RESUMO: Dentro dos estudos efetuados sobre o corpo e a corporalidade, tendo como meio de pesquisa inicial a obra literária O Ateneu, de Raul Pompéia, e também inserido numa proposta que sinalizou um estudo voltado para as atividades físicas no século XIX, seu caráter maniqueísta¹, sua inserção nos bastidores da educação brasileira, também como não poderia deixar de ser, a importância e a influência do cenário político da época, chegamos assim a um montante considerável de informações e conclusões acerca de algumas problemáticas existentes na sociedade contemporânea. Para obtermos possibilidade de êxito e principalmente para compreendermos melhor a problemática das questões que englobam os para-quês e os porquês da atividade física, sua influência no cotidiano e na vida de quem a pratica – sendo necessário  que se entenda por atividades físicas todas aquelas que envolvem de uma maneira global a coordenação motora – fomos então, até a raiz de algumas questões. Para isso, foi extremamente necessário que usássemos, como centro norteador desta pesquisa, a obra O Ateneu, clássico literário reconhecido por muitos pesquisadores da área e um divisor de águas na literatura do século XIX. A obra, que retrata aspectos da vida cultural e da família brasileira do século XIX, é impregnada muitas vezes por preocupações de ordem moral e ética. Além disso, nos remete a um cenário político pós-Império, remetendo ainda à idéia de uma sociedade contundida pelo individualismo. Para que toda a pesquisa tivesse êxito, tomamos um cuidado de nos atermos ao caráter conotativo da linguagem literária, para as conclusões e também para a perquirição das mais significantes  respostas, que aqui não pretendem ter um fundo de persuasão, mas, sim, se apresentar como função auxiliadora na busca de diretrizes a serem tomadas e que por  sua vez, deságüem na qualidade da reflexão final, voltada para o esforço de pensar o ser humano em várias dimensões (cultural, artística, corporal, sociopolítica, etc.). A pesquisa da obra perpassa, assim, por questões como a da educação preceptora² individualista, da letargia³ do processo de consolidação nacional, além da sexualidade e da polêmica sobre a homossexualidade. Esta última parece estar muito presente no micro-cosmo do colégio interno retratado pelo romance, permitindo por sua vez suspeitar que não se trata de menção a uma exclusividade de colégios internos e muito menos também do século XIX, mas de um tema atemporal.