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O TEMA INCLUSÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Nathália Cristina Dammann, Alex Júnior Marin, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2018-10-23

Resumo


Este estudo, realizado na disciplina de Práticas Investigativas, do curso de Educação Física Licenciatura da Univates, tem por objetivo apresentar uma sequência pedagógica que tematiza e propõem a inclusão nas aulas de Educação Física escolar.
O tema inclusão pode ser um meio de aproximar os sujeitos por meio de processos educativos que potencializam leituras de mundo e superação de padrões estabelecidos socialmente, pois “cada ser é único, que possui características próprias, que aprende diferente em tempo diferente, mas ao mesmo tempo ele faz parte da sociedade e produz juntamente com os demais singulares a história e a cultura do seu povo” (SIMÕES, 2015, p. 15).
Através deste trabalho, ficou evidente que a Educação Física escolar é um importante espaço de análise, reflexão, interação e diversos modos de experimentação corporal – fundamental para promover o reconhecimento às diferenças e convívio em sociedade.

METODOLOGIA
Para desenvolver esta pesquisa qualitativa foram realizadas duas observações de aulas de Educação Física para alunos com necessidades especiais de uma Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, localizada em um município do Vale do Taquari, e uma entrevista semiestruturada (gravada e transcrita) com a professora de Educação Física titular da turma.
Com base nas informações coletadas e aporte teórico da pesquisa, foi desenvolvida uma sequência pedagógica de quatro aulas (cada uma de dois períodos de 50 minutos) com uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental, composta por 25 estudantes, para promover reflexões sobre a inclusão através de diálogos e práticas corporais.

A SEQUÊNCIA PEDAGÓGICA
A prática pedagógica foi pautada em Soares (2009, p. 85), segundo a qual “os conteúdos da cultura corporal a serem compreendidos na escola devem emergir da realidade dinâmica e concreta do mundo do aluno”. Nesse sentido, nas primeiras aulas foram reproduzidos vídeos para ilustrar a vida cotidiana de pessoas com deficiência físicas ou mentais e provocar reflexões sobre preconceito, diversidade e aceitação social.
Foram selecionados jogos e brincadeiras cooperativas (com balões, vendas e materiais alternativos), atividades de voleibol adaptado, diversos ritmos de danças e circuitos motores, sempre envolver toda a turma, o auxílio mútuo e sem qualquer tipo de restrição ou exclusão. As atividades mantiveram caráter lúdico e buscaram favorecer a experimentação corporal, a liberdade de expressão, a criatividade, o aprimoramento da coordenação motora e a apreciação de diferentes e semelhantes níveis de habilidades.
Em todos os momentos foi salientada a importância do colega, independentemente de habilidades físicas, e o reconhecimento e aceitação de todos. Uma estratégia sustentada em Lockmann (2010, p. 67), uma vez que “a inclusão aproxima os sujeitos da sociedade para constituí-los como uma população que tem suas singularidades, seus riscos próprios, suas ameaças, mas que, estando perto e sendo conhecido, pode ser controlado e governado”.
Na última aula, foi proposta uma discussão final para avaliar as atividades, comentar as experiências corporais e dialogar sobre a importância de compreender que todos podem participar e aprender juntos, cada um do seu jeito e de alguma forma – algo fundamental para conviver em sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão é direito de todos e a Educação Física pode promover aprendizagens coletivas onde todos sejam reconhecidos e sintam-se capazes de conviver a partir de valores éticos. Para isso, devemos nos colocar no lugar dos outros, respeitar as individualidades, assumir a empatia, analisar os contextos sociais e superar preconceitos para mudar de visão e atitudes. Nesse processo, o professor propõe, problematiza, orienta e interage através de diálogos verbais e corporais.
Por isso, a Educação Física precisa se adaptar aos alunos e não os alunos aos modelos de aulas pré-estabelecidos, bem como o professor de Educação física, por estar no centro do processo de ensino, precisa pesquisar, superar limitações didático-pedagógicas e assumir-se como crítico social para que as mudanças possam ocorrer dentro das escolas.
REFERÊNCIAS
LOCKMANN, K. Inclusão escolar: saberes que operam para governar a população. 2010. 130 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

SIMÕES, A. Educação Física na perspectiva inclusiva: um estudo em uma escola do
Recife. 2015. 109 f. Dissertação (Mestrado) - Programa Associado de Pós-Graduação em
Educação Física, UPE/UFPB, Recife, 2015.

SOARES, C.L. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo:
Cortez, 2009.

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