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Práticas Corporais e idosos institucionalizados: um olhar para as possibilidades de mudanças na maneira de viver o envelhecimento
Jaira Picanço Duarte, Ângela Bersch

Última alteração: 2018-10-18

Resumo


O estudo aborda a temática das práticas corporais vivenciadas na velhice. No contexto histórico, social e cultural em que estamos inseridos, a velhice por si só carrega um rol de significados voltados para uma depreciação de quem a vivencia. O indivíduo que se encontra nessa etapa da vida acaba, muitas vezes, tornando-se parte de uma parcela marginalizada e considerada inutilizada dentro do seu contexto sócio-cultural. Em vários casos a família de idosos acaba sendo substituída pelo Estado, fazendo com que essas pessoas sintam-se cada vez menos pertencentes a um universo cultural e mais vulneráveis, como se fosse um objeto ou incômodo para seus familiares. Assim, muitos idosos optam, ou acabam, se inserindo em instituições que ofertam moradia, alimentação, cuidado com a saúde, além de vínculos com outros idosos, afastando-se da solidão, característica recorrente nessa etapa da vida.
Desta forma o objetivo deste estudo é compreender as mudanças que podem ocorrer na vida de idosos que se encontram institucionalizados, quando estes vivenciam práticas corporais. A pesquisa foi realizada numa instituição para idosos de Rio Grande/RS em 2017 e tem-se a perspectiva de estendê-la para outras instituições da região sul do RS. A proposta inicial foi ofertar para os idosos da instituição aulas pautadas nas práticas corporais. O estudo é qualitativo e inspirado na etnografia.
Devido a fatores como o declínio da mortalidade, a diminuição da taxa de natalidade e principalmente aos avanços da medicina com tratamentos e cuidados as pessoas estão vivendo cada vez mais (FELIX, 2009). Por decorrência desses fatores a população idosa tem aumentado significativamente no decorrer dos anos e a estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) é que o número de idosos dobrará em 2050, chegando a um ponto em que haverá menos crianças do que idosos no mundo (ONU, 2016). Nesse panorama o envelhecimento passa a ser vivenciado não mais como um momento relacionado apenas a um sentido de ‘perdas’ (seja de valências e capacidades físicas, seja sociais, devido o processo de aposentadoria), mas sim, deve ser compreendido a partir de uma “polissemia dos modos de envelhecer na contemporaneidade” (SOARES, MOURÃO e ALVES JÚNIOR, 2015, p. 645).
Para além da dimensão biológica, a qual a ciência já possui um corpus de conhecimento e que facilmente poderia aqui explicitar, o envelhecer também envolve dimensões sociais, culturais, psicológicas e políticas que merecem ser compreendidas. Nesse sentido, apesar de muitas pessoas desejarem uma vida longa, as expectativas frente ao processo de envelhecimento está rodeado de crenças, mitos e temores específicos a cada universo cultural. Uma das formas que essas diferentes expectativas sobre o envelhecer se materializou em nossa sociedade, foi através das denominações atribuídas a esse período da vida.
Velhice, terceira idade, idoso, geronto, senescente, velhote, melhor idade, longevas, ancião, matusalém, entre outros. Estes são alguns dos termos que fazem referência e são utilizados para denominar a etapa da vida em questão nesse estudo. Quando pensamos nestes termos, passamos a compreender que cada um carrega particularidades que envolvem aspectos sociais, culturais, temporais, espaçais e conjunturais. Nesse sentido, parece ser pertinente colocar em pauta as diversas conotações que diferentes termos possuem para referenciar o processo de envelhecimento uma vez que elas explicitam a complexidade que envolve essa população.

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