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INTRODUÇÃO
O trabalho se refere à continuidade da pesquisa matricial acerca da produção do conhecimento sobre a Educação do Campo no Brasil (1987 a 2009). A Educação do campo, se situa no conjunto dos estudos pedagógicos, dentre as pedagogias contra hegemônicas (SAVIANI, 2008a), em especial, nas “pedagogias dos movimentos sociais” enquanto uma “pedagogia do campo” (SAVIANI, 2008b). Justifica-se com o aprofundamento da contradição entre capital e trabalho, o avanço da destruição das forças produtivas em nível planetário, que no Brasil se expressa no campo com o avanço do Agronegócio; dos crimes ambientais, dos assassinatos, do fechamento de escolas, da destruição de programas de formação inicial e continuada no campo, da destruição de legislações protetivas dos povos e dos territórios dos povos do campo, etc. O objetivo é investigar, em uma primeira etapa, a prevalência de estudos em nível de teses e dissertações no Brasil sobre a Educação do campo, e em uma segunda etapa, operar com análises específicas acerca dos fundamentos teórico-filosóficos, propostas de formação defendidas, possibilidades pedagógicas desenvolvidas.

METODOLOGIA
Quanto à metodologia, como citérios de análise, nos pautamos em Caldart (2010) que sintetiza seis pontos sobre a constituição originária da Educação do Campo: 1) como crítica; 2) os Movimentos Sociais como protagonistas; 3) continua uma tradição pedagógica emancipatória; 4) afirma das escolas do campo; 5) se relaciona com a luta de classes; 6) se vincula à Política Pública. Caracteriza-se como estudo epistemológico, com o método Materialista Histórico e Dialético, que relaciona as estruturas lógicas das pesquisas às suas determinações históricas (SÁNCHEZ GAMBOA, 2007; KOPNIN, 1978).

RESULTADO E DISCUSSÕES
Tomando como ponto de partida o estudo de Albuquerque (2011), apresentamos os resultados iniciais. Em 2011 foram localizados 433 estudos que tratam da educação no meio rural, localizados no banco de teses e dissertações da capes a partir das expressões exatas – educação do campo; educação no campo; educação rural e escola rural. Atualmente, o banco de dados da capes foi desestruturado e toda a produção migrou para a BDTD (biblioteca digital de teses e dissertações). Houve uma alteração de layout, mas os critérios de busca puderam ser retomados.
Em 2021, um levantamento dos estudos desenvolvidos entre 2010 e 2020, partir da expressão exatas Educação do Campo de Educação do campo, resultou em um levantamento inicial a partir dos títulos, de 335 estudos: 236 dissertações e 99 teses. Quanto à busca pela expressão exata Educação Rural nos títulos, resultou em 20 estudos, 16 dissertações e 4 teses. Eis a primeira constatação: vem decrescendo o uso desse descritor (palavra-chave), ficando evidente que a expressão Educação do Campo passa a abranger quase que a totalidade dos estudos que se referem à educação dos povos do campo (BRASIL, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os primeios resultados reforçam a necessidade de análises aprofundadas acerca dos estudos sobre Educação no Campo no Brasil, tendo em vista a hipótese de apropriação a-histórica, que exclui a luta de classes, e esvazia a formação do trabalhador do campo, por uma parte significativa dos mesmos, pois agora, a Educação do Campo aparece como descritor hegemônico, incluindo todas as tendências teóricas se valendo desta mesma expressão. Seu uso deve-se provavelmente à incorporação das normatizações oficiais, e não dada a uma reafirmação da posição política defendida pelos movimentos sociais em luta como se dava antes.