Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e IX Congresso Internacional de Ciências do Esporte

Tamanho da fonte: 
SAVATE DESPORTIVO NO RIO DE JANEIRO / SPORTS SAVATE IN RIO DE JANEIRO / SAVATE DEPORTIVO EN RIO DE JANEIRO
Ubiracy da Gloria Junior, Leonardo Carmo Santos

Última alteração: 2021-12-04

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Savate; Boxe-francês; Artes Marciais.


INTRODUÇÃO
O ‘Savate’ é uma luta surgida na França, praticada no porto do sul de Marselha por alguns marinheiros daquele país, do século XVII. Era chamado de "Chausson", em referência a chinelos usados a bordo e sua prática usava somente os chutes (VAZ; CUERVO, 2011). A regulamentação esportiva foi iniciada pelo médico Michel Casseux, em 1825, estabelecendo regras. Em 1832, Charles Lecour combinou técnicas do boxe inglês com as regras e os chutes do “Chausson”, chamando-a de “savate” como prática de boxe francês para a autodefesa (FISAV, 2021). No Brasil, há relatos do Savate no séxulo XIX, trazido por marinheiros franceses e no século XX, no Rio de Janeiro e em São Paulo (VAZ; CUERVO, 2011).
O saber que circula entre os mestres cariocas do Savate pode enriquecer os poucos registros históricos existentes no Brasil, justificando esse trabalho. Conta-se que o esporte voltou a ser praticado do Rio de Janeiro na década de 1980. Somos os mestres formados por essa geração e nosso objetivo é apresentar um relato de experiência sobre o conhecimento que circula entre os mestres cariocas de Savate acerca do desenvolvimento histórico deste esporte na cidade do Rio de Janeiro.

MÉTODO
Sendo o proponente do trabalho mestre de Savate e tendo convivência esportiva e pessoal com mestres no esporte, visamos trazer um relato de experiência através da perspectiva do “saber de experiência” de Bondía (2002). Para o autor “O saber de experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana. De fato, a experiência é uma espécie de mediação entre ambos.” (BONDÍA, 2002, p. 26-27). Nesse tipo de saber se evidencia a exposição aos afetos, cuja experiência tem caráter subjetivo, portanto, “não se separa do indivíduo concreto em quem encarna (BONDÍA, 2002, p. 27).

O QUE SABEMOS DA HISTÓRIA
O fato dos praticantes de Savate ainda serem os implantadores do esporte no Rio de Janeiro, durante nossa convivência, a história é revisitada. O saber dos mestres dá conta que Richard Des Forest, um adolescente filho de franceses, aprendeu parte das técnicas com seu pai e por meio de livros trazidos, que continham progressões dos golpes. Os amigos de Richard participavam dos treinamentos em sua casa, no bairro Ilha do Governador, e ele praticava a luta para auxiliá-lo na preparação física do Tênis, esporte que era campeão carioca, em meados dos anos 1980.
Richard resolveu se aprofundar indo para a França, onde foi aluno de Richard Sylla, um dos maiores campeões de Savate pela França daqueles tempos, que também era técnico da seleção de Savate naquele país. O brasileiro então se formou no esporte, conseguindo o grau Gand D’argent, a ‘Luva de Prata’, que equivale ao posto de professor (FISAV, 2021). Além dos valores do esporte, Richard trouxe o conhecimento esportivo para o Rio de Janeiro, no Iate Clube da Ilha do Governador e os primeiros formados por ele foram em 198 .
A partir dos anos 1990 passou a haver intercâmbio com os franceses, que vinham para o Brasil, se hospedando na casa de Richard. Isso possibilitou aos brasileiros aprimorar técnicas e aprender as nomenclaturas e modalidades, como por exemplo o light combat chamado de assaut, ou estilo, que significa contato leve . O assaut (estilo) era e é um light contato (modalidade que busca a pontuação através do toque, e o uso da força é proibido. O Brasil por isso acabou tendo uma identidade em praticar duramente o que era pra ser de leve contato, pois não sabiam o significado dessa separação de modalidades dentro do desporto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos uma história do Savate que se reproduz entre os mestres deste esporte no Rio de Janeiro. Entendemos haver um legado destacado nesse círculo de mestres-praticantes que ressalta a gênese da luta localizada na Ilha do Governador e o intercâmbio cultural com praticantes franceses, contribuindo para formar professores e atletas que difundem o esporte até os dias de hoje. Acreditamos que pudemos apontar um caminho não relatado à pouca literatura existente sobre o Savate no Brasil.

Referências


BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 19, p. 20-28, 2002.

FISAV. Techniques and Grades. Féderation Internationale de Savate. 2021. Disponível em https://fisavate.org/index.php/en/spirit-of-savate/learning-centre/techniques-and-grades. Acesso em: 23 mai. 2021.

VAZ, L. G. D.; CUERVO, E. J. R. Crônica da capoeira (GEM). O ‘Chausson/Savate’ influenciou a capoeira? EFDeportes.com, Buenos Aires, v. 16, n. 158, p. 1, jul. 2011

Texto completo: PDF