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JOGOS ESCOLARES E A CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS AO OLHAR DOS PROFESSORES
Jaqueline Luiza Klein, Derli Juliano Neuenfeldt

Última alteração: 2018-10-23

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Jogos Escolares; Educação Física Escolar; Esporte.

1 INTRODUÇÃO
Este estudo analisa se professores de Educação Física que participam dos Jogos Escolares percebem contribuições em relação à formação de seus alunos. A competição é promovida pela Secretaria de Esportes e Lazer do município e é estruturada, principalmente, em princípios do esporte de rendimento, sobressaindo-se a questão da seletividade dos estudantes, pois há limite no número de participantes e escolha por desempenho físico e técnico. Além disso, a premiação é direcionada apenas aos melhores de cada modalidade. Essa proposta diverge do esporte educacional que é referenciado por princípios socioeducativos que rechaçam a competição demasiada e a seletividade, buscando o desenvolvimento do aluno e a formação cidadã (TUBINO; GARRIDO; TUBINO, 2007).

2 METODOLOGIA
A pesquisa é de cunho qualitativo (MINAYO, 2008). As informações foram coletadas mediante entrevista com cinco professores (representados no estudo por letras de A a E) que lecionam nos Anos Finais do Ensino Fundamental da rede municipal de um município do Vale do Taquari/RS/BRA, e que participaram dos Jogos Escolares de 2017 com seus alunos. Todos os sujeitos da pesquisa autorizaram o uso das informações mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética .

3 DISCUSSÃO
Dentre às contribuições dos Jogos Escolares à formação dos alunos, citadas pelos professores, estão: a socialização, co-educação, cooperação e aprendizagens cognitivas.
“Eu acho que eles aprendem muito a questão do respeito” (ENTREVISTA, 28/03, Professor E); “Nessa interação (Jogos Escolares) eles vão conhecer outros colegas de outras escolas que têm a mesma idade, que vem lá com um objetivo comum” (ENTREVISTA, 28/03, Professor E); “Se eles sabem se controlar nesses momentos de pico de adrenalina de excitação, eles provavelmente vão saber se controlar na vida deles para todas as situações estressantes também” (ENTREVISTA, 09/03, Professor A). Estes relatos demonstram a presença da socialização, que segundo Bracht, Caparroz e Fonte (2003, p. 56-57) relaciona-se a “valores, disciplina e ajuste social”.
O princípio de cooperação, no qual se busca a união para atingir um objetivo comum (BARBIERI, 2001), foi visualizado pelo Professor D, como uma das aprendizagens obtidas pelos alunos. A partir dos Jogos, os alunos perceberam a facilidade de se atingir a vitória ao jogar de forma coletiva. Esse mesmo professor comentou sobre uma conversa que teve com sua aluna relacionada às atitudes nos Jogos se situações como, por exemplo, ajudar a alguém que caiu a levantar. Este fato ocasionou uma reflexão, e é uma demonstração da presença do princípio de coeducação, no qual se aprende com o outro e pela interação (BARBIERI, 1996).
A arbitragem educativa, além das aprendizagens com relação às regras e funcionamento de competição, também é ponto de destaque principalmente pelo fato de o evento ser escolar, como no relato: “A arbitragem não cobrava, ele explicava ao mesmo tempo” (ENTREVISTA, 16/03, Professor B). Essa forma de arbitrar foi contrária ao estudo apresentado por Jesus et al. (2017) no qual os árbitros não fazem distinção entre jogos de categorias de base e adultos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, apesar de os Jogos Escolares analisados serem elaborados norteando-se pelo esporte de rendimento, os professores puderam perceber aprendizagens relevantes para a formação de seus alunos. Entretanto, entende-se que Jogos Escolares articulados com os princípios do esporte educacional podem ser ainda mais proveitosos no que tange uma formação para a cidadania e uma articulação com uma Educação Física que vise contemplar todos os alunos.

5 REFERÊNCIAS
BARBIERI, Cesar Augustus Santos (Org.). Esporte Educacional: uma proposta renovada. Recife: Universidade de Pernambuco/UPE-ESEF MEE/INDESP, 1996.

BARBIERI, Cesar Augustus Santos. Esporte educacional: uma possibilidade para a restauração do humano no homem. Canoas: ULBRA, 2001.

BRACHT, Valter; CAPARROZ, Francisco Eduardo; FONTE, Sandra Soares Della. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí: UNIJUI, 2003.

JESUS, Raimundo José et. al. Estudo sobre a visão dos árbitros em relação as suas atuações na categoria Infantil, da modalidade Futsal nos Jogos Escolares Maranhenses 2014. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, Edição Especial: Pedagogia do Esporte, São Paulo. v.9. n.35. p.422-428. Jan./Dez. 2017. ISSN 1984-4956. Disponível em: < http://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/551>. Acesso em: 25 maio 2018.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

TUBINO, Manoel José Gomes; GARRIDO, Fernando Antonio Cardoso; TUBINO, Fábio Mazeron. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. Rio de Janeiro: SENAC Rio, 2007.

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