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A COLABORAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES: COMPARTILHAMENTO EM LUGAR DO ISOLAMENTO DOCENTE
José Henrique, Fábio Bernardo Bastos

Última alteração: 2015-07-05

Resumo


A formação continuada deve contribuir para a melhoria das condições de trabalho dos professores e seu aprimoramento profissional consoante os avanços e inovações em suas áreas. Apesar dos esforços empenhados, as ações no âmbito federal sofrem por conta da fragmentação e desarticulação das ações de formação organizadas por Estados e Municípios, restringindo suas ações à utilização de instrumentos de gestão de processos, prazos e metas desgarradas das necessidades do chão da escola. Diversos estudos identificam que as ações de formação continuada ainda são realizadas mediante modalidades clássicas e tradicionais. A introdução de modelos inovadores esbarra na ausência de políticas formativas sistemáticas, intencionais, articuladas e contínuas. A formação continuada deve permitir experiências prazerosas para o desvendar de novas formas de ser, pensar e sentir, visando o desenvolvimento pessoal e profissional do professor. O objetivo desta pesquisa foi analisar o desenvolvimento de um projeto de formação colaborativa de professores de educação física, visando descrever a constituição coletiva do processo, os efeitos percebidos pelos professores para a sua formação pessoal, bem como os impactos metodológicos no ensino-aprendizagem. A pesquisa se caracteriza como descritiva, a partir de um modelo de pesquisa-ação em contexto colaborativo. A formação colaborativa foi frequentada em média por 35 professores de educação física da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro. O processo de formação abrangeu a seleção de tema em que os professores identificaram maior necessidade (tecnologias nas aulas de educação física) e foi realizado em encontros mensais, durante oito meses. Os professores foram envolvidos em leituras de textos científicos, discussões e planejamento coletivo, apresentação de projetos de intervenção pedagógica e relato das experiências concretizadas na escola. Os dados foram interpretados por meio de observação e registros de campo das reuniões de formação e análise de conteúdo de entrevistas realizadas com os professores ao final da formação. A formação colaborativa configurou possibilidades e potencial baseados na animação de atitudes interacionistas e dialógicas entre os professores; na articulação de conhecimentos teóricos e práticos afirmantes da intencionalidade do ato educativo; no protagonismo de (re)criação e/ou (re)construção de saberes e práticas pedagógicas; e em práticas de ensino que sensibilizaram o professor em colocar o aluno como elemento central no ensino-aprendizagem. Alguns elementos limitantes como hábitos de leituras/estudo/escrita dos professores, quantitativo de participantes e grau de socialização entre pares foram observados como elementos restritivos ao trabalho colaborativo. Ainda assim, as manifestações observadas em distintos grupos de professores durante o processo interativo, mesmo que não comuns a todos, refletiram perspectivas de realização congnoscitiva e interventiva no processo colaborativo. A perspectiva de formação colaborativa incita o debate sobre a necessidade de escutar as necessidades cotidianas do professor, de permitir a livre expressão sobre seus conhecimentos, medos, angústias, proporcionando novas aprendizagens através de momentos de reflexão e de trocas colaborativas e emancipadas e, consequentemente, seu desenvolvimento profissional.

Palavras-chave


formação colaborativa; educação física; formação continuada; desenvolvimento profissional

Referências


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