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Atividades remotas com danças urbanas
Mário Luiz Ferrari Nunes, Jaqueline Bisse, Vítor Lovato, Sarah Rodrigues, Vinícius Reis, Juan Quintana

Última alteração: 2021-09-04

Resumo


INTRODUÇÃO
Este relato de experiência, ocorrido no âmbito do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), descreve as atividades remotas acerca da tematização das danças urbanas. O trabalho ancorou-se em alguns dos encaminhamentos didático-metodológicos do Currículo Cultural (CC) de Educação Física (NEIRA; NUNES, 2009), com turmas do 4º do ensino fundamental I, em uma escola municipal de educação integral.
Realizaram-se ações de mapeamento dos saberes dos alunos, vivências diversas, elaboradas e solicitadas pela docente e bolsistas, mediante a cartografia traçada entre vários territórios: os saberes dos alunos, os códigos e linguagens das danças urbanas contemporâneas, as conjunturas das aulas - delimitadas pela atividade remota e pelas condições de acesso e de execução por parte dos discentes. Compôs a produção do mapa, os efeitos produzidos pelas várias problematizações suscitadas pelas atividades de vivência, leitura da gestualidade, ampliação e registros.

CAMINHOS TRAÇADOS
O tema da escola pautou a vida saudável frente às adversidades do período. Com base nas epistemologias do CC, dentre elas as filosofias da diferença, buscou-se na noção de grande saúde, de Friedrich Nietzsche (2012), outras formas de pensar a saúde na prática pedagógica. Trata-se de cinco ideias para o homem superar a si mesmo. Para o filósofo alemão, acima de tudo, deve-se fugir de todas as interpretações negativas que nos cercam. Propõe que cada um deve ser senhor de sua grande saúde e para isso deve-se explorar o maior número de vivências para estar sempre atento ao próprio estado em que se encontra, para conhecer a si próprio, cuidar de si e exercitar-se nessa arte. Nada mais apropriado para enfrentar a dureza da vida, ainda mais em tempos pandêmicos.
Nas linhas traçadas pelo mapeamento inicial, observamos o acesso de alguns alunos ao aplicativo Tik Tok, do qual extraíam danças diversas para prática. Em que pese muitas crianças não praticarem nenhuma dança, outras dançam o samba, algumas as do movimento Hip Hop e o balé.
A fim de evitar o daltonismo cultural (NEIRA;NUNES, 2009), os alunos fizeram atividades diversas, conforme as possibilidades e saberes de cada um. As tarefas foram encaminhadas por meio de encontros virtuais no google meet e comunicados escritos por plataforma google sala de aula. Os alunos as realizavam de forma assíncrona e as devolviam por meio de textos, desenhos, fotografias e vídeos, sendo que em alguns desses continham a apresentação da própria criança dançando. A professora as comentava e partilhava com as demais.
Teve aluno que pesquisou os movimentos de várias danças urbanas e apresentou para a turma como: popping, breaking, vogue, tutting, locking, house dance, waacking. Outro relatou que a Tutting Finger Dance, que se caracteriza por gestos feitos com as mãos, teve inspiração na arte do Egito Antigo e foi desenvolvida nos Estados Unidos e compõe a diversidade das danças urbanas. Aprenderam também que o termo "danças urbanas" substituiu o termo "dança de rua", visto que esse, além de produzir preconceitos, não congregava as danças que são feitas em outros espaços da cidade como academias, salões. Informaram que um dançarino, chamado Storm, propôs a mudança, a fim de veicular a prática em escolas, competições e festivais.
Essas atividades contribuíram para que as crianças enunciassem seus aprendizados, como: "existem danças diferentes; são expressões de modos de vida; qualquer movimento pode compor a gestualidade; é possível inventar movimentos com todo o corpo; dançar faz bem e produz boas sensações". Incentivados a praticarem em casa e questionados em outros momentos acerca das suas percepções, relatassem sentimentos diversos tais como felicidade, diversão, entusiasmo, vergonha, mas teve quem achou chato e quem não quis dançar nada. Alguns relataram que ao dançar é possível se divertir, sentir-se leve, livre, confusa, com o coração "batendo forte".

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos eventos indica que mesmo diante das condições desfavoráveis para a vivência das práticas corporais, impostas pelas políticas médico-sanitárias de isolamento social, observou-se que os estudantes ao partilharam, ampliaram e produzirem saberes acerca do tema, puderam acessar diversas formas de fazer e dizer acerca das danças e seus praticantes, atribuindo-lhes sentidos diversos como práticas de lazer, para a promoção de bem-estar, competição, apreciação, profissão. Perceberam que dançar ou assistir alguém dançando traz boas sensações ao viver o instante, esquecer os males da vida e vivê-la, mesmo que por alguns minutos, intensamente, favorecendo a grande saúde.

Referências


NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação Física, Currículo e Cultura. Phorte: São Paulo, 2009.
NIETZSCHE, F. W. A Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2012

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