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EFICÁCIA SIMBÓLICA NAS PRÁTICAS CORPORAIS PARA PACIENTES COM FIBROMIALGIA
Leonardo Hernandes de Souza Oliveira, Rafael da Silva Mattos, Stephany de Sá Nascimento

Última alteração: 2021-08-31

Resumo


A fibromialgia (FM) é uma síndrome reumática caracterizada por dor musculoesquelética crônica, difusa e por inúmeros sintomas associados. Diante da frustação e descrença nos campos da diagnose e terapêuticas tradicionais, pacientes com FM encontram-se no polo contrário da eficácia simbólica (ES), pois os processos de interação social, seja no âmbito familiar, laboral ou médico, não promovem o bem-estar, mas acentuação do adoecimento e sofrimento. Estudos ressaltam a importância das práticas corporais (PC) para pessoas com FM nos campos do cuidado em saúde e acolhimento. A ES destaca o papel da crença e dos processos de interação social na compreensão subjetiva do corpo e da dor enquanto estruturas simbólicas. A EF inclui um sistema simbólico de crenças que se estabelece entre pacientes e profissionais de saúde. Compreender as PC como um processo de interação social que garante a eficácia simbólica no processo saúde-doença da FM.O presente estudo foi realizado por meio de entrevista e observação em campo com pacientes diagnosticadas com FM e questionário semiestruturado (google forms) com professores de Educação Física que participaram do Projeto “Tratamento Interdisciplinar para Pacientes com Fibromialgia (TIF)”. A amostra foi composta por 8 pacientes que ingressaram nas atividades do TIF em 2019 e 3 professores de Educação Física (EF) envolvidos com o Projeto. As PC envolveram duas sessões semanais de uma hora cada, com exercício aeróbicos, contra resistidos e de flexibilidade, a partir de uma perspectiva lúdica e socializadora. A metodologia de análise dos dados escolhida foi a Análise do Conteúdo. As PC do TIF, com danças, circuitos, caminhadas, exercícios com pesos e alongamentos, inseriram-se na subjetividade da dor da FM, a partir de habilidades comunicativas e compreensivas (acolhimento) e da reinserção das pacientes no centro do processo saúde-doença (cuidado em saúde). As PC promoveram um diálogo entre a ES e eficácia específica (relacionada aos efeitos terapêuticos da fisiologia do exercício), sem rejeitar e nem aderir às noções da biomedicina, pois ambas são úteis e permitem uma intervenção terapêutica adequada à FM, no controle do quadro sintomático e na melhora da qualidade de vida. As PC, enquanto processos de interação social, compreenderam o processo saúde-doença da FM sob a égide da EF. A prescrição, em termos de montagem das aulas, seleção dos exercícios e intensidade do estímulo, construiu-se de acordo com as subjetividades e crenças das pacientes, principalmente no quesito dor crônica. As dores e os corpos foram compreendidos enquanto estruturas simbólicas construídas nas relações estabelecidas entre professores de EF e pacientes com FM.

Referências


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