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ENCURTAMENTO DOS MEMBROS: UMA ANÁLISE IMAGÉTICA SOBRE O CORPO DO DEFICIENTE FÍSICO
Ana Bárbara Assunção Vazquez Corrêa, CATHARINE PRATA SEIXAS

Última alteração: 2018-08-29

Resumo


Diferentes fatores podem contribuir para a inclusão, desde a acessibilidade, em seus vários aspectos, à legislação que traz as garantias do direito fundamental a cada cidadão. Contudo, existe no contexto social a questão da imagem como representação de corpos perfeitos e iguais que trazem o ideal capitalista do corpo preparado para o trabalho e que se dá pela relação do homem com o meio social. Nesse sentido, o presente trabalho pretende analisar as falas de um sujeito com o encurtamento dos membros, de forma que se possa entender a percepção do “Eu”, a partir das representações sociais e da concepção imagética de si e do outro. A partir de um estudo de caso, a análise centra-se na questão das relações estabelecidas com a família, os amigos, a escola, a universidade e o trabalho. Para tanto, nos valemos principalmente de referenciais como Vigotski (1983) com a teoria histórico-cultural, Goffman (1963) com a visão sobre os estigmas, Mèszáros (1972) com a abordagem sobre educação e trabalho na perspectiva capitalista, Débora Diniz(2007) que nos aproxima do modelo social da deficiência, Yin (2005) com dimensão do estudo de caso e Gil (2008) no âmbito da pesquisa social. O estudo de caso vem se desenvolvendo a partir de entrevistas semiestruturadas, utilizando a coleta das falas e posteriormente a análise que retrate as concepções da pessoa com deficiência física, neste caso, encurtamento de membros (superior e inferior). Assim, a partir da entrevista, pode-se até o momento, perceber a tranquilidade e o discernimento do entrevistado com relação ao seu corpo, diferente de outrora, quando fora alvo de constantes estranhezas, superproteções e indiferenças, porém ainda em suas falas, pode-se perceber, as retomadas de opiniões pelo entrevistado, que modificam a cada provocação, quando se trata das relações construídas socialmente e fora do contexto familiar. São palavras peculiares que definem um lugar, ora de isolamento, ora de uma super atenção, tais palavras podem ser percebidas em expressões como: “não podia”, “o corpo, a beleza”, “olhar discriminatório”, “tratamento diferenciado”, “comportamento passivo”, “a super proteção”. Com alguns termos utilizados nas respostas do entrevistado, nota-se a complexidade do ideal de corpo previsto pela imagem social e as experiências que atravessam o sujeito com o corpo diferente. São palavras que trazem à tona os aspectos de segregação num meio social de seres da mesma espécie, sobre isso Diniz (2007) nos traz um alerta no que se refere ao conceito de anormalidade como um julgamento estético e, portanto, um valor moral sobre os estilos de vida. Ainda assim, se sobrepõe, muitas vezes a essa possibilidade de enxergar a pessoa, o fato da construção de estigmas, que Goffman (1963), ressalta na possibilidade do individuo de ser recebido facilmente na relação social, porém por possuir um traço que se impõe a atenção, acaba afastando aqueles que o encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus, ou seja, o aspecto físico denota a qualificação do corpo em detrimento das relações sociais, apontado por marcas de inferiorização. Outra questão importante que se deve observar é a organização psicofisiológica trazida por Vigotski (1997) onde o autor ressalta que as disparidades entre a linha natural e cultural, dão lugar a uma profunda divergência no que se refere ao desenvolvimento, que dependerá de técnicas e modelos para o estímulo de diversas outras partes do corpo, nesse ponto é que entra a educação, como ferramenta propulsora de evolução do sujeito. Dessa forma, pretende-se com essa pesquisa contribuir para o entendimento de algumas concepções que podem trazer com mais clareza uma visão social da deficiência, tirando mais a limitação de um modelo médico, que contribuiu bastante para uma inferiorização dessas pessoas e sugerindo novos olhares para essa questão da imagem da deficiência no contexto social.

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