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Trilhas na Natureza como processo de formação ecológicas de estudantes de Ensino Fundamental
Évelyn Pozzebom Barbon, Derli Juliano Neuenfeldt

Última alteração: 2018-10-01

Resumo


1 INTRODUÇÃO
O meio ambiente tem sofrido muitas alterações no decorrer dos anos, provocadas principalmente pelas ações humanas. Vivemos em um momento de crise ecológica, resultado do modelo predatório de desenvolvimento humano. Este modo de vida precisa ser repensado buscando-se reintegrar o ser humano à natureza. Nesse contexto, percebemos que crianças passam muito tempo dentro de suas casas, usando como fonte de lazer as tecnologias, o mundo virtual, o que empobrece as experiências delas com a natureza. Por isso, a Educação Ambiental nas escolas tem muito a ensinar pois é rica em valores morais, éticos e culturais. Logo, essa pesquisa teve como objetivo analisar as contribuições de vivências em trilhas na natureza em relação à formação ambiental de estudantes do 5.° ano do Ensino Fundamental de uma escola de Lajeado/RS/BRA.

2 METODOLOGIA
Essa pesquisa caracteriza-se como qualitativa e de campo, a qual desenvolveu-se a partir de diálogos entre o pesquisador e os sujeitos participantes, proporcionando aprendizagens a ambos, assim como a construção e compartilhamento de conhecimento do tema meio ambiente. Realizou-se 3 vivências com a natureza tendo as trilhas como eixo norteador. Elas ocorreram em uma na praça do bairro da escola, no Jardim Botânico e uma trilha móvel na própria escola. O estudo ocorreu em uma escola de Ensino Fundamental de Lajeado/ RS/BRA, com uma turma de 5° ano, composta por 15 alunos de ambos os sexos. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário aplicado aos alunos, diário de campo, produção de cartazes e gravações de áudio das rodas de conversas. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da Univates, parecer n.º 2.476.814 de 29/01/2018.

3 RESULTADOS
Em relação a primeira vivência os alunos demonstraram ter muito conhecimento de seus atos para com o meio ambiente, pois após observar a praça do bairro registraram: “nosso cartaz tem árvores, flores, pássaros... mas não foi desse jeito que estava na praça. Lá tinha muito lixo no chão, árvores quebradas, pássaros mortos” (Aluno 9, 11/04/18).
No Jardim Botânico, realizamos a Trilha da Cascata. Após a trilha os alunos tiveram um tempo de reflexão da vivência. Percebeu-se que se conectaram com a natureza, pois ao final comentaram: “eu senti aquele cheirinho da natureza, o ar puro, assim sabe, uma coisa que é diferente da cidade” (Aluno 1, 18/04/18), “Percebi sons diferentes aqui do que da cidade. Porque na cidade tem muito barulho de carro, de moto, caminhão. Aqui não, aqui tem pássaros, cachoeira” (Aluno 5, 18/04/18).
Em uma das visitas à escola, uma das professoras questionou: “Mas como vais fazer uma vivência na natureza se na escola não tem nenhum espaço verde?” (Diário de campo, 03/04/18). A opção foi a trilha móvel (MATAREZI, 2006). Esta trilha é montada dentro de salas de aula ou ao ar livre, utilizando de uma série de elementos naturais, os alunos de olhos vendados passam e tocam.
Através das trilhas aproximou-se os alunos do ambiente natural, além de trabalhar os sentidos e suas percepções. Para Duarte Júnior (2010), passa-se por uma crise de nossos sentidos, resultado do estilo moderno de viver que foi influenciado pelos valores da modernidade. O mesmo defende a necessidade de uma educação do sensível, denominada de educação estética, relativa à capacidade de o ser humano sentir a si mesmo e ao próprio mundo em um todo integrado.
Os alunos tiveram uma experiência de contato com o ambiente. “A experiência é sempre de alguém, subjetiva, é sempre daqui e de agora, contextual, finita, provisória, sensível, mortal, de carne e osso, como a própria vida”, nos diz Larrossa (2002) apud Neuenfeldt (2016). Dessa forma, de acordo com Neuenfeldt (2016), as vivências com a natureza possibilitam uma abertura para a experiência e formas de exploração dos sentidos, reforçando a importância do corpo em processos de ensino e de aprendizagem. É necessário possibilitar essa exploração às crianças, assim como novas experiências.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Física trata da cultura corporal, porém muitos professores reduzem-na ao esporte. Contudo, por trabalhar com uma educação corporal, ela tem enorme potencial para contribuir com a formação ecológica dos estudantes. Em relação às vivências com a natureza como forma de contribuição na formação ecológica, a experiência direta com a natureza possibilitou aos estudantes conhecerem melhor o lugar onde vivem, a repensarem o lugar que cada um ocupa na sociedade, além de refletirem sobre como se relacionam com a natureza; auxiliou a olharem para a natureza de um modo diferente, compreendendo que eles também fazem parte da mesma.

5 REFERÊNCIAS
DUARTE JÚNIOR, J. F. O sentido dos sentidos. 5 ed. Curitiba: Criar Edições Ltda. 2010.
MATAREZI, J. Despertando os sentidos da Educação Ambiental. Educar, Curitiba, n. 27, p. 181-199, 2006.
NEUENFELDT, D. J. Educação Ambiental e Educação Física escolar: uma proposta de formação de professores a partir de vivências com a natureza. Lajeado, Centro Universitário UNIVATES, Tese de Doutorado, 2016.

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