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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO GAÚCHO
Denise Grosso Fonseca, Natália Teixeira Nunes, Francine Muniz Medeiros, Jeniffer Da Silva Bielavski, NATACHA DA SILVA TAVARES, Roseli Belmonte Machado

Última alteração: 2020-08-18

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar; Ensino Médio; Professores.

INTRODUÇÃO
O presente estudo se propõe a compreender como tem se constituído a EF em escolas estaduais gaúchas, a partir da extinção do Ensino Médio Politécnico e do anúncio do “Novo Ensino Médio”. O Ensino Médio Politécnico é uma proposta do Rio Grande do Sul que vigorou entre os anos de 2011 e 2014 (RIO GRANDE DO SUL, 2011), numa perspectiva interdisciplinar, através de um currículo por áreas de conhecimento, sendo a EF inserida na Área das Linguagens. Atualmente, a Lei 13.415 de fevereiro de 2017 estabelece uma proposta para um “Novo Ensino Médio” que, “incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, artes, sociologia e filosofia” (BRASIL, 2017).

METODOLOGIA
Constitui-se em uma pesquisa qualitativa, através de estudo de caso, na qual os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada com dois professores de EF (MOLINA NETO; TRIVIÑOS, 2010; GUERRERO LÓPEZ, 1991). Os dados da pesquisa foram organizados em três categorias de análise, sendo elas: Carga horária da EF; Avaliação; e Desvalorização.
Carga horária da EF
Para os professores, com a saída do Ensino Médio Politécnico os Seminários Integrados foram encerrados e algumas disciplinas tiveram mudanças de carga horária. Toda via, assim como era durante o Politécnico a EF se manteve no turno inverso, deslocada do restante do currículo e dificultando a presença dos alunos e, portanto, sua legitimação.
“Educação Física tem que ficar dentro do turno também, porque aí não permite ao aluno dizer que não pode por isso, que não pode por aquilo... Porque ele não precisa ir a sua casa e retornar à escola, pois isso já é um grande problema para nós” (SUJEITO B).
Avaliação
Conforme legislação, as avaliações, no EM, nas escolas estaduais gaúchas, acontecem por área de conhecimento, situação que tem gerado muitas dúvidas na escola. Desse modo, as disciplinas, em sua maioria, continuam realizando suas práticas pedagógicas de forma isolada. A avaliação, que deveria acontecer de forma coletiva, acaba ficando fragilizada e continua de forma individualizada.
[...] chegou um aluno hoje pedindo pra professora de EF colocar 35 de nota. Porque é da Área de Linguagens, e, no Português, na Literatura, na Língua Estrangeira Moderna, e nas Artes ele foi mal (SUJEITO B).

Evidencia-se um desafio para os docentes que enfrentam a realidade da dúvida e da falta de tempo disponibilizado para que, de fato, planejem, avaliem e apliquem a interdisciplinaridade dentro da área.
Desvalorização
Diante dos diferentes processos históricos vividos pela sociedade, os quais privilegiavam as atividades ditas intelectuais em relação às consideradas corporais a EF acaba por ser frequentemente inferiorizada perante as demais disciplinas no âmbito escolar. Segundo Betti e Zuliani (2002) dois aspectos contribuem para este cenário, sendo um deles a maneira simplificada como a EF é vista, e o outro a ideia ingênua de que há tanta familiaridade entre as pessoas e as práticas corporais, que, portanto, a área e o profissional seriam quase dispensáveis. Entende-se que estes aspectos podem influenciar as propostas curriculares.
“agora tu chegar numa aula no EM que tem 3 turmas com 400 alunos e ter 5 presentes, aí diminui a nossa motivação” (SUJEITO B).

CONSIDERAÇÕES
O objetivo de compreender como tem se constituído a EF em escolas estaduais gaúchas, a partir da extinção do EM politécnico e do anuncio do “Novo Ensino Médio” se evidencia apenas como um anúncio e uma ideia nas escolas, sendo que esta fase de transição um espaço tempo de insegurança, desvalorização e incertezas. Neste cenário, os já vividos dilemas dos professores e das escolas se ampliam e aprofundam. Sente-se que esse é um desafio a ser enfrentado por todos, professores e pesquisadores, preocupados com uma educação e uma escola pública de qualidade.

REFERÊNCIAS

BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: uma proposta de Diretrizes Pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, 2002.

BRASIL, Lei. 13.415, Reformulação do Ensino Médio. Brasília, 2017.

RIO GRANDE DO SUL, Secretaria de Educação, SEC/RS. Proposta Pedagógica para o Ensino Médio Politécnico e Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio. Porto Alegre, 2011.

MOLINA NETO, V.; TRIVIÑOS, A. N. A pesquisa qualitativa na Educação Física: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Sulina, 2010.

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