem o brincar, desvinculados dos momentos de alimentação que também são necessários.

Palavras-chave


Jogos e brinquedos; Ensino Fundamental; Recreio.