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PROTAGONISMO DISCENTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DIÁLOGOS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA
Monique Bianchetti, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2018-10-30

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Educação Física escolar; Protagonismo Discente; Estágio Supervisionado.

1 INTRODUÇÃO
Este estudo tem por objetivo identificar o protagonismo discente nas aulas de Educação Física escolar. Foi elaborado a partir da prática docente no Estágio Supervisionado II – Anos Finais do Ensino Fundamental, do curso de Educação Física Licenciatura da UNIVATES, desenvolvida em 2016.
A proposta pedagógica de estágio privilegiou a reflexão crítica da cultura corporal de movimento e o espaço para os estudantes assumir posição de destaque nas atividades construídas em aula. Para isso, foi sustentada em Kunz (1994), segundo o qual
[...] o aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas também de reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica (KUNZ, 1994, p. 31).
Ao longo do estágio, o protagonismo discente foi evidenciado na seleção das práticas corporais desenvolvidas, na organização dos espaços e materiais didáticos utilizados nas aulas e, sobretudo, nas problematização e debates produzidos. Nesse processo, os diálogos, mais do que códigos de linguagem e forma de comunicação, constituíram a principal estratégia pedagógica para mobilizar o protagonismo discente.

2 METODOLOGIA
O estudo consiste no relato da experiência docente de estágio, desenvolvido em uma escola pública estadual de um município do Vale do Taquari com duas turmas: um 8º ano, composto por 17 alunos, e um 9º ano, composto por 16 alunos. Ao todo, foram realizadas vinte aulas com cada turma (cada aula de dois períodos conjugados de 50 minutos) e desenvolvidos o futsal, atletismo, jogos de raquetes e dança.
Para elaborar este trabalho, foram utilizadas as informações contidas nos planos de aulas e nos memoriais descritivos produzidos no final de cada aula, com o registro das atividades e diálogos construídos com os estudantes e entre eles durante os debates.

3 O PROTAGONISMO DISCENTE
Para mobilizar a participação efetiva das turmas, nas primeiras aulas foram identificadas quais práticas corporais fazem parte da Educação Física e podem ser desenvolvidas na escola. Após essa discussão, os estudantes escolheram coletivamente quais seriam estudadas nas aulas.
As aulas oportunizaram momentos de exploração corporal, criação de conjuntos de movimentos e aprimoramento de gestos técnicos. Nos jogos com raquete, foram realizados movimentos básicos do tênis e criadas diversas maneiras de jogar o frescobol em duplas e grupos. Na dança, os alunos tiveram acesso a diversos ritmos, reproduziram formas de dançar e construíram uma apresentação coreográfica. Já no atletismo, foram realizadas praticadas formas variadas de saídas nas corridas de velocidade, as técnicas de passagens de bastão e dos saltos em altura e distância e construídos, coletivamente, circuitos motores. No futsal, por exemplo, além do jogo nas regras institucionalizadas, com goleirinhas e com a alteração de regras propostas pelos estudantes, foi tematizado o futsal na escola x futsal na escolinha, a partir de discussão de textos com críticas esportivas e imagens de jogadores que marcaram época (como Pelé, Zico e Ronaldinho Gaúcho).
Assim, de modo transversal, todas as práticas pedagógicas fomentaram o trabalho em equipe, a exploração corporal, a criatividade, o aprimoramento de gestos técnicos e, sobretudo, a reflexão crítica sobre temas como: cultura corporal, diversidade cultural e social, regras e normas de convívio em sociedade, cooperação, competição, alto-rendimento e profissionalização no esporte e Educação Física escolar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na prática docente de estágio, o protagonismo discente foi presente na organizaram espaços físicos e materiais didáticos, na produção de formas de se movimentar e, principalmente, nas escolhas e posicionamentos nas discussões. Todas as aulas, tanto na sala de aula quanto na quadra, fomentaram construções coletivas, mantiveram caráter problematizador e foram pautadas no diálogo. Nesse processo, somente há protagonismo discente quando há oportunidades didático-pedagógicas e desenvolvidas através de diálogos, os quais permitem desenvolver nos estudantes a autonomia e a reflexão, necessárias para leituras críticas de mundo (FREIRE, 1996).
Por isso, os diálogos são fundamentais para mobilizar a construção coletiva de conhecimento e, dessa forma, constitui, também, uma importante estratégia pedagógica na Educação Física escolar.

5 REFERÊNCIAIS
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 18. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 5.ed. Ijuí: Editora Unijuí, 1994.

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