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SÃO POSSÍVEIS BOAS PRÁTICAS EDUCATIVAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM CONTEXTOS DE VULNERABILIDADE SOCIAL? RELATOS DE UM PROJETO DO PROGRAMA LICENCIAR/UFPR EM ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA-PR
Verônica Werle, Sergio Roberto Chaves Júnior, Leonardo Martins Carlos Del Zotto, Halyne Czmola de Lima, Rita de Cassia Tinte, Mayra Laysa Albuquerque Silva

Última alteração: 2018-10-22

Resumo


Este texto apresenta considerações e resultados parciais das ações do projeto “As boas práticas educativas nas aulas de Educação Física em contextos de vulnerabilidade social: exercícios investigativos e reflexivos em escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba-PR”, do Programa Licenciar da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Buscando integrar acadêmicos/as dos cursos de Licenciatura em Educação Física e de Pedagogia da referida universidade, o projeto tem por objetivo localizar, conhecer e divulgar boas práticas educativas nas aulas de Educação Física em escolas públicas que se encontram em contextos marcados pela vulnerabilidade social.
Entende-se por boas práticas educativas as intervenções pedagógicas caracterizadas, de maneira geral, pelo sentido formativo no acesso à cultura e na humanização das relações sociais (O AUTOR, 2014). Por sua vez, a delimitação conceitual sobre vulnerabilidade social foi baseada em Kaztman (2001) e Érnica e Batista (2011), que entendem que as situações de vulnerabilidade são definidas quando um agente ou instituição encontram dificuldades de acesso a um conjunto amplo de recursos socialmente produzidos, com consequências na satisfação de suas necessidades e no desenvolvimento de suas potencialidades. Sem esses recursos, “agentes e instituições tornam-se vulneráveis a riscos de naturezas diversas, como os econômicos, sociais, culturais, ambientais” (ibid., p. 26).
Para o desenvolvimento da proposta estão sendo utilizados procedimentos característicos das pesquisas qualitativas de cunho etnográfico (MOLINA NETO; TRIVIÑOS, 2004), os quais envolvem: observações das dinâmicas da cultura escolar e do seu entorno; observações e registros das aulas de Educação Física; entrevistas com os sujeitos escolares (pedagogos, diretores, professores); e análise documental (projeto político pedagógico, regimento escolar, planejamentos dos professores, entre outros).
A pesquisa encontra-se em fase de mergulho na realidade das duas escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba selecionadas, com finalidade de ampliação dos dados existentes sobre elas e compreensão de suas especificidades. A primeira escola é uma das maiores da rede municipal, atendendo cerca de 1600 alunos da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental, e está localizada em um complexo de vilas formadas por habitações irregulares em um bairro periférico da cidade. Ao entorno de violência em que se encontram famílias com baixo nível de instrução e expectativa de progresso profissional, a escola responde com ações de apoio pedagógico no contraturno (CURITIBA, 2015). A segunda escola é menor - atende aproximadamente 400 alunos - e localiza-se em uma região que convive com problemas de saneamento e brigas de gangues locais, ao mesmo tempo em que faz limite com universidades, shoppings e avenidas de grande fluxo de veículos. Se por um lado, o tráfico, a baixa renda per capita e os índices de analfabetismo no entorno refletem no ambiente escolar, por outro, a escola promove feiras culturais, aposta em parcerias para desenvolvimento de projetos e oferta a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (id.).
Em relação à Educação Física escolar, os primeiros contatos com as escolas apontam para algumas características pertinentes: a permanência de professores da área na mesma escola por anos seguidos, o que possibilita uma maior integração com a cultura escolar; a promoção de experiências corporais em espaços extraclasse, como usos de espaços públicos do entorno e participação em jogos escolares; o ensino de práticas corporais pouco acessíveis aos estudantes daqueles contextos, ampliando o repertório cultural; e o envolvimento dos professores no contexto mais amplo de ações escolares. A partir da análise aprofundada destas e outras questões surgidas das observações mais específicas do fazer pedagógico da Educação Física, pretende-se ampliar o conceito de boas práticas educativas inicialmente adotado, tendo no horizonte as particularidades destes contextos.

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