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INTRODUÇÃO
O Carimbó é uma manifestação cultural que desenvolveu-se no Brasil, mais precisamente no estado do Pará. Atualmente é considerado um patrimônio imaterial e popularmente divulgado como uma das mais importantes formas de expressão da identidade paraense e brasileira (INRC, 2014). É caracterizado pelo sincretismo cultural entre indígenas, africanos e ibéricos, carregando, assim, diferentes influências nos seus instrumentos, movimentos e roupas. Além disso, justificado por sua história, é natural conceber que a dança possui marcações de gênero que influenciam em sua prática, como o remelexo do homem, as vestimentas da mulher e os rituais de conquista.
Apesar de suas tradições e particularidades nas relações com o corpo, a utilização do carimbó não é recorrente nas aulas de Educação Física, visto o pouco material que possa popularizar estratégias pedagógicas de abordagem do tema. Observa-se, a partir disso, a tecnologia como uma aliada nesse processo, assertiva corroborada pelo fato de que a experiência de construção do material apresentada neste escrito só foi possível pela proximidade com os aparatos tecnológicos digitais. Dito isto, esse estudo objetiva descrever o processo de construção de um recurso educacional digital - RED (BATISTA, 2021) como possibilidade para o ensino reflexivo do Carimbó e suas relações de gênero. Para tanto, temos uma abordagem qualitativa ancorada na pesquisa descritiva (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

PASSOS DA CONSTRUÇÃO
Incentivados pelo processo avaliativo da disciplina de Práticas Curriculares II, cujo foco estava na construção de um RED que transversalizasse alguma unidade temática da Educação Física presente na Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018) com as questões de gênero, decidimos pela criação de um vídeo interativo. O material continha 3 minutos de duração e trazia em seu conteúdo uma breve história do carimbó e suas influências. Além disso, o RED foi desenvolvido através de interação simultânea, isto é, possibilita a quem assiste responder questões na própria interface do vídeo, propiciando a análise dos conhecimentos prévios a respeito da cultura de movimento, engajamentos e noções de gênero, principalmente, o binarismo presente na dança.
O conteúdo foi criado a partir das funções livres de duas plataformas online. A priori, com o Powtoon© , abordamos a história do Carimbó, seu sincretismo cultural e, por fim, as questões de gênero que envolvem a dança. Em cada tópico listado, já com o vídeo completo, utilizamos o Vizia© para gerar a interação. Com este fizemos perguntas de conhecimentos prévios sobre a dança e sua história, um jogo disponível na própria interface sobre os instrumentos, além de um quiz sobre os desafios de realizar os rituais como brincadeira.
Na criação do material, levamos também em consideração a adequação ao objeto legal que rege a educação básica brasileira. Por isso, procuramos responder às habilidades presentes na BNCC (BRASIL, 2018, p. 229) direcionadas às turmas de 3º a 5º anos do ensino fundamental, que tratam em seus objetos de conhecimento as danças do Brasil e de matrizes africanas e indígenas .

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa experiência nos mostrou as possibilidades de como abordar danças de matrizes indígenas e africanas com auxílio de REDs, além das possibilidades no que tange as injustiças de gênero e raça dentro e fora da escola. Dessa forma ampliamos o acervo cultural dos alunos e, transversalmente, as suas noções de gênero e sexualidade, abarcando, desse modo, as habilidades pensadas para esse objeto do conhecimento, segundo a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018).