Tamanho da fonte:
A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA NUMA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO CONTEXTO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO CAPITAL
Última alteração: 2015-07-05
Resumo
Com o crescimento das políticas neoliberais nos anos 90 é requisitado um novo tipo de trabalhador, que é baseado no modelo das competências e reflete nada mais do que a própria reestruturação produtiva do capital. Nisto
....a Educação Física perde sua centralidade no projeto dominante de formação do novo trabalhador, perdendo, assim, sua importância como disciplina do currículo [...] em detrimento a outros conteúdos mais importantes para a formação dos jovens para o mercado, como, por exemplo, a informática (DIAS JÚNIOR; LIMA, 2011, p. 40 - 41).
Uma vez que os serviços públicos são precários, podemos neste contexto de reestruturação capitalista indagar qual sua influência na formação dos profissionais de Educação Física? Partindo do pressuposto que tal reestruturação é alcançada através de mudanças na estrutura política atingindo todos os elementos da organização social inclusive na formação, onde existem como preocupação fundamental as políticas de competências necessárias para inserção do trabalhador no mercado de trabalho, secundarizando a formação humana, e que tais mudanças se expressam de forma que a formação da classe trabalhadora seja “precarizada” tornando-a um instrumento de dominação que serve para a manutenção do capitalismo.
Na conjuntura visualizada por Taffarel (2012), ao analisarmos a formação em Educação Física orientada pela resolução 07/2004, percebemos a desqualificação na formação tanto com a divisão como com na limitação dos ambientes de atuação. Nisto, os licenciados poderão atuar nas escolas enquanto os bacharéis poderão nos demais campo de atuação que requerer a intervenção do profissional de Educação Física.
Fato este potencializado pelo sistema CONFEF/CREF restringindo o campo profissional a formação e atuação profissional, interferindo na Universidade e nos campos de trabalho. Por outro lado vem se configurando a luta na perspectiva de uma nova conjuntura, representada pelo Movimento Nacional Contra a Regulamentação (MNCR), pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física (ExNEEF) e por intelectuais orgânicos comprometidos com a classe trabalhadora e periódicos científicos (TAFFAREL, 2012).
Com a Resolução 07/2004 de maneira a restringir a área de intervenção dos graduados em Educação Física entendemos ser pertinente essa análise com vistas a entender a formação em Educação Física na atual fase de reestruturação capitalista. Entendendo que “a luta é justamente para que a qualificação humana não seja subordinada as leis do mercado e a sua adaptabilidade e funcionalidade” (FRIGOTTO,1996, p.31) onde vem se configurando a luta na perspectiva de uma nova proposta.
Assim, o presente projeto de pesquisa desenvolverá uma reflexão acerca da formação de profissionais, em especial dos de Educação Física, bem como do processo histórico da resolução 07/2004 que direciona a formação inicial desta área do conhecimento, assim como buscará, ainda, apontar a conjuntura atual após 10 anos de instauração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais e apontamentos para uma formação que esteja direcionada, enquanto um contraponto, à perspectiva de uma formação voltada estritamente para as demandas do capital.
Este estudo tem como objetivo geral analisar a formação de professores de Educação Física numa Universidade pública à luz da reestruturação produtiva do capital, com base no debate nacional sobre a divisão entre Licenciatura e Bacharelado. Tendo como objetivos específicos: Relacionar o currículo do curso de formação dos Profissionais em Educação Física com a reestruturação produtiva do capital, na perspectiva de levantar possibilidades de superação na formação dos mesmos e contribuir para o debate entre Licenciatura e Bacharelado; Identificar a concepção de formação presente nos argumentos dos docentes e graduandos dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física numa Universidade Pública; Elencar as possibilidades de superação na formação dos estudantes e professores de um curso de Educação Física, atualizando o debate sobre formação de profissionais de Educação Física no que tange sua divisão entre Licenciatura e Bacharelado.
A abordagem metodológica utilizada será a qualitativa por entender que é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerente aos atos, as relações e as estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação (Minayo, 2004).
Numa investigação científica o pesquisador deve partir do pressuposto de que o objeto a ser estudado, em essência, não o é apresentado de maneira imediata. Ou seja, “a coisa em si” precisa ser “descortinada”. Desta forma, KOSIK (1976) coloca que:
O homem antes de iniciar qualquer investigação deve possuir uma segura consciência do fato de que existe algo susceptível de ser definido como estrutura da coisa, essência da coisa, coisa em si, e de que existe uma verdade oculta da coisa, distinta dos fenômenos. (p. 16).
E a partir do entendimento de que “a coisa em si” (o real concreto) não se manifesta imediatamente, devemos entender os fenômenos - que são expressos de maneira imediata, e compõem a essência – e a essência numa relação dialética, pois o fenômeno
não é radicalmente diferente da essência, e a essência não é uma realidade pertencente a uma ordem diversa da do fenômeno. Se assim fosse, o fenômeno não se ligaria à essência através de uma relação íntima, não poderia manifestá-la e ao mesmo tempo escondê-la; a sua relação seria reciprocamente externa e indiferente. (pág. 16)
Na presente intensão de analisar a formação de profissionais de Educação Física numa universidade pública, frente ao contexto de crise do capital, podemos pontuar o ideário neoliberal e do trabalhador flexível que assola as sociedades nas últimas décadas. E que tal ideário possa estar presente nos argumentos tanto dos discentes como dos docentes de um curso de graduação em Educação Física, representando assim as demandas exigidas pelo capital em sua atual conjuntura, bem como possibilidades de uma formação que caminhe para uma intervenção social crítica, considerando os aspectos complexos e contraditórios que a permeia e na elaboração do trabalho pedagógico.
Nesta pesquisa nos apropriaremos de um estudo documental, em que analisaremos os planos de trabalhos dos professores selecionados, bem como da proposta curricular da instituição de ensino superior a ser investigada.
Ainda no referido estudo, utilizaremos a técnica de entrevistas semiestruturadas com os agentes da dinâmica curricular (Professores e alunos de um curso de graduação em Educação Física de uma Universidade Pública). A população do referido estudo será composta pelos discentes que estiverem no último semestre dos cursos de licenciatura e bacharelado, por entender que estes caminham para um maior entendimento acerca de sua formação; e pelos docentes que estiveram presentes nas discussões que culminaram no atual currículo e que estejam ministrando disciplinas tanto no curso da licenciatura quanto no Bacharelado em Educação Física.
As entrevistas serão transcritas e analisadas a partir da técnica de análise de conteúdo do tipo categorial temático, cujo produto será apresentado em categorias, ilustradas com discursos dos docentes e discentes.
Referências
DIAS JÚNIOR, Elson Moura; LIMA, Thiago Firmino. MNCR: 10 anos na Luta pela Regulamentação do Trabalho. Feira de Santana: UEFS Editora, 2011.
Kosik, K. Dialética do concreto; 2. Edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a Crise do Capitalismo Real. 2° edição. São Paulo: Cortez, 1996.
TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. Formação de Professores de Educação Física: Diretrizes para a Formação Unificada. Revista Kinesis, v 30,n1,2012.
....a Educação Física perde sua centralidade no projeto dominante de formação do novo trabalhador, perdendo, assim, sua importância como disciplina do currículo [...] em detrimento a outros conteúdos mais importantes para a formação dos jovens para o mercado, como, por exemplo, a informática (DIAS JÚNIOR; LIMA, 2011, p. 40 - 41).
Uma vez que os serviços públicos são precários, podemos neste contexto de reestruturação capitalista indagar qual sua influência na formação dos profissionais de Educação Física? Partindo do pressuposto que tal reestruturação é alcançada através de mudanças na estrutura política atingindo todos os elementos da organização social inclusive na formação, onde existem como preocupação fundamental as políticas de competências necessárias para inserção do trabalhador no mercado de trabalho, secundarizando a formação humana, e que tais mudanças se expressam de forma que a formação da classe trabalhadora seja “precarizada” tornando-a um instrumento de dominação que serve para a manutenção do capitalismo.
Na conjuntura visualizada por Taffarel (2012), ao analisarmos a formação em Educação Física orientada pela resolução 07/2004, percebemos a desqualificação na formação tanto com a divisão como com na limitação dos ambientes de atuação. Nisto, os licenciados poderão atuar nas escolas enquanto os bacharéis poderão nos demais campo de atuação que requerer a intervenção do profissional de Educação Física.
Fato este potencializado pelo sistema CONFEF/CREF restringindo o campo profissional a formação e atuação profissional, interferindo na Universidade e nos campos de trabalho. Por outro lado vem se configurando a luta na perspectiva de uma nova conjuntura, representada pelo Movimento Nacional Contra a Regulamentação (MNCR), pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física (ExNEEF) e por intelectuais orgânicos comprometidos com a classe trabalhadora e periódicos científicos (TAFFAREL, 2012).
Com a Resolução 07/2004 de maneira a restringir a área de intervenção dos graduados em Educação Física entendemos ser pertinente essa análise com vistas a entender a formação em Educação Física na atual fase de reestruturação capitalista. Entendendo que “a luta é justamente para que a qualificação humana não seja subordinada as leis do mercado e a sua adaptabilidade e funcionalidade” (FRIGOTTO,1996, p.31) onde vem se configurando a luta na perspectiva de uma nova proposta.
Assim, o presente projeto de pesquisa desenvolverá uma reflexão acerca da formação de profissionais, em especial dos de Educação Física, bem como do processo histórico da resolução 07/2004 que direciona a formação inicial desta área do conhecimento, assim como buscará, ainda, apontar a conjuntura atual após 10 anos de instauração das novas Diretrizes Curriculares Nacionais e apontamentos para uma formação que esteja direcionada, enquanto um contraponto, à perspectiva de uma formação voltada estritamente para as demandas do capital.
Este estudo tem como objetivo geral analisar a formação de professores de Educação Física numa Universidade pública à luz da reestruturação produtiva do capital, com base no debate nacional sobre a divisão entre Licenciatura e Bacharelado. Tendo como objetivos específicos: Relacionar o currículo do curso de formação dos Profissionais em Educação Física com a reestruturação produtiva do capital, na perspectiva de levantar possibilidades de superação na formação dos mesmos e contribuir para o debate entre Licenciatura e Bacharelado; Identificar a concepção de formação presente nos argumentos dos docentes e graduandos dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física numa Universidade Pública; Elencar as possibilidades de superação na formação dos estudantes e professores de um curso de Educação Física, atualizando o debate sobre formação de profissionais de Educação Física no que tange sua divisão entre Licenciatura e Bacharelado.
A abordagem metodológica utilizada será a qualitativa por entender que é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerente aos atos, as relações e as estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação (Minayo, 2004).
Numa investigação científica o pesquisador deve partir do pressuposto de que o objeto a ser estudado, em essência, não o é apresentado de maneira imediata. Ou seja, “a coisa em si” precisa ser “descortinada”. Desta forma, KOSIK (1976) coloca que:
O homem antes de iniciar qualquer investigação deve possuir uma segura consciência do fato de que existe algo susceptível de ser definido como estrutura da coisa, essência da coisa, coisa em si, e de que existe uma verdade oculta da coisa, distinta dos fenômenos. (p. 16).
E a partir do entendimento de que “a coisa em si” (o real concreto) não se manifesta imediatamente, devemos entender os fenômenos - que são expressos de maneira imediata, e compõem a essência – e a essência numa relação dialética, pois o fenômeno
não é radicalmente diferente da essência, e a essência não é uma realidade pertencente a uma ordem diversa da do fenômeno. Se assim fosse, o fenômeno não se ligaria à essência através de uma relação íntima, não poderia manifestá-la e ao mesmo tempo escondê-la; a sua relação seria reciprocamente externa e indiferente. (pág. 16)
Na presente intensão de analisar a formação de profissionais de Educação Física numa universidade pública, frente ao contexto de crise do capital, podemos pontuar o ideário neoliberal e do trabalhador flexível que assola as sociedades nas últimas décadas. E que tal ideário possa estar presente nos argumentos tanto dos discentes como dos docentes de um curso de graduação em Educação Física, representando assim as demandas exigidas pelo capital em sua atual conjuntura, bem como possibilidades de uma formação que caminhe para uma intervenção social crítica, considerando os aspectos complexos e contraditórios que a permeia e na elaboração do trabalho pedagógico.
Nesta pesquisa nos apropriaremos de um estudo documental, em que analisaremos os planos de trabalhos dos professores selecionados, bem como da proposta curricular da instituição de ensino superior a ser investigada.
Ainda no referido estudo, utilizaremos a técnica de entrevistas semiestruturadas com os agentes da dinâmica curricular (Professores e alunos de um curso de graduação em Educação Física de uma Universidade Pública). A população do referido estudo será composta pelos discentes que estiverem no último semestre dos cursos de licenciatura e bacharelado, por entender que estes caminham para um maior entendimento acerca de sua formação; e pelos docentes que estiveram presentes nas discussões que culminaram no atual currículo e que estejam ministrando disciplinas tanto no curso da licenciatura quanto no Bacharelado em Educação Física.
As entrevistas serão transcritas e analisadas a partir da técnica de análise de conteúdo do tipo categorial temático, cujo produto será apresentado em categorias, ilustradas com discursos dos docentes e discentes.
Referências
DIAS JÚNIOR, Elson Moura; LIMA, Thiago Firmino. MNCR: 10 anos na Luta pela Regulamentação do Trabalho. Feira de Santana: UEFS Editora, 2011.
Kosik, K. Dialética do concreto; 2. Edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a Crise do Capitalismo Real. 2° edição. São Paulo: Cortez, 1996.
TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. Formação de Professores de Educação Física: Diretrizes para a Formação Unificada. Revista Kinesis, v 30,n1,2012.
Palavras-chave
formação profissional; Educação Física
Referências
DIAS JÚNIOR, Elson Moura; LIMA, Thiago Firmino. MNCR: 10 anos na Luta pela Regulamentação do Trabalho. Feira de Santana: UEFS Editora, 2011.
Kosik, K. Dialética do concreto; 2. Edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a Crise do Capitalismo Real. 2° edição. São Paulo: Cortez, 1996.
TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. Formação de Professores de Educação Física: Diretrizes para a Formação Unificada. Revista Kinesis, v 30,n1,2012.
Kosik, K. Dialética do concreto; 2. Edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a Crise do Capitalismo Real. 2° edição. São Paulo: Cortez, 1996.
TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. Formação de Professores de Educação Física: Diretrizes para a Formação Unificada. Revista Kinesis, v 30,n1,2012.