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JOGOS NO PIBID: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DA PEDAGOGIA HISTÓRICO–CRÍTICA
Josefa Uérica de Araujo Nogueira, Thamyrys Fernanda Cândido de Lima Nascimento, Maria Tarciana de Lima Sant

Última alteração: 2015-09-09

Resumo


JOGOS NO PIBID: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DA PEDAGOGIA HISTÓRICO–CRÍTICA

Josefa Uérica de Araujo Nogueira¹
Thamyrys Fernanda Cândido de Lima Nascimento¹
Maria Tarciana de Lima Santos¹
Marco Antonio Fidalgo Amorim²

PALAVRAS-CHAVE: PIBID; Pedagogia Histórico-Crítica; Educação Física Escolar.

INTRODUÇÃO
Durante muito tempo a Educação Física Escolar esteve atrelada a uma concepção de Aptidão Física, oriunda das ciências naturais o que privilegiou apenas as práticas esportivas, deixando de lado os outros conteúdos da Cultura Corporal, como os jogos, as danças, as ginásticas, as lutas e os esportes, construídos historicamente pelo homem. Contudo, na década de 80, a Educação Física passou por um momento de ampla discussão, fazendo surgir várias abordagens de ensino na tentativa de sanar sua crise de identidade. Entre elas, destaca-se a Concepção Critico-Superadora (COLETIVO DE AUTORES, 1992) a qual faz fortes críticas ao modelo tradicional da Educação Física Escolar e propõe proposições críticas e superadoras. Neste sentindo, estudantes bolsistas do Programa Institucional de bolsa de iniciação a Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Educação Física - CAV/UFPE desenvolveram uma proposta pedagógica em turmas do ensino médio de uma escola da Rede Pública Estadual de Ensino da cidade de Vitória de Santo Antão/PE.O trabalho pedagógico justificou-se pela necessidade de implementação de práticas pedagógicas inovadoras na Educação Física Escolar. Como balizador teórico para o trato com o conhecimento, utilizamos o Materialismo-Histórico-Dialético enquanto teoria do conhecimento. Tal concepção parte de uma lógica dialética que busca entender a realidade concreta e contraditória a partir de uma visão de luta de classes, trazendo em sua essência categorias como: totalidade, movimento, mediação, mudança qualitativa e contradição. As intervenções educativas foram alicerçadas na Pedagogia Histórico-Crítica, a qual oportunizou o resgate de múltiplas práticas corporais, assim como a reflexão dessas práticas de acordo com a realidade do interior do nordeste brasileiro, visto que estas vivências apresentam inúmeras e específicas manifestações sociais e culturais. A Pedagogia Histórico-Crítica apresenta cinco passos a serem trabalhados que são: prática social, problematização, instrumentalização, catarse e nova prática social. Metodologicamente, as ações realizaram uma reflexão pedagógica segundo os conteúdos da Cultura Corporal e seus determinantes históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais; sobre a expressão corporal como linguagem, pois o corpo humano expressa sentidos e significados distintos; e sobre o processo de ação-reflexão-nova ação. É de se destacar que tais passos metodológicos foram balizadores de todas as intervenções e que os mesmo não se caracterizam como momentos etapísticos, e sim simultâneos.

OBJETIVO
Assim sendo o presente trabalho tem como objetivo, relatar a experiência de uma ação pedagógica, desenvolvida com um dos conteúdos da Cultura Corporal: o Jogo, a partir da Pedagogia Historico-Crítica. Realizada por acadêmicas bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Educação Física - CAV/UFPE, em turmas do ensino médio de uma Escola da Rede Pública Estadual de Ensino do município de Vitória de Santo Antão/PE no ano de 2014.

METODOLOGIA DAS AULAS
As intervenções tiveram como principais objetivos a compreensão dos conhecimentos/conteúdos dos Jogos enquanto uma prática sistematizada e construída historicamente e a apropriação dos diferentes tipos de Jogos, assim como o entendimento das suas diferentes esferas históricas, culturais, sociais, políticas e econômicas. Nossa primeira intervenção foi constituída pela organização e estruturação do Festival de Cultura Corporal elaborado juntamente com o professor supervisor e professor coordenador do projeto, alunos e professores do Coletivo de Reflexão-Ação em Educação/Educação Física (CoRE) do curso de Licenciatura em Educação Física CAV/UFPE. Após o Festival iniciamos as intervenções, onde todo trabalho pedagógico foi planejado coletivamente a fim de melhorar a organização e execução das aulas de Educação Física. Assim sendo as intervenções foram compostas por sete tipos diferentes de Jogos: Populares, Eletrônicos, Esportivos, Competitivos, Cooperativos, Juninos e Teatrais. Foram utilizados vários tipos de instrumentos didático-pedagógicos como: músicas, pinturas, vídeos, debates, textos e múltiplas vivencias práticas, com a finalidade de facilitar o trato com o conhecimento e a apropriação dos saberes por parte dos escolares. No que diz respeito à avaliação do processo de ensino/aprendizagem, partimos do pressuposto de que a avaliação não se resume a períodos pré-determinados, ou medir, comparar e selecionar alunos, e sim algo que se constitui como uma totalidade, que tem finalidades, sentidos, conteúdo e forma. Desta forma, foram organizados diversos momentos e instrumentos avaliativos como: seminários, júris, debates, caça-palavras e textos elaborados pelos escolares.

ANÁLISE E DISCUSSÃO

Durante o desenvolvimento da proposta pedagógica pode-se verificar avanços significativo por parte dos escolares da escola e dos bolsistas do PIBID. No que diz respeito aos escolares, percebemos inicialmente certa resistência à proposta de aula adotada, baseada no dialogo e na reflexão acerca do tema. Entretanto, no decorrer do processo constatou-se que houve ampliação dos conhecimento/saberes sobre a temática, pois a partir das problematizações e instrumentalizações os alunos puderam compreender o Jogo em diferentes eixos quer sejam estes históricos, culturais, econômico, políticos e sociais. Existiu também o aprofundamento nas esferas conceituais, procedimentais e atitudinais, bem como nas capacidades argumentativas, interpretativas, explicativas, reflexivas e dialógicas. Já para os bolsistas, o PIBID oportunizou a experiência de ser professor, pois ao entrar na escola foi possível compreender a sua organização e, a partir daí, estruturar coletivamente o trabalho pedagógico da Educação Física no que concerne o planejamento, seleção e sistematização dos conteúdos, estratégia metodológica e avaliação. Fato este que permitiu aos bolsistas o aprofundamento dos referencias teórico/metodológicos da área.

CONCLUSÃO
A inserção dos acadêmicos na escola pública, através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) oportunizou momentos de extremo aprendizado, pois possibilitou a oportunidade de assumir o papel de docente. A estruturação do trabalho coletivamente permitiu aos bolsistas entenderem como funciona a organização do trabalho pedagógico da Educação Física Escolar, possibilitando novas experiências para o exercício das práticas pedagógicas futuras. Ademais, a escolha do conteúdo Jogo permitiu aos escolares a ampliação dos conhecimentos acerca da Cultura Corporal, e o entendimento do Jogo como uma invenção humana construída historicamente, permitindo-lhes refletir acerca dos seus determinantes históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais, perpassando desde sua gênese até os dias atuais. Pode-se observar também um salto qualitativo no que concerne o trato com o conhecimento por parte dos escolares, pois através das problematizações e instrumentalização os mesmos construíram uma nova visão sobre o conteúdo Jogos, bem como uma nova compreensão da realidade que eles estão inseridos.

REFERÊNCIAS
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
DARIDO, S.C.; SOUZA JÚNIOR, O. M. Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. Ed. Papirus, 2010.
EREM José Joaquim da Silva Filho. Projeto Político Pedagógico. Vitória de Santo Antão, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Ega Editora, 1996.MINAYO, M.C.S. Pesquisa Social – Teoria, método e criatividade. Ed. Vozes, 1994.
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Ed. Autores Associados, 1991.

FONTE DE FINANCIAMENTO
CAPES/PIBID/UFPE

¹ Acadêmicas do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco e bolsistas do PIBID/CAV/UFPE. uericaarauj@hotmail.com thamyrysfernanda@hotmail.com tarcinha04@outlook.com
² Professor Doutor do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco. marcofidalgo1@hotmail.com

Palavras-chave


PIBID; Pedagogia Histórico-Crítica; Educação Física Escolar.

Referências


COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
DARIDO, S.C.; SOUZA JÚNIOR, O. M. Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. Ed. Papirus, 2010.
EREM José Joaquim da Silva Filho. Projeto Político Pedagógico. Vitória de Santo Antão, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Ega Editora, 1996.MINAYO, M.C.S. Pesquisa Social – Teoria, método e criatividade. Ed. Vozes, 1994.
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Ed. Autores Associados, 1991.

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