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A PRÁTICA DO PARKOUR COMO AÇÃO DE LAZER NA CIDADE DE BÉLEM
Última alteração: 2012-08-17
Resumo
Com base nas observações feitas em torno da prática do Parkour, verificou-se a relevância em registrar a mesma, devido sua marginalização, que se acredita levá-la a generalizações, por esta não ser reconhecida como elemento da cultura que possibilita a vivência da atitude lúdica, característica do lazer. Além disso, verifica-se a ausência de um registro científico sobre esta prática na cidade de Belém do Pará que a identifique com esse enfoque. Este trabalho visa conhecer, através de uma pesquisa de campo de natureza qualitativa, por meio de um estudo exploratório, como se estabelece a prática do Parkour do grupo “Treino Livre” como ação de lazer na cidade. As referências do lazer são de autores como DUMAZEDIER (2008) e MARCELLINO (1996), que vêem o mesmo como a atividade lúdica, que parte da atitude do sujeito no tempo da não-obrigação. Os resultados do estudo exploratório demonstram pela análise das anotações de observação, bem como por meio das falas registradas dos indivíduos pesquisados, que a prática do Parkour em Belém manifesta-se como ação de lazer, por apresentar características que relacionam-se ao sentido de liberdade, de divertimento e de desenvolvimento. Também, sendo marcante o caráter da não-obrigação, ao afirmarem que sentem-se livres para freqüentar o grupo e para sair do mesmo quando sentissem vontade. Tendo este estudo se desenvolvido como prenúncio de um ensaio etnográfico, procuramos responder questões norteadoras como: O que é o grupo? O que fazem como prática de lazer? Como fazem estas práticas? Como significam o que fazem?, baseados nos estudos metodológicos de MARLI ANDRÉ (1995). A análise dos dados demonstra que o grupo é constituído de jovens que se vêem atraído pelo desafio de experimentação de formas alternativas de lazer, não havendo hierarquização de conhecimento técnico que caracterize a figura de um técnico ou coordenador na modalidade. O grupo reúne-se em locais públicos que apresentem barreiras físicas artificiais ou naturais que possam ser transpostas em percurso de deslocamento corporal. As técnicas de movimento são construídas no processo de experimentação, de acordo com os limites e possibilidades de cada um para o momento, o que se constitui como um jogo de desafios que organizam no sujeito uma autonomia de produção cultural. Os espaços são ressignificados de locais funcionais para outros usos, como banco de praça pública, em obstáculos de superação com saltos e técnicas de transposição. Os praticantes significam estas práticas como uma forma alternativa de demarcação da sua condição de sujeito, dada a exarcebação das formas tradicionais de lazer e a pouca autonomia, ainda presente na população em geral das possibilidades de ressignificação de espaços e obstáculos para a prática livre e criativa de lazer.
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