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Trata-se de um estudo sobre as práticas corporais no contexto de uma escola rural que se baseia na pedagogia da alternância, localizada na ilha de Outeiro-PA. O objetivo desse trabalho é fazer uma reflexão sobre a Educação Física no contexto intercultural, envolvendo a escola e a comunidade, como também, contribuir para o debate sobre a educação nas escolas do campo da região amazônica, que tem sua paisagem marcada pelo curso das águas. No percurso metodológico foi utilizado a análise documental, investigando o planejamento das atividades de Educação Física, e o registro das aulas e visitas de alternância, possibilitando a investigação da execução, com a perspectiva de possibilitar a uma melhor compreensão sobre o contexto escolar e a Amazônia rural ribeirinha. Os discentes regularmente matriculados na escola são jovens ribeirinhos residentes na região das ilhas, muitos desses residem em pequenas comunidades familiares localizadas a beira dos rios que não possuem escolas ou possuem classes multisseriadas que abrangem apenas as primeiras séries do ensino fundamental. O ribeirinho vive em um contexto em que o rio faz parte da dinâmica local e, o currículo da Educação Física precisa atuar de maneira que esta dinâmica seja contemplada e refletida, sendo possível essa visualização nos planejamentos quinzenais articulados com outras disciplinas do currículo escolar, como na quinzena temática sobre a origem da água e da vida em que é possível visualizar conteúdos como a natação e a canoagem, aproximando-se do que preconizam as diretrizes curriculares para a Educação Física, assim como da formação profissional do técnica em pesca, possibilitando ainda a observação da expressão da cultura, saberes e identidades do ribeirinho, atendendo ao compromisso com uma educação que construa e cultive diálogos e problematize os debates sobre as possíveis interações entre interculturalidade, conhecimento científico e conhecimentos tradicionais no contexto da Educação Física Escolar e reforçadas através dos períodos de alternância na comunidade. Portanto, voltar-se para as experiências interculturais da educação formal, muito nos poderá ensinar acerca de outras realidades, em que a necessidade de um trato diferente para com as culturas e os cotidianos se faz necessária, contrário ao pensamento hegemônico da Educação Física.

Educação Física; Cultura; Currículo.