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TREINAMENTO RESISTIDO EM PACIENTE SUBMETIDO À CIRURGIA BARIÁTRICA: UM ESTUDO DE CASO
Edison Alfredo Araújo Marchand, Luiza Azevedo Lopez, Camila da Silva Ribeiro

Última alteração: 2013-06-01

Resumo


INTRODUÇÃO

A obesidade pode ser considerada uma questão de saúde pública, atingindo grande parte da população mundial. A obesidade grave é uma das doenças que mais matam no mundo em decorrência de suas comorbidades (hipertensão, artropatia, hipoventilação) estando na lista das dez doenças mais mortais do planeta. (PREVEDELLO et al. 2009) Essas condições patológicas reduzem a auto-estima e a qualidade de vida dos pacientes De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os indivíduos que possuem um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 são considerados com sobrepeso. Já as pessoas com IMC acima de 30 são consideradas obesas (BARRETO et al. 2005)
Atualmente, indivíduos obesos que fracassaram nas medidas medicodietéticas para redução de peso, têm como opção submeter-se ao tratamento cirúrgico para auxiliar na perda de peso. (LEMOS, 2006). Nosso trabalho trata-se de um estudo de caso de um paciente com obesidade grau III submetido à cirurgia bariátrica que se apoiou no treinamento resistido para auxiliar na perda de peso.

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é relatar a experiência de um indivíduo com obesidade mórbida que, após ter sido submetido à cirurgia bariátrica ocorrida no ano de 2012, utilizou-se do treinamento resistido para auxiliar na perda de peso e melhorar sua qualidade de vida.

CAMINHOS METODOLÓGICOS:

O sujeito de nosso estudo tem sido acompanhado desde o início do seu programa de treinamento após sua recuperação do pós-cirúrgico até os dias de hoje. Foram utilizados questionários, fotografias e, principalmente, acompanhamento do seu treinamento físico.
Seguindo a recomendação pós-operatória da cirurgia bariátrica, os pacientes são encorajados a realizarem atividades aeróbias objetivando emagrecimento. Porém, na prática, esses pacientes, na sua grande maioria, referem dor, fraqueza muscular nos membros inferiores e desconforto articular ao realizarem essas atividades. Justificamos a escolha deste paciente devido a termos alterado, com seu consentimento, a recomendação pós-operatória de realizar exclusivamente atividade aeróbia. Constatamos que a maior necessidade desses pacientes é a manutenção da massa magra, ganhos de força muscular e consequente estabilidade articular. Atingindo esses objetivos, teríamos mais êxito não só no desenvolvimento das atividades aeróbias como no nível de aptidão física em geral.


DESENVOLVIMENTO:

O sujeito de nosso estudo, L.M.L., tem 37 anos e atua como funcionário de uma companhia de energia elétrica na cidade de Rio Grande, localizada ao sul do estado do Rio Grande do Sul. No ano de 2011 o nascimento de sua primeira filha o fez questionar sua qualidade de vida. Em seu relato, destaca que “[...] levava uma vida desregrada e sem limites, bebia e comia compulsivamente.” (L.M.L.2013). Com 36 anos, L.M.L pesava 170 kg, com obesidade mórbida grau III. Considerando sua altura de 1,84 m, seu IMC indicava um valor superior a 50 (BABIAK, 1997), sendo que o recomendado seria um número inferior a 25. A obesidade grau III está associada à piora da qualidade de vida e à redução da expectativa de vida. (SEGAL E FANDIÑO, 2002). Logo, os danos à sua saúde começaram a se manifestar: “Tinha sérias dificuldades no dia a dia, como caminhar, subir escada, qualquer movimento era sofrível, doía joelho, as costas, transpirava abundantemente, era constrangedor.” (L.M.L. 2013).
Uma mudança na alimentação com orientação dietética, a prática de atividade física e o uso de fármacos são os pilares do tratamento convencional para a obesidade grau III. Com a necessidade de uma intervenção mais enérgica, há a indicação para as operações bariátricas. (SEGAL E FANDIÑO, 2002).
L.M.L foi submetido à cirurgia bariátrica em março de 2012 e iniciou a atividade física em junho, três meses após a intervenção cirúrgica. A partir da motivação deste aluno em mudar seus hábitos e emagrecer, o treinamento resistido foi proposto para recuperar a massa corporal magra. O treinamento resistido foi inicialmente realizado objetivando a recuperação da força muscular e a melhora da estabilidade articular, sendo priorizada a sobrecarga tensional. Na continuidade do treinamento, incrementou-se a atividade aeróbia, caminhada e corrida, optou-se pela alternância de sobrecarga tensional e metabólica, de acordo com a especificidade da atividade aeróbia. Para determinação da carga de trabalho foi adotado o teste de carga por repetição para determinar (COSSENZA e CARNAVAL, 1985; COSSENZA, 1990).
O treinamento aeróbio foi realizado inicialmente objetivando emagrecimento e, posteriormente, com a reposta positiva de nosso paciente, visando uma possível participação em competições de 3 km a 10 km. Em agosto de 2012, L.M.L completou cinco meses de sua cirurgia e participou de sua primeira prova de corrida, completando o percurso de 5 km. As intensidades do treinamento aeróbio foram fundamentadas a partir da fórmula de Karvonen et al (1957). As intensidades e durações dos treinos aeróbios foram divididas respectivamente em: muito forte - 100 a 110% e tiros curtos, ou seja, estímulo de segundos; forte - 90% a 95% com estímulos de 05’ a 10’; médio - 80% a 85% com estímulos de 20' a 40’ e; fraco - 70% a 75% com estímulos de 50’ a 60’.Para a realização das provas de corrida, foram estabelecidas as velocidades críticas (ZAAR, 2010), sendo 6’10” a mínima e 5’40” a máxima.
Em março de 2013, após um ano de sua cirurgia bariátrica, L.M.L. continua seu treinamento físico e já totaliza 12 provas de corrida completadas. Foram 65 kg a menos em um ano e uma melhora em sua qualidade de vida.

CONCLUSÃO

Concluímos que a adoção do treinamento resistido aliado ao aeróbio tende a favorecer a manutenção da massa magra, ganhos de força muscular, consequente estabilidade articular e redução da gordura corporal. Assim, acreditamos na possibilidade deste procedimento ser mais eficaz na promoção da aptidão física em geral dos pacientes do que exclusivamente a atividade aeróbia. Com isso, ressaltamos que o paciente submetido à cirurgia bariátrica sentiu uma melhora significativa em sua qualidade de vida, definindo esse período como um “segundo nascimento” (L.M.L. 2013) e adoção de um estilo de vida mais saudável

Palavras-chave


obesidade mórbida; cirurgia bariátrica; qualidade de vida;

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