Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, VIII Seminário de Estudos do Lazer

Tamanho da fonte: 
PLANEJAMENTO E RECREAÇÃO: UMA RELAÇÃO IMPRESCINDÍVEL
BRUNA SOLERA, Pâmela Norraila da Silva, Patric Paludett Flores, Vânia de Fátima Matias de Souza, Amauri Aparecido Bassoli de Oliveira

Última alteração: 2019-09-21

Resumo


INTRODUÇÃO

Ao planejar potencializamos as ações e suas relações contextuais. E para a recreação, uma atividade considerada livre e descompromissada, há a necessidade de se organizar um planejamento? O Planejamento implica “agir em função de finalidades, objetivos e metas, de um futuro que prevê resultados desejados (OLIVEIRA, et al. 2009, p. 237), é um processo, contínuo e ativo, que reúne ações integradas e orientadas para fazer com que um objetivo seja alcançado com mais rapidez e eficiência por meio de decisões que são tomadas a priori (PILETTI, 1997).
A recreação tem como significado, “recrear, reproduzir, renovar, fazer novamente” (AWAD, 2012, p. 26). “É uma atividade de natureza diversa que proporciona prazer e divertimento” (BARBANTI, 2003). É direcionada a todas as pessoas, independente da faixa etária e condição física, psíquica e social, sem restrição com relação ao espaço. A recreação pode estar presente desde hotéis, resorts, clubes recreativos até chegar à escola, festas infantis, dentre outros. O que permanece, é sua tradição, ou seja, “a orientação de atividades lúdicas” (PIMENTEL; AWAD, 2015). Tais atividades precisam variar de acordo com o espaço e especificidades de cada grupo, como: idade, sexo, tempo, quantidade. É a partir desses fatores e como são considerados na organização da recreação, que se pode determinar a busca pelo sucesso das atividades que serão realizadas.
Considerar tais aspectos, assim como, usar a criatividade para construir brincadeiras que motivam e desafiam, prezando pela segurança das pessoas que participam, são fatores que influenciam na recreação bem-sucedida. Nesse sentido, nota-se a necessidade de se pensar com antecedência as ações que acontecerão de maneira a estrutura-las de acordo com os indicativos e implicações para o público que será atendido na recreação, ou seja, faz-se preciso um planejamento prévio.
A partir do exposto surge o seguinte questionamento: Como os profissionais atuantes na área da recreação percebem o processo de planejamento na elaboração de suas ações? Para responder a esta inquietude, o presente trabalho, teve como objetivo verificar como os profissionais da área da recreação de um município do norte do Paraná-Brasil compreendem a ação de planejar em sua atuação profissional.

MÉTODOLOGIA

TIPO DE PESQUISA
A pesquisa se caracteriza como descritiva, ou seja, aquela que busca descrever características de um fenômeno em específico (RICHARDSON, 2012).

POPULAÇÃO
Participaram do estudo 14 recreadores atuantes na área de recreação de um município do norte do Paraná - Brasil.

INSTRUMENTO DE PESQUISA
Como instrumento de pesquisa, foi utilizado um questionário online composto por questões abertas e fechadas.

COLETA DE DADOS
Para coleta dados o instrumento foi enviado via e-mail e whatsapp aos recreadores que aceitaram participar da pesquisa respondendo espontaneamente o questionário.

ANÁLISE DOS DADOS
Para análise dos dados, foi utilizada a categorização temática para unir respostas semelhantes (RICHARDSON, 2012) e o pacote estatístico SPSS 20.0 para análise descritiva de frequência relativa dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação à caracterização dos participantes da pesquisa, identificou-se idade média de 24,9 anos, tendo média de 4,4 anos de atuação na área de recreação, sendo que 50% deles atuam em festas infantis, 28,6% em hotéis e/ou resorts e 21,4% em colônia de férias. Sobre a formação acadêmica, foi evidenciado que 92,9% são da área de Educação Física e 7,1% não especificaram, optando pela opção “outro”. Dos recreadores que são da área da Educação Física, 71,4% possuem habilitação em bacharelado e 28,6% em licenciatura. Barnabé e Natali (2014) ressaltam que a recreação é um campo que abrange a atuação de diversos profissionais, como, aqueles do Turismo, Hotelaria, Pedagogos e professores de Educação Física. Este último, de acordo com Isayama (2009, p. 412) possui papel fundamental. O autor justifica-se por meio de dois motivos, o primeiro, por ter conhecimentos sobre o lazer, e o segundo, pela relação com as barreiras encontradas na prática do lazer, que é reflexo de fator econômico baseado em preconceitos elaborados por parte da população, como, mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência, negros, índios, dentre outros.
Sobre a aplicabilidade do planejamento na recreação, 100% dos participantes afirmaram ser este importante para efetivação de suas ações. Em específico, este auxilia para a maioria dos sujeitos (35,7%) na organização da recreação, 7,1% acreditam que o planejamento contribui com a praticidade, com diminuição de erros (7,1%), antecipação de situações (7,1%), sucesso do evento (7,1%), diminuição de imprevistos (7,1%), permite flexibilidade (7,1%), atingir os objetivos do cliente (7,1%) e 14,3% citaram ser o planejamento de extrema importância, sem ressaltar um aspecto em específico. A ação de planejar se constitui em uma ferramenta de grande valor para atingir os objetivos propostos para as atividades de recreação. O planejamento consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o profissional fará na sua intervenção (PILETTI, 1997). É uma tarefa que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de aplicabilidade. Ainda nessa direção, pode-se dizer que também é um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligada à avaliação das atividades executadas (LIBÂNEO, 1994).
Observou-se que 57,1% dos sujeitos afirmaram ser o próprio recreador o responsável em planejar, 28,6% planejam em grupo e 14,3% dos planos são feitos pelos coordenadores das ações de recreação. Para tal construção, são levados em consideração a faixa etária das pessoas (28, 3%), quantidade de participantes (19,6%), espaço disponível (17,4%), quantidade de recreadores envolvidos com a recreação (13%), materiais a serem utilizados (10,9%) e a segurança (10,9%). Com relação à faixa etária dos participantes, Bueno (2018) considera este, um aspecto fundamental, pois há diferença nos tipos de jogos para cada idade, assim como, é preciso verificar a característica da população atendida, bem como, atentar-se a presença de pessoas com deficiência no grupo, para assim atingir o objetivo de inclusão de todos. Silva e Gonçalves (2017) corroboram com esta afirmação, e complementam dizendo que as mesmas atividades podem ser utilizadas em diversas faixas etárias, basta realizar adaptações na aplicação, organização e estratégias.


CONCLUSÃO

Após a análise dos resultados e discussões, pode-se identificar que o planejamento se faz presente na prática dos recreadores participantes por diversos motivos: organização das atividades que serão aplicadas na recreação; diminuição de erros; praticidade; evita a improvisação; prevê uma antecipação das situações que podem acontecer durante a recreação; torna-se um aliado para alcançar o objetivo traçado para as atividades de recreação, entre outros, os quais, de forma geral, influenciam nas ações e sucesso do trabalho desses profissionais.
A relação de planejamento e recreação ainda é bastante fragilizada, sendo necessário mais investimento acadêmico da área para o fortalecimento dessa relação, contudo, este rápido survey buscou contribuir com as reflexões nesse campo de estudo, assim como, estimular pesquisas relacionadas a esta temática, que por sua vez, se mostram indispensáveis para uma boa prática profissional.

REFERÊNCIAS

AWAD, H. Brinque, jogue, cante e encante com a recreação. Fontoura: Várzea Paulista, 2015.

BARNABÉ, A. P.; NATALI, P. M. Formação e atuação de recreadores: o caso da equipe de recreação e lazer da cidade de Maringá-PR nos anos de 2001 a 2004. Licere, Belo Horizonte, v. 17, n.1, 2014.

BUENO, G. A. R. Recreação: ação de recrear. Sorocaba, 2018.

BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2 ed. Barueri: Manole, 2003.

ISAYAMA, H. F. Atuação do Profissional de Educação Física no âmbito do Lazer: a Perspectiva da Animação Cultural. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 2, p. 407-413, 2009.

LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

OLIVEIRA, A. A. B.; MOREIRA, E. C.; ACCIOLY JÚNIOR, H.; NUNES, M. P. Planejamento do programa segundo tempo. In: OLIVEIRA, A. A. B.; PERIM, G. L. (org.). Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão a prática. Eduem: Maringá, 2009.

PILETTI, C. Didática Geral. 20 ed. São Paulo: Ática, 1997.

PIMENTEL, G.; AWAD, H. (org). Recreação total. 4 ed. Fontoura: Várzea Paulista, 2015.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

SILVA, T. A. C.; GONÇALVES, K. G. F. Manual de recreação e lazer: o mundo lúdico ao alcance de todos. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2017.

Texto completo: PDF