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CULTURA CORPORAL EM VERSOS: A EXPERIÊNCIA DO LABHIC
Mariana Gatto Lemos de Souza dos Santos, Renato Sarti

Última alteração: 2021-09-03

Resumo


VERSOS INICIAIS
O presente relato de experiência tem como pontos de partida as histórias infantis e a Cultura Corporal. No primeiro, toma-se a perspectiva das obras literárias especificamente
destinadas ao público infantil. Experimentando um caminho sinuoso, partindo do caráter fortemente moralizador e avançando para um olhar mais artístico sobre o seu papel, as
histórias infantis têm cada vez mais reduzido seu aspecto enquanto ferramenta a serviço da instrução moral, enquanto têm introduzido, pouco a pouco, a função de entretenimento e
deleite (AMARILHA, 2000; LAJOLO e ZILBERMAN, 2007; QUEIROZ, 2014).
Como segundo ponto de partida, compreende-se a Cultura Corporal (jogos, brincadeiras, lutas, danças, esportes e ginásticas) como objeto de estudo da Educação Física escolar (SOARES et al, 1992). Nessa perspectiva, no contexto de desenvolvimento do Laboratório de Histórias Infantis e Cultura Corporal (LabHIC), vinculado a dois projetos de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o presente trabalho tem por objetivo apresentar e refletir sobre a produção das histórias infantis em diálogo com a Cultura
Corporal.

AS HISTÓRIAS INFANTIS E A CULTURA CORPORAL
Dentro das produções do LabHIC, ganha destaque no presente trabalho o livro denominado “Os Fusquinhas em ritmos diversos”, onde são narradas as aproximações de três
personagens com as danças, importantes manifestações da Cultura Corporal. A primeira história do referido livro tem nome e sobrenome: “Marcelinho do Passinho”. A história conta com construções poéticas que narram as viagens do personagem Marcelinho pelos diferentes cantos do Brasil, onde experimenta as danças regionais (Frevo, Carimbó, Chula e Cateretê) até reconhecer sua favorita - o Passinho, no Sudeste do país.
[...] O viajado dançarino no Sudeste pousou
Teve seu corpo desenhado pelo Passinho
E pelo ritmo de cara se apaixonou
Na manha, seus pés rabiscaram na cruzada
E o coração pulsou forte com as batidas
Deixando sua pele todinha arrepiada [...]
(SANTOS, 2021, p.20)

A sequência do livro abre espaço para a poesia “O diário da avó de Analu: Jongo, Batuque e Caxambu”, que conta as importantes descobertas a respeito do Jongo feitas por
Analu ao encontrar o diário de sua avó. A história levanta alguns aspectos sobre a referida manifestação cultural, apresentando-a enquanto uma interlocução de dança, música e memória ancestral.

[...] Com o pé descalço se dança o Jongo
E cantam “A Serrinha é um Quilombo”
Nossa cultura a escravidão não apagou
Eu digo: Machado! Cativeiro acabou!
(SANTOS, 2021, p.21)

Por fim, a terceira história, intitulada “A Escola de Samba de Analiz”, aborda o samba e a escola do coração da personagem Analiz. Entre o sonho e a realidade, a poesia apresenta um pouco das alas do desfile carnavalesco, além de imprimir nos refrões as importantes figuras relacionadas à Estação Primeira de Mangueira - Nelson Sargento, Jamelão, Dona Zica e Cartola.

[...] Dudu e Bia levam a bandeira pela mão
De porta-bandeira e mestre-sala
Apresentam o mais bonito pavilhão
A bateria é o verdadeiro coração
Lá sempre sai o Gegê da Farmácia

01

Conduzindo o ritmo de repique na mão [...]
(SANTOS, 2021, p.21)

VERSOS FINAIS
Em suma, as três composições poéticas que integram o livro “Os Fusquinhas em ritmos diversos” buscam aproximar a Cultura Corporal, representada pelas danças
historicamente construídas, ao universo infantil. No livro, ganham destaque o Passinho, o Jongo e o Samba, bem como seus aspectos históricos e movimentações características. Além disso, as poesias tornam latente a preocupação a musicalidade dentro dos versos, ora por rimas intercaladas ou emparelhadas, ora pelo uso de refrãos. Logo, no encontro entre as histórias e a Cultura Corporal, tornou-se latente a possibilidade de propostas de tematização compromissadas com a não instrumentalização dos textos, apontando para as três produções como objetos de estudo da Educação Física escolar.

Referências


AMARILHA, M. Infância e literatura: traçando a história. Revista Educação em Questão, v. 11, n. 2, p. 126-137, 15 Jun. 2000. Disponível em: . Acesso em: 28 Abr. 2021.

LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: história e histórias.
São Paulo: Ática, 2007.

QUEIROZ, H. A literatura em jogo: suas faces, máscaras, metáforas. In: CORSINO, Patrícia (Org.). Travessias da literatura na escola. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2014.

SANTOS, M. Histórias infantis, Educação Infantil e a Cultura Corporal em versos. Orientador: Renato Sarti. 2021. 27 f. TCC (Graduação) – Licenciatura em Educação Física, Escola de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

SOARES, C. L. TAFFAREL, C. VARJAL, E. CASTELLANI FILHO, L. ESCOBAR, M. O. BRACHT, V. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

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