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COMPREENSÕES DE ALUNAS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O ENSINO DO FUTEBOL NA ESCOLA E NA ESCOLINHA
Franciele Lansing, Derli Juliano Neuenfeldt

Última alteração: 2018-10-23

Resumo


1 INTRODUÇÃO
Nos esportes em geral, mais precisamente em se tratando do futebol, a mulher já passou e continua passando por discriminações, principalmente quando busca pelo seu espaço em competições. Mourão (2000) comenta que a mulher ao longo da história é representada como algo frágil, incapaz, um corpo que deveria ser preservado apenas para a função de reprodução. Dessa forma, a mulher não poderia gastar energia com outras atividades, tais como os esportes, pois precisava se preservar as funções da maternidade.
Essa compreensão do papel da mulher leva, no Brasil, inclusive a se ter leis que proíbem a prática do futebol pelas mulheres. Hoje, mesmo não se tendo mais restrições legais, o futebol ainda é visto como um esporte masculino, o que, de certo modo, dificulta a participação feminina nesta modalidade esportiva.
Porém, as mulheres estão buscando superar essas dificuldades, enfrentando esses velhos tabus. Em outras palavras, em um contexto de mudança, ela tem conseguido romper paradigmas e vêm assumindo novas ideias, novos papéis sociais, o que se reflete também no universo esportivo e no ensino da Educação Física Escolar.
Desta forma, este estudo tem por objetivo analisar a compreensão de alunas dos Anos Finais do Ensino Fundamental acerca do ensino de futebol na Educação Física Escolar ao compará-lo com as vivências na escolinha de futebol que frequentam.

2 METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como qualitativa e descritiva que será realizada numa Escola Municipal e em uma escolinha de um município do Vale do Taquari/RS, sendo ambas da mesma cidade. Participarão do estudo oito alunas do Ensino Fundamental dos Anos Finais, do 6.º ao 9.º ano, sendo duas de cada ano, que praticam o futebol na escola e na escolinha e a professora de Educação Física que ministra tanto na escola como na escolinha.
Para a coleta de dados serão realizadas entrevistas semiestruturadas. As entrevistas serão gravadas e, posteriormente, transcritas. As entrevistas têm como propósito conhecer a metodologia utilizada pela professora ao ensinar futebol, tanto na escola, como na escolinha, bem como a compreensão destas estudantes quanto a semelhanças e diferenças em relação as cobranças nos aspectos físicos, técnicos e táticos nos dois espaços. Além disso, pretende-se identificar e discutir motivos que levaram as alunas a optarem pelo futebol na escolinha.
A análise de informações será realizada por categorias e por estudos comparativos. Flick (2009, p. 135) diz que “num estudo comparativo, não se observa o caso como um todo, nem em toda a sua complexidade; em vez disso, observa-se a multiplicidade de casos relacionados a determinados excertos” Isto é, podemos comparar conteúdos relativos às experiências de um grande e/ou de um pequeno número de pessoas.

3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
A pesquisa encontra-se em andamento. Espera-se que o estudo contribua para fornecer dados que possibilitem a análise do ensino do futebol na escola e na escolinha tendo como eixo a participação feminina. A discussão se dará em relação aos aspectos metodológicos, mas também em relação a superação ou não do entendimento do futebol como uma prática masculina.
A mulher está em busca de coisas novas, de novas ideias, de novas práticas corporais. Essa busca, de acordo com (SIMÕES, 2004, p.27), “é uma questão que representa mudanças de paradigmas em todas as esferas acompanhadas de novas regras, regulamentos e condutas aplicáveis às suas representações que decorrem do universo esportivo”.
Nessa caminhada, finalizamos com Vago (1996) que afirma que escola deve ser o lugar da produção da cultura, cabendo-lhe a tarefa de influenciar a sociedade a conhecer e a usufruir outras possibilidades de apropriar-se do esporte, a fim de buscar sua permanência tanto no espaço social da escola, quanto no espaço social mais amplo.


4 REFERÊNCIAS
FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

MOURÃO, Ludmila. Representação social da mulher brasileira nas atividades físico-desportivas da segregação à democratização. Revista Movimento, Porto Alegre. V. 6, n. 13, p.5-18, dez. 2000. Disponível em: . Acesso em: 19 jul. 2018.
SIMÕES, Antonio Carlos. Universo das mulheres nas práticas sociais e esportivas. In.: SIMÕES, Jorge DorfmanKnijnik (Orgs.), O mundo psicossocial da mulher no esporte: Comportamento, Gênero, Desempenho. São Paulo: Aleph, 2004, p.23 - 46.
VAGO, Tarcísio Mauro. O “esporte na escola” e o “esporte da escola”: da negação radical para uma relação de tensão permanente. Revista Movimento, Porto Alegre, v.3, n. 5, p.4-17, ago. 1996. Disponível em: . Acesso em 19 jul. 2018.

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