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ATLETISMO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA APAE
Alex Júnior Marin, Nathália Cristina Dammann, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2018-10-23

Resumo


INTRODUÇÃO
Este relato de experiência docente tem por objetivo apresentar a prática pedagógica do atletismo com alunos com necessidades especiais de uma Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), localizada em um município no Vale do Taquari.
Nesta instituição, os alunos apresentam diferentes tipos de deficiências e a prática pedagógica de atletismo desenvolvida no primeiro trimestre visa promover a inclusão e explorar formas básicas de se movimentar e técnicas específicas de corridas. Nos dois trimestres seguintes, os alunos participantes podem optar por fazer parte da equipe de atletismo da APAE e, assim, disputar em competições interinstitucionais.
Sendo assim, este relato de experiência docente sustenta a potencialidade lúdica do atletismo para a inclusão, o desenvolvimento psicomotor e consciência corporal.

O CONTEXTO DO ESTUDO
A prática docente foi desenvolvida com uma turma de 15 alunos de ambos os sexos, idades de 11 a 30 anos e diferentes deficiências físicas e intelectuais: uma cadeirante, dois com paralisia cerebral, três com síndrome de Down, uma com síndrome de West e os demais com deficiência intelectual leve à moderada. Ao todo, foram realizadas 15 aulas de atletismo durante o primeiro trimestre de 2018 (março, abril e maio), sendo uma aula por semana, composta por dois períodos de 50 minutos conjugados.
Metodologicamente, este estudo foi elaborado a partir das informações contidas nos planos de aulas e nos diário de campo, escritos logo após cada aula para registrar o que ocorreu nas aulas, considerações sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas e possibilidades educativas para as aulas seguintes.

A PRÁTICA DOCENTE
No primeiro mês foram utilizadas brincadeiras, jogos recreativos e educativos simples de deslocamentos através de diferentes formas de correr (de frente, de costas e lateralmente). Conforme os alunos entendiam a proposta, sua organização e finalidade, foram introduzidas práticas de maior complexidade, como diferentes formas de saídas nas corridas de velocidade e através de estímulos visuais e sonoros.
No segundo mês, além da prática de exercícios de aprimoramento físico para as corridas, como elevações de joelhos, passadas em afundo e movimentos de coordenação entre braços e pernas, foram inseridos momentos na sala de informática e visitações a uma pista de atletismo, para conhecimento, analise e vivencias nos espaços e das regras das corridas, tais como o balizamento, o escalonamento e a utilização de blocos de saídas.
No terceiro mês, foram confeccionados materiais didáticos alternativos para ser utilizados em brincadeiras e, no trimestre seguinte, na progressão do ensino do atletismo. Além disso, foi realizada uma gincana para contemplar os aprendizados construídos ao longo das aulas e, também, fechar dos conteúdos abordados.
Durante as aulas foram realizadas atividades em grupo, com auxilio mútuo, e cada aluno se identificava com algum dos educativos propostos, conforme suas capacidades e limitações. No inicio da aula havia diálogos para explicar a proposta e, no final, para analisar dificuldades e formas de participação mais ativas e viáveis, permitindo a identificar possibilidades de progressão do gesto motor de cada aluno, respeitando suas individualidades, pois:
[...] cada ser é único, que possui características próprias, que aprende diferente em tempo diferente, mas ao mesmo tempo ele faz parte da sociedade e produz juntamente com os demais singulares a história e a cultura do seu povo, então todos precisam participar efetivamente da educação para buscar compreender o mundo a sua volta (SIMÕES, 2015, p.15).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pedagogicamente, as maiores dificuldades são as limitações para compreender as propostas estabelecidas e realizar o gesto motor, o que remete ao professor explorar sua criatividade, capacidade de reflexiva e assumir outras propostas pedagógicas ou adequá-las aos alunos. Nessa perspectiva, o atletismo permite que os alunos procurem dar o melhor de si e compreender uns aos outros, demonstrando sua potencialidade inclusiva e, principalmente, constitui uma prática pedagógica democrática, onde cada sujeito se assume e atua no grupo à sua maneira e de acordo com suas potencialidades.

REFERÊNCIAS
SIMÕES, A. Educação Física na perspectiva inclusiva: um estudo em uma escola do Recife. 2015. 109 f. Dissertação (Mestrado) - Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, UPE/UFPB, Recife, 2015.

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