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PROJETO GINÁSTICA ALEGRIA NA ESCOLA: O FESTIVAL E SUAS POSSIBILIDADES SUPERADORAS NA ESCOLA
Cristina Souza Paraiso, Roseane Soares Almeida, Celi Zulke Taffarel

Última alteração: 2013-07-16

Resumo


INTRODUÇÃO
Ao identificar a situação caótica em que se encontra a educação pública no Brasil e em especial a Educação Física nas escolas públicas do Estado da Bahia: falta de estrutura adequada, falta de material, falta de professores qualificados, e mais especificamente, a constatação de que a ginástica está cada vez mais sendo excluída do contexto escolar, constatamos a necessidade de responder, emergencialmente, ao desafio posto. Desafio este, que não pode ser enfrentado individualmente. É imprescindível a formação de coletivos organizados para a necessária intervenção nesse processo. Dessa forma, a UFBA, enquanto uma instituição pública de ensino tem que responder a essa demanda social apresentada e contribuir com um projeto consistente e permanente com a escola pública, que esteja, fundamentalmente, comprometido com uma educação para emancipação humana. Assim, na perspectiva de se contrapor a essa dura realidade e apontar elementos que contribuam para a superação das contradições existentes, apresentamos o Projeto “Ginástica: Alegria na escola”, em uma ação integrada entre Universidade e escola pública.
O projeto está inserido na pesquisa matricial do Grupo LEPEL/FACED/UFBA, que se vale de fundamentos teórico-metodológicos sobre desenvolvimento humano, teoria do conhecimento, projeto de educação e escolarização para além do capital, em busca de responder ao seguinte problema: “Como é tratada a ginástica nas escolas públicas, qual é a realidade concreta em que ela está inserida e quais as possibilidades de alterar significativamente a cultura pedagógica, considerando a perspectiva crítico-superadora do ensino da Educação Física?”
OBJETIVOS
De forma geral o projeto tem o objetivo de contribuir com a formação continuada de professores da rede pública de ensino, assim como dos professores em formação, por meio da crítica a situação atual nas escolas, o estudo da teoria pedagógica, o debate sobre proposições crítico superadoras, em especial neste projeto com propostas de experimentações pedagógicas - ensino e pesquisa - para as escolas na perspectiva da educação emancipadora, tratando do conhecimento da cultura corporal nas aulas de Educação Física, em especial o conhecimento da ginástica.
METODOLOGIA
Utilizamos como metodologia do ensino, o método didático da prática social, baseado na perspectiva histórico-crítica (SAVIANI, 2005) que prevê: prática social; problematização; instrumentalização; catarse e retorno à prática social. Portanto, a prática social é sempre o ponto de partida e chegada, sendo que neste último a prática deve ser transformadora da realidade inicial. Assim, podemos destacar como momentos do processo: capacitação em curso intensivo de ginástica circense; seminário interativo e aprofundamento na ginástica; experimentação pedagógica em unidades escolares e nas universidades; Festival Ginástica Alegria na Escola; seminário interativo de avaliação professores da rede pública: referências básicas para o ensino da ginástica nas escolas; construção coletiva de material didático de referência.
Essa proposta é desenvolvida em parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Coordenação de Educação Física, e possibilita, dessa forma, contribuir com a construção de política pública na área da Educação Física tanto para a cidade quanto para o campo.
ANÁLISE E DISCUSSÕES
O Festival de Cultural Corporal: Ginástica Alegria na Escola é, portanto, parte do projeto “Ginástica: Alegria na escola”, que vem sendo desenvolvido desde 2001. O nome do projeto, “Ginástica: Alegria na Escola” é fundamentado na teoria pedagógica de Georges Snyders (1988) da alegria na escola. Os temas presentes na obra alegria na escola destacam que a escola tem que desenvolver um programa de vida, sendo a alegria um elemento estratégico e essencial nesse processo. Mas não é uma alegria qualquer, descomprometida. É a alegria de dominar o conhecimento. É a alegria de criar, de desenvolver as potencialidades humanas comprometida com a transformação da sociedade. Partindo dessa referência, constituiu-se o Festival de Cultural Corporal: Ginástica Alegria na Escola. Este Festival é realizado anualmente pelo Grupo LEPEL/FACED/UFBA em parceira com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Coordenadoria de Educação Física, como espaço de socialização de todas as experiências e aprendizagens no âmbito da ginástica e da cultura corporal, de uma forma mais geral, desenvolvidas durante o ano letivo por professores e estudantes tanto do ensino superior quanto da educação básica. Vale destacar que os Festivais têm contado também com a participação de outras escolas e Universidades Federais do Nordeste como UFS, UFRPE, UFPB, UFAL, para além da presença da UFBA, de grupos de ginástica, movimentos sociais organizados e de escolas do Estado da Bahia.
CONCLUSÕES
O Festival pode ser destacado enquanto síntese na prática pedagógica no que se refere às categorias: trato do conhecimento/organização do trabalho pedagógico, objetivo/avaliação, materiais/equipamentos e tempo-espaço, apontando possibilidades significativas de alteração da cultura pedagógica da ginástica. Registrado em vídeos e fotografias, constitui material primário de análise, banco de dados e de estudos nas investigações das problemáticas da ginástica. Com a ampliação do Festival - do âmbito da formação inicial à formação continuada de professores - constatou-se um salto qualitativo, expressando-se: na quantidade significativa de adesão e participação - setecentas pessoas inscritas em 2011; na ampliação e diversidade das formas e conteúdos ginásticos apresentados; na diversidade do uso de materiais (tanto oficiais como alternativos); no rompimento das questões de gênero; na aproximação de interpretações contemporâneas das expressões ginásticas; no estímulo das relações Inter geracionais; na relação entre tradição e inovação; na integração universidade-escola-comunidade, local/regional. Esses elementos, portanto, apontam possibilidades objetivas para alteração da cultura pedagógica da ginástica no contexto escolar.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. S. A Ginástica na escola e na formação de professores. 2005. 157 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.


COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

ESCOBAR, M. O.; TAFFAREL, C. N. Z. Ginástica como conteúdo de ensino. uma proposta de programa para a educação básica. Rascunho Digital FACED/UFBA, Salvador: BA. s/d. Disponível em: (Celi Taffarel). Acesso em: 15 mar. 2013.

FREITAS, L. C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995.

PISTRAK, M. Fundamentos da escola do trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2000.

SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 37 ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2005.

SNYDERS, G. A Alegria na escola. São Paulo: Edictora Manole LDTA, 1988.

TAFFAREL, C. N. Z. et al. Projeto de Ensino e Pesquisa: O Conhecimento da Ginástica, a Formação dos Professores, a política pública, a Prática Pedagógica e as proposições superadoras na Escola Pública. Salvador: BA, 2001. Grupo LEPEL/FACED/UFBA [mimeo.]

Palavras-chave


Ginástica; Cultura Corporal; Festival; Escola

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