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A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM DETRIMENTO DO MOVIMENTO CORPORAL: AS PERCEPÇÕES DOS ESTUDANTES
Fernanda Maria Bratti Volken, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2018-10-22

Resumo


INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi realizada a partir das experiências docentes junto ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), Subprojeto Educação Física (EFI). Tem por objetivo identificar como os alunos percebem e compreendem as aulas promovidas pelo Pibid/EFI.
A proposta originou-se a partir de uma aula de formação pessoal promovida pelos pibidianos, na qual os colegiais afirmaram que a prática não pertencia à disciplina.
Os sujeitos da pesquisa participaram de um total de 20 aulas ao longo de 2017, nas quais foram desenvolvidas aulas expositivas e dialogadas e de exploração corporal, na quadra poliesportiva, em praças públicas e em sala de aula. Desenvolveu-se práticas de formação pessoal, jogos cooperativos, basquetebol, treinamento funcional e parkour – práticas pouco conhecidas pelos estudantes.
Com base na pesquisa realizada, é evidente que, para os estudantes, as aulas de Educação Física básica e obrigatoriamente são aquelas que produzem movimento corporal; já os momentos de diálogo e de práticas com pouca movimentação não são compreendidos como objetos da disciplina.

METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada com uma turma de 8º ano, composta por 24 estudantes, de uma escola pública estadual de Lajeado/RS. A coleta de informações foi realizada de duas maneiras. Primeiro, através de um questionário composto por seis perguntas abertas, e, depois, por meio de uma discussão em grupo (alunos e pibidianos), na qual foi retomada a discussão sobre o que é aula de Educação Física, qual sua função educativa e quais conhecimentos são tratados no componente curricular. Vale ressaltar que as discussões foram registradas manualmente e as identidades dos estudantes foram ocultas.

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR REDUZIDA AO MOVIMENTO
A partir das informações coletadas, é possível afirmar que, para os estudantes, a Educação Física é restrita ao movimento corporal intenso. Em outras palavras, uma aula da disciplina precisa de movimentação intensa, como a prática de alguma modalidade esportiva, jogos e brincadeiras com corridas. Dessa forma, conforme relatos dos estudantes, as atividades expositivas e os momentos de problematizações e diálogos não são considerados como aula de Educação Física.
Além disso, o componente curricular costuma ser associado à prática de modalidades esportivas. Assim, quando a prática corporal proposta pelos pibidianos não tem relação com algum esporte – seja o jogo institucionalizado, o jogo adaptado ou o treinamento de gestos técnicos –, ela perde o sentido e não condiz com uma aula correspondente à disciplina. Sobre esse aspecto, Hildefonso e Pereira (2015) salientam que muitos estudantes entendem que não há diferença ou separação entre a Educação Física e o esporte, ou seja, são termos que se complementam.
Com relação aos saberes do campo de conhecimento da área, é preocupante a dúvida dos educandos da turma, uma vez que nenhum deles conseguiu identificar o que aprendem nas aulas. Tanto nos questionários quanto na discussão, os estudantes apenas relatam que aprenderam algum esporte ou brincadeira. Sendo assim, não conseguiram estabelecer uma relação direta entre as práticas desenvolvidas pelos pibidianos e as práticas próprias do componente curricular.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das práticas e propostas metodológicas desenvolvidas através do Pibid/EFI, os estudantes tendem a presumir que muitas aulas não são de Educação Física, uma vez que há um modelo específico e consolidado conforme suas experiências ao longo da escolarização. Nesse sentido, a disciplina é reduzida ao movimento corporal intenso e à prática esportiva, uma visão que carece de discussões.
Não obstante, através dessa pesquisa, foi possível perceber que há certo distanciamento entre as metodologias tradicionais, ainda presentes nesta escola, e as novas propostas assumidas pelos pibidianos, pautadas na problematização da cultura corporal e crítica social (NEIRA, 2007). Tal distanciamento, além de identificável na percepção dos alunos, adverte que ainda há um longo caminho a ser percorrido a fim de superar o reducionismo da aula de Educação Física ao movimento corporal.

REFERÊNCIAS
NEIRA, M.G. Ensino de Educação Física. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
HILDEFONSO, D.M.; PEREIRA, L.M. Educação Física Escolar e a Percepção dos Alunos do Ensino Médio. Fiep Bulletin, Vilhena, Roraima, Brasil, v. 85, special edition, art. 1, 2015. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2017.

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